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Estado de Minas

Boca-de-urna indica empate entre situação e oposição nas legislativas de Montenegro


30/08/2020 19:13

O partido do presidente pró-Ocidente de Montenegro Milo Djukanovic estaria praticamente empatado com a oposição pró-sérvia nas eleições legislativas deste domingo (30), segundo pesquisas de boca-de-urna.

O Partido Democrático dos Socialistas (DPS), chefiado por Djukanovic, e que nunca perdeu eleições neste país dos Bálcãs, teria 34,7% dos votos, mas seria seguido de perto pela coalizão opositora pró-sérvia, com 33,1%, segundo pesquisa da comissão independente CeMi.

Segundo resultados parciais, o DPS obteria 29 deputados, de um total de 81, enquanto a lista pró-sérvia teria 28.

Se a tendência se confirmar, a futura maioria dependerá de pequenos partidos, entre os quais está outra formação pró-sérvia, que pode ter um papel-chave em acordos hipotéticos.

O DPS nunca perdeu uma eleição e Djukanovic conduziu o país menos populoso dos Bálcãs (de 620.000 habitantes) à independência da Sérvia, em 2006; à OTAN, em 2017; e às portas da União Europeia (UE).

Mas agora, o confronto nas urnas com uma oposição de direita pró-Sérvia, favorável ao fortalecimento dos laços com Belgrado e com Moscou, parece difícil. No Parlamento que encerra a legislatura atual, ele já conta com uma escassa maioria.

A participação às 17h GMT (14h de Brasília), uma hora antes do fechamento das urnas, era de 75%, enquanto nas eleições anteriores, em 2016, 71% dos montenegrinos foram votar, segundo dados da comissão eleitoral.

Os eleitores tiveram que usar máscaras e respeitar as medidas de prevenção em uma votação marcada pelo impacto econômico da crise do novo coronavírus e uma campanha eleitoral tensa.

Djukanovic, de 58 anos, comanda Montenegro quase ininterruptamente desde o fim da era comunista, no início dos anos 1990. Alguns o consideram um reformista dinâmico. Outros, um autocrata corrupto.

Mas agora, o confronto nas urnas com uma oposição de direita pró-sérvia, partidária de estreitar laços com Belgrado e Moscou, se anuncia mais apertado. No Parlamento em fim de mandato já contava com uma maioria escassa.

Há tempos, Djukanovic enfrenta acusações de corrupção, de controle do Estado e de ligações com o crime organizado, mas a campanha eleitoral acabou se concentrando em outras questões: sua disputa com a Igreja Ortodoxa Sérvia (SPC) e debates sobre identidade.

A disputa eclodiu no final de 2019, com a adoção de uma lei de liberdade religiosa que abre caminho para que o Estado assuma o controle de centenas de igrejas e mosteiros administrados pela Igreja Ortodoxa sérvia. Maioria em Montenegro, sua sede é em Belgrado.

De acordo com o censo de 2011, quase 30% dos habitantes do país se declaram sérvios.

- Otimismo dos dois lados -

Após o anúncio das primeiras pesquisa de boca-de-urna, tanto os representantes do governo quanto os da oposição se mostraram otimistas.

"O regime caiu", afirmou Zdravko Krivokapic, líder da coalizão opositora pró-sérvia.

"Acho que esta noite comemoraremos uma vitória do DPS", declarou, por sua vez, a deputada governista Nela Savkovic Vukcevic.

A Igreja ortodoxa anunciou na noite deste domingo que "não está prevista nenhuma concentração organizada" pela instituição e pediu aos montenegrinos que fiquem em casa.

No entanto, a aprovação de uma nova lei sobre a liberdade religiosa levou a manifestações em massa em forma de procissão, lideradas por autoridades religiosas e apoiadas pela oposição.

Durante a campanha, o arcebispo Amfilohije, chefe da Igreja Ortodoxa sérvia de Montenegro, declarou na semana passada que a instituição "não tem partido", mas "naturalmente opta por aqueles que estão contra esta lei e defendem os lugares sagrados".

- "Ameaça à soberania" -

Djukanovic considerou isso uma "ameaça à soberania" e chamou a oposição de "infantaria política do grande nacionalismo sérvio".

Depois de votar, neste domingo, o presidente disse estar confiante em que sua legenda manterá a maioria, apesar das "tentativas, de fora de Montenegro, de gerar tensão".

A polícia assegurou ter descoberto planos para "ir às ruas com a finalidade de provocar distúrbios e alterar a ordem pública".

O alerta lembra as eleições legislativas de 2016, marcadas pela prisão de cerca de 20 ativistas que se opunham à adesão do país à OTAN. Eles foram acusados de planejar um golpe com o apoio da Rússia. Moscou negou à época.

O desemprego afeta 18% da população economicamente ativa e o salário médio é de 520 euros (620 dólares). As consequências da pandemia acertaram um golpe no setor do turismo, que gera quase um quarto do PIB nacional.

Montenegro é o país dos Bálcãs mais avançado nas negociações para aderir ao bloco europeu, mas a corrupção, a liberdade de imprensa e o crime organizado continuam a preocupar Bruxelas.

Entre a população, nota-se certo cansaço após quase três décadas sem alternância política.


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