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Estado de Minas

'CIA' alimenta manifestantes em Bangcoc


23/10/2020 09:55

Sua capacidade surpreendente de chegar aos locais dos protestos antes dos manifestantes pró-democracia e da polícia rendeu o apelido de "CIA" aos vendedores ambulantes de comida de Bangcoc.

Em uma tentativa de burlar o estado de emergência decretado na semana passada pelo governo, e suspenso na quinta-feira, os manifestantes anunciam em cima da hora os locais e o horário dos protestos em diferentes pontos da capital. E os vendedores sempre estão nas manifestações.

Rattapol Sukpa, que vende almôndegas de carne, monitora o Facebook e portais de notícias para saber o mais rápido possível sobre as convocações de protestos.

"Antes eu faturava bem, mas se vende muito mais nas manifestações", explica à AFP o jovem de 19 anos. Desde o início do movimento em julho, os negócios melhoraram e o ritmo diário de trabalho está mais equilibrado.

"É melhor vender nas manifestações, porque geralmente eu parava de trabalhar meia-noite, mas agora posso voltar para casa às 20h, com tudo vendido", completa.

Os manifestantes exigem a renúncia do primeiro-ministro Prayut Chan-O-Cha, um general que chegou ao poder após um golpe de Estado em 2014 e foi legitimado por eleições polêmicas no ano passado.

Também desejam uma revisão da Constituição, que consideram muito favorável ao Exército, e ousam pedir uma reforma da poderosa e rica monarquia, um tema considerado tabu no país por muitos anos.

À margem das manifestações acontece uma verdadeira festa gastronômica. O menu inclui pequenas salsichas redondas - uma especialidade das províncias do nordeste - que são fritas e servidas com repolho, cachorro-quente, sopas, bebidas, ou frutas marinadas.

Alguns vendedores ambulantes instalam pequenas cozinhas em suas motos.

Vender para milhares de pessoas gera lucro, afirma Anucha Noipan, de 21 anos, que oferece frango frito.

Ele faturava US$ 97 por dia, mas desde que começou a vender nas manifestações elevou o faturamento para 6.000 bahts (US$ 190) por jornada.

Anucha, um dos recém-chegados ao negócio, afirma que concorda com as demandas do movimento e não quer vender suas mercadorias em manifestações rivais organizadas por partidários da monarquia.

"Não tenho as mesmas ideias dos Camisas Amarelas" (como são conhecidos os partidários da monarquia), declarou.

A tensão aumentou na semana passada com o uso de jatos d'água para dispersar uma manifestação e dezenas de detenções.

Ao lado das coxas de frango na frigideira, Nattapol Sai-ngarm afirma estar ciente dos riscos. Mas a crise econômica que a pandemia covid-19 gerou não permite escolha.

"Eu tinha medo da repressão da polícia, mas agora venho todos os dias e me acostumei", conta à AFP.


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