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Estado de Minas

Documentários abordam prisão e deportação de imigrantes a um mês das eleições americanas


05/10/2020 20:55

Há oito anos, dois jovens sem documentos fizeram algo impensável: deixaram que guardas os prendessem na fronteira americana, para se infiltrarem em um centro de detenção privado na Flórida, com o objetivo ambicioso de impedir as deportações estando dentro do local.

A um mês de eleições em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, busca o segundo mandato para continuar sua agenda anti-imigração, o documentário "Los Infiltrados" fala sobre a "fuga ao contrário" desses ativistas na televisão pública nacional, a PBS.

"Uma das questões centrais deste filme é qual liberdade, poder e dignidade os migrantes devem ter neste país, também uma das questões desta eleição", explica o cineasta peruano-americano Alex Rivera à AFP, que co-dirige esse documentário com sua mulher, Cristina Ibarra, uma americana de origem mexicana.

- 'Um 'Onze Homens e um Segredo' da imigração' -

"Os direitos da população que não possui documentos nos Estados Unidos talvez nunca tenham sido um tema tão em alta e tão importante como agora", afirma Rivera, que descreve o filme como a história de um grande golpe, "um 'Onze Homens e um Segredo' da imigração".

O ex-presidente democrata Barack Obama foi chamado de "deportador-em-chefe" por causa dos 3,2 milhões de imigrantes que expulsou do país entre 2009 e 2016, política que foi "um grande erro", diz hoje Joe Biden, seu ex-vice-presidente e adversário de Trump nas eleições presidenciais de novembro.

A maior cifra anual de deportações sob o governo Trump (337 mil em 2018) é menor do que o recorde de Obama (mais de 400 mil anualmente de 2012 a 2014), segundo o Pew Research Center.

Trump não cumpriu até o fim sua promessa de construir um muro com o México ou de deportar 3 milhões de pessoas sem documentos (expulsou menos da metade), mas, durante seu governo, a polícia migratória ICE ampliou seu poder de deter estrangeiros.

As prisões na fronteira com o México aumentaram mais de 50% em 2019 devido à chegada de mais famílias, a população de imigrantes sem papéis presos no país cresceu fortemente e foram impostas medidas para desestimular o pedido de asilo.

"Los Infiltrados" - que também poderá ser visto até 5 de novembro no site pov.org (Point of View), programa da PBS para filmes independentes de não-ficção - conta a história verídica de dois membros da Aliança Nacional de Jovens Imigrantes, um grupo de radical de "Dreamers".

O documentário é baseado em material documental e remontagens do que aconteceu dentro do centro de detenção do condado de Broward, na Flórida. O objetivo é que o público possa assistir a "uma boa história" e, ao mesmo tempo, "ver uma questão conflituosa sob uma nova luz", com imigrantes que são "agentes do seu próprio destino", disse Cristina Ibarra à AFP.

"Desde 2012, seguimos assistindo a injustiças contra o povo imigrante. Agora, as condições nos centros de detenção são, inclusive, piores, devido à pandemia", assinalou um dos "infiltrados", Marco Saavedra, hoje com 30 anos e que trabalha no restaurante mexicano da família no Bronx, em Nova York, enquanto aguarda asilo político.

Outro protagonista do filme, o argentino Claudio Rojas - que os "infiltrados" buscavam libertar da prisão - foi preso novamente após a exibição do filme no Festival de Sundance em 2019, e deportado a uma semana da estreia do documentário na Flórida. "Foi horrível (...) Foi como reviver o filme, mas com a gente dentro", contou Cristina Ibarra.

- O ICE por dentro -

Uma série de seis capítulos lançada em agosto na Netflix, chamada "Immigration Nation" - dirigida pelos americanos Christina Clusiau e Shaul Schwarz - oferece um olhar diferente sobre a máquina de deportação policial de imigração durante o governo Trump.

Por dois anos e meio, os cineastas obtiveram permissão para acompanhar agentes do ICE em suas prisões de imigrantes que não possuem documentos.

Ao New York Times, os diretores relataram terem sido intimidados pelo ICE a atrasar o lançamento até depois da eleição e tirar cenas importantes, como quando agentes mentem para entrar na casa de imigrantes sem documentos e prendê-los.

No entanto, o governo não conseguiu, por causa do contrato assinado entre o ICE e os cineastas antes das filmagens.

O ICE nega as acusações e afirma que só negociou com os cineastas dentro dos limites do contrato.

Os dois documentários se somam a outros lançados nos últimos anos, como "Living Undocumented" (Netflix), com histórias de famílias que enfrentavam a deportação em 2018, ou "Torn Apart: Separated at the border" (HBO), sobre o impacto da política de "tolerância zero" de Trump, que separou crianças de seus pais que não tinham documentos.


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