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Estado de Minas

Oposição desafia o partido governista em Montenegro após eleição acirrada


31/08/2020 07:55

O partido pró-ocidental de Montenegro pode perder o poder pela primeira vez em três décadas, após eleições legislativas acirradas que deixaram a formação em primeiro lugar, mas que abrem a porta aos partidos de oposição.

O Partido Democrático dos Socialistas (DPS) do presidente Milo Djukanovic venceu as eleições com 35% dos votos, seu pior desempenho desde que o país conquistou a independência da Sérvia em 2006, de acordo com os resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira.

A principal aliança de oposição pró-sévia conseguiu 32,5% dos votos, à frente de outros dois partidos de oposição, que receberam 12,5 e 5%, de acordo com a apuração de 98% das urnas.

Uma projeção da comissão independente CeMi aponta 41 cadeiras para os três principais partidos de oposição, em um Parlamento de 81 deputados.

Desta maneira, caso os rivais pró-sérvios de Djukanovic estabeleçam uma aliança com os outros dois partidos de oposição a união poderia provocar a queda do DPS, o que representaria um terremoto político para a pequena nação do Mar Adriático.

O DPS nunca perdeu eleições e Djukanovic liderou o país de menor população dos Bálcãs (620.000 habitantes) à independência, à Otan em 2017 e às negociações com a União Europeia (UE).

Mas este ano o partido enfrentou o desafio da extrema-direita e dos pró-sérvios, que desejam reforçar as relações de Montenegro com Belgrado e Moscou.

Um terço da população de Montenegro se considera sérvia e a Igreja Ortodoxa Sérvia (SPC) continua sendo a principal instituição religiosa, o que dificulta dos debates sobre identidade.

Djukanovic, de 58 anos, governa Montenegro quase sem interrupção desde o fim da era comunista no início da década de 1990. Alguns o consideram um reformista dinâmico. Para outros ele é um autocrata corrupto.

"O DPS é o partido mais forte de Montenegro", declarou o presidente no domingo à noite.

Ele afirmou que o partido conquistaria 40 cadeiras com os aliados aliados tradicionais. "A luta pela maioria continua", admitiu.

- "O regime caiu" -

O líder da coalizão opositora pró-sérvia, Zdravko Krivokapic, não hesitou em proclamar a queda do DPS.

"O regime caiu", declarou à imprensa.

Simpatizantes da oposição saíram às ruas de Podgorica, sem respeitar as regras de trânsito e utilizando fogos de artifício. Eles se concentraram diante da principal igreja ortodoxa da capital.

Os líderes de outros partidos da oposição também se mostraram entusiasmados. "A máfia não vai mais comandar Montenegro", afirmou Dritan Abazovic, do Partido Liberal.

Mas ainda é preciso observar se a oposição, que vai das forças nacionais sérvias de extrema-direita até um campo de inspiração cívica e liberal, consegue estabelecer uma aliança viável.

Milo Djukanovic, que está em seu segundo mandato como presidente depois de quatro como primeiro-ministro, não será submetido ao teste das urnas até as eleições de 2023.

A campanha eleitoral se concentrou na divisão entre Djukanovic e a igreja ortodoxa sérvia, além dos debates sobre identidade.

A disputa explodiu no fim de 2019 com a aprovação de uma lei sobre a liberdade de religião que abre o caminho para que o Estado assuma o controle de centenas de igrejas e mosteiros administrados pela igreja ortodoxa sérvia, majoritária em Montenegro e com sede em Belgrado.

A adoção da nova lei provocou manifestações em forma de procissões, lideradas por autoridades religiosas e apoiadas pela oposição.

Montenegro é o país dos Bálcãs mais avançado nas negociações para entrar na União Europeia, mas Djukanovic enfrenta há algum tempo acusações de corrupção, controle sobre o Estado e de vínculos com o crime organizado.


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