(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Chuvas torrenciais alagam cidade paquistanesa de Karachi


29/08/2020 15:25

Nos últimos dias, Danial Haris e sua família tiveram de se mudar para o primeiro andar. Na megalópole de Karachi, onde moram, as chuvas das monções, juntamente com um planejamento urbano defeituoso e uma corrupção endêmica, inundaram a cidade - como acontece todos os anos.

Em sua casa, a água estagnada atinge a altura do joelho no térreo, danificando todos seus móveis.

"É a primeira vez que a casa fica inundada", lamenta este empresário, em torno dos 30 anos.

A culpa, segundo Haris, é um "prédio construído recentemente e de forma ilegal" no bairro, que "bloqueia a água da chuva".

"É nosso destino: as autoridades são indiferentes ao bem-estar das pessoas normais", desabafa.

Em todos os bairros da cidade, as mesmas cenas se repetem: os pedestres mal conseguem atravessar as ruas, às vezes com água até o tronco, e os carros são carregados pelas enchentes. Diante dessa situação, o Exército foi chamado como reforço.

Há tempos, as tubulações de esgoto estão bloqueadas por dejetos, já que a prefeitura não consegue coletar todo lixo dessa cidade de 20 milhões de habitantes.

As monções são intensas no sul da Ásia. E Karachi, ano após ano, acaba parcialmente submersa nas águas. Nos últimos dias, foi ainda pior, e os serviços meteorológicos registraram na cidade, na última quinta-feira (27), cerca de duas vezes o total da precipitação (230 mm) da média de julho-agosto (130).

Em um único dia, 18 pessoas morreram na cidade: afogadas, eletrocutadas, ou soterradas por escombros.

Em agosto, mais de 100 paquistaneses morreram, devido às monções, principalmente em Karachi.

A cidade, a primeira capital do Paquistão em 1947 após sua independência do Reino Unido e da partição com a Índia, "foi negligenciada desde que foi despojada de seu status", afirma Izharul Haq, uma figura da oposição local.

Em um país altamente descentralizado, "nem a província, nem o governo federal deram atenção ao desenvolvimento desta cidade, que é a salvação para o resgate financeiro do país", lamenta ele.

Povoada em 1947 por meio milhão de habitantes, Karachi viu sua população se multiplicar por 40 "sem investir em infraestruturas invisíveis (como saneamento básico) por mais de 30 anos", relata Nauman Ahmed, morador de Karachi e professor de Urbanismo.

"A cidade é um desastre. A corrupção flagrante e o nepotismo devastaram nossas agências de planejamento", critica Shamim Kazmi, ex-chefe de um comitê diretor municipal, para quem a salvação da cidade passaria por "uma burocracia honesta".

Os escândalos imobiliários são o pão de cada dia na cidade, com prédios construídos a golpe de subornos.

Embora a mudança climática reforce fenômenos naturais extremos - como tempestades e ciclones -, em Karachi, as enchentes são resultado de "uma catástrofe humana, não natural", apontou o especialista ambiental Imran Khalid.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)