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Estado de Minas

Combates continuam em Nagorno-Karabakh; Turquia insiste em apoio a Baku


06/10/2020 10:31

Armênios e azerbaijanos continuam os combates pelo controle da região separatista de Nagorno-Karabakh, com a Turquia conclamando o mundo a apoiar o Azerbaijão, apesar dos pedidos de trégua e do número de vítimas civis.

Contra a maré da comunidade internacional, o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, em visita a Baku nesta terça-feira (6), pediu "apoio" ao Azerbaijão, um país de língua turca que Ancara tem incentivado desde o reinício das hostilidades em 27 de setembro pela conquista militar de Nagorno-Karabakh.

Ele questionou abertamente a utilidade de um cessar-fogo: "O que acontecerá depois, a Armênia vai se retirar imediatamente dos territórios do Azerbaijão?".

Esta visita ocorre depois que Paris, Moscou e Washington, mediadores deste conflito desde os anos 1990, descreveram a crise como "uma ameaça inaceitável à estabilidade da região".

Uma escalada pode ter consequências imprevisíveis, dado o número de potências concorrentes no Cáucaso: Rússia, Turquia, Irã e os ocidentais.

Baku e Yerevan se acusaram nos últimos dias de aumentar deliberadamente os bombardeios em áreas urbanas habitadas, em particular na capital dos separatistas, Stepanakert, e na segunda cidade do Azerbaijão, Gandja.

Jornalistas da AFP viram muitas casas destruídas por foguetes em ambos os lados e recolheram testemunhos sobre isso.

Nesta terça-feira, o porta-voz do Exército armênio anunciou que 21 combatentes de Karabakh foram mortos nos combates durante o dia, sem dar mais detalhes.

A calma reinava, no entanto, pela manhã em Stepanakert. Aproveitando esse descanso, os moradores saíram de seus abrigos para estocar alimentos. Outros, para constatar os danos, às vezes impressionantes.

Já Gaïane Sarkissian, uma professora de 42 anos, decidiu deixar a cidade com seu filho e sua mãe de 64 anos.

"A sirene soou duas vezes esta manhã. Houve duas explosões na periferia por volta das nove horas. Não sei o que foi. Nos abrigamos e decidimos ir embora", disse ela, a caminho da Armênia.

- Combates entram no 10º dia -

Em um comunicado matinal, o Ministério da Defesa do Azerbaijão afirmou ter infligido "pesadas perdas de vidas e equipamentos militares" ao adversário e "forçado-o a se retirar".

O presidente da autoproclamada República de Karabakh, Arayik Haroutiounian, assegurou, porém, que seu Exército "cumpriu com sucesso suas tarefas", acrescentando que "está tudo sob controle".

No décimo dia de combates, nenhum dos lados parece ter ganhado uma vantagem decisiva sobre o outro.

Habitada principalmente por armênios cristãos, Nagorno-Karabakh se separou do Azerbaijão, um país xiita, após a queda da URSS. Esse movimento levou a uma guerra no início da década de 1990 que deixou 30.000 mortos.

O "front" está quase congelado desde o cessar-fogo em 1994, apesar de confrontos regulares.

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, cujo país rico em petróleo gastou abundantemente em armamentos modernos nos últimos anos, prometeu retomar Karabakh. Ele descartou uma trégua sem a retirada militar armênia da região e sem um pedido de "desculpas" do primeiro-ministro armênio, Nikol Pachinian.

Ilustração da animosidade existente, ele chamou seus adversários de "cães".

Yerevan e Baku até agora ignoraram os apelos por um cessar-fogo da comunidade internacional, incluindo da Rússia, a potência regional.

O Azerbaijão conta, por sua vez, com o apoio inequívoco do turco Recep Tayyip Erdogan.

O balanço de 286 mortos desde o início do conflito permanece parcial.

O Azerbaijão, que não anuncia as baixas entre seus soldados, menciona a morte de 46 civis, enquanto Karabakh relatou que 240 soldados e 19 civis perderam a vida.

Os dois campos dizem, no entanto, ter matado de 2.000 a 3.500 soldados inimigos e rejeitam a responsabilidade pelas hostilidades.

A Turquia é acusada de agravar o conflito, ao encorajar Baku a partir para uma ofensiva militar, e é suspeita de ter enviado mercenários sírios para Karabakh. Dezenas deles teriam sido mortos.

Embora a Rússia mantenha boas relações com os dois beligerantes, continua mais próxima da Armênia, que pertence a uma aliança militar dominada por Moscou.

O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a pedir, na noite de segunda-feira, o fim "imediato" dos combates, durante uma conversa com o líder armênio.

E, nesta terça, a Anistia Internacional denunciou que bombas de fragmentação - artefatos que se abrem no ar e despejam uma série de projéteis e que são proibidas desde 2010 por uma convenção internacional - têm sido usadas em Stepanakert.

A ONG "corroborou" informações sobre o uso dessas armas, denunciadas por vídeos publicados por fontes armênias no fim de semana.

Especialistas "conseguiram localizar as áreas residenciais de Stepanakert, onde essas imagens foram tiradas, e identificaram munições de fragmentação M095 DPICM de fabricação israelense, que parecem ter sido disparadas por forças azeris", disse a AI.

Israel é um grande fornecedor de armas para o Azerbaijão.

"O uso de munições de fragmentação é proibido em todas as circunstâncias pelo Direito Internacional Humanitário", ressaltou o diretor para o Leste Europeu e Ásia Central da Anistia, Denis Krivosheev, citado no comunicado à imprensa.


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