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Estado de Minas

Militar aposentado disse que matou e torturou em vários países durante ditadura no Uruguai


01/09/2020 20:55

Um coronel preso por crimes na ditadura uruguaia (1973-85) admitiu ter assassinado, sequestrado e torturado inúmeras pessoas em diversos países, segundo documentos oficiais de 2006 divulgados nesta terça-feira (1).

"Já executei inúmeras pessoas, sequestradas e pressionadas em vários países, sendo parabenizado pelo alto comando do Exército durante o processo e na democracia até o ano passado inclusive", escreveu em 2006 o coronel aposentado Gilberto Vázquez em carta de próprio punho assinada.

A mensagem foi revelada em coletiva de imprensa da organização Mães e Parentes de Detidos Desaparecidos no Uruguai, após acesso às atas de um tribunal de honra do Exército realizado em 2006.

Ignacio Errandonea, integrante da organização, informou que, de acordo com os documentos obtidos, o tribunal encaminhou aquela carta ao então comandante do Exército, Carlos Díaz, para avaliar se aquilo configurava crime.

Díaz, porém, ordenou ao tribunal que continuasse com seu processo, alegando que "os crimes que se presumem decorrer das declarações" seriam "comunicados na oportunidade certa" ao então ministro da Defesa.

O tribunal "considerou o senhor Gilberto Vázquez culpado de ter ofendido a honra (militar) por ter usado uma peruca" para escapar da prisão e quebrar sua palavra, "mas não por todas as barbaridades que ele confessa. Onde está a honra destes generais?" questionou Errandonea. Segundo ele, os fatos foram escondidos do Ministério e da Justiça.

A organização Mães e Parentes trouxe à luz pela primeira vez na última sexta-feira a ata do julgamento de 2006, no qual Gilberto Vázquez admitiu ter cometido crimes contra a humanidade durante a ditadura.

"Tive que matar, matei e não me arrependo. Tive que torturar e torturei", disse o coronel aposentado na época, condenado em 2006 a 25 anos de prisão pelas mortes de 28 uruguaios capturados em 1976 na Argentina.

Vázquez compareceu perante o tribunal após fugir de um hospital militar para onde foi ao fingir estar doente para deixar o quartel onde estava detido. Ele aguardava uma possível extradição para a Argentina para ser julgado pelos crimes cometidos na ditadura.

Os documentos foram obtidos pela organização a partir de uma solicitação de acesso a informações públicas feita ao Ministério da Defesa.

Sua publicação colocou foco no primeiro governo de Tabaré Vázquez (2005-2010), do partido de esquerda Frente Amplio (FA), já que como presidente foi ele quem assinou a homologação dos autos. No entanto, a informação nunca havia sido divulgada ou enviada aos tribunais até agora.


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