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Estado de Minas

Revolta contra o racismo ressurge nos EUA com protestos e boicotes no esporte


27/08/2020 20:26

O caso de Jacob Blake, um cidadão negro alvejado por sete tiros à queima-roupa por um policial branco, reacendeu a fúria contra o racismo nos Estados Unidos, com novos protestos e um boicote do mundo esportivo.

Depois de três noites de protestos, que deixaram dois mortos na terça-feira, uma calma precária reinava em Kenosha, Wisconsin, norte do país, onde Blake foi baleado e a polícia exigiu respeito ao toque de recolher noturno.

"Agradeço a quem protestou pacificamente (na quarta-feira) e obedeceu o toque de recolher sem perder sua voz, nem o desejo de mudança diante da violência", disse o chefe de polícia de Kenosha, Daniel Miskins.

"A voz dessa gente não cai em ouvidos moucos. Escutamos o que estão dizendo", acrescentou.

Miskins falou depois de a violência ganhar as ruas de Kenosha e durante a qual um jovem de 17 anos, armado com um fuzil, matou dois manifestantes antes de ser detido.

Na quarta-feira à noite, centenas de pessoas voltaram a desafiar o toque de recolher imposto pelas autoridades e marcharam pacificamente pelas ruas desta cidade de 170.000 habitantes onde um policial deu sete tiros nas costas de Blake, de 29 anos, diante dos três filhos da vítima.

"Todo mundo está esperando que saíamos furiosos, que enlouqueceremos pela quarta noite, mas estamos fazendo um protesto pacífico como supõe-se que devemos fazer", disse à AFP Big Homie Trail, um músico que participou do protesto.

A noite foi mais caótica em Oakland, Califórnia, onde um tribunal foi atacado; e em Minneapolis, Minnesota, onde cerca de 20 estabelecimentos comerciais foram saqueados e vandalizados em meio a um rumor infundado de um novo ato de violência policial.

Essa cidade está à flor da pele desde 25 de maio, quando George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu asfixiado por um policial branco durante sua prisão. Essa morte violenta desencadeou uma onda de protestos a favor dos direitos civis sem precedentes em décadas.

- Boicotes no mundo do esporte -

O movimento havia diminuído nas últimas semanas, mas o caso de Jacob Blake reabriu as feridas. Embora tenha sobrevivido ao ataque policial, Blake corre sérios riscos de ficar paralítico, de acordo com sue advogado.

O autor dos disparos, o agente Rusten Sheskey, foi demitido, mas não foi nem detido, nem denunciado. A justiça federal anunciou uma investigação paralela à da justiça local.

As imagens dos disparos contra Blake provocaram uma mobilização sem precedentes no mundo do esporte, iniciada pelo time de basquete Milwaukee Bucks. Seus jogadores boicotearam uma partida e obrigaram a NBA a adiar vários outros jogos de quarta e quinta-feira.

A NBA espera retomar os jogos na sexta-feira ou no sábado, informou o vice-presidente da liga, Mike Bass.

"Exigimos uma mudança. Estamos fartos disso", escreveu no Twitter a estrela dos Los Angeles Lakers, LeBron James, pouco depois da decisão dos Bucks.

Segundo vários meios de comunicação, Lakers e Los Angeles Clippers votaram a favor de abandonar a temporada da NBA.

Já a tenista japonesa Naomi Osaka anunciou na quarta-feira que não jogaria a semifinal do torneio de Cincinnati, mas acabou voltando atrás após a organização do torneio adiar o jogar para sexta-feira. Jogos de futebol e beisebol também foram adiados.

- "Lei e ordem" -

Sem dizer uma palavra sobre Jacob Blake, o presidente Donald Trump optou por criticar os incidentes que aconteceram durante a manifestação.

Nesta quinta-feira, Trump fará seu discurso de aceitação da indicação do Partido Republicano para concorrer à reeleição em novembro. Protestos contra o mandatário são esperados. É considerado certo que Trump vá repetir seu lema, "Lei e Ordem".

Também estão previstos protestos em Washington, onde se espera igualmente que dezenas de milhares de pessoas participem na sexta-feira em uma manifestação pela igualdade no 57º aniversário do discurso histórico do líder dos direitos civis, Martin Luther King Jr.

Um dos organizadores do protesto, o emblemático ativista dos direitos civis Jesse Jackson, chegou a Kenosha para exigir que os policiais envolvidos no ataque contra Blake respondam criminalmente pelo incidente.

Em coletiva de imprensa, Jackson incentivou os americanos a votar nas próximas eleições "para acabar com o deserto moral no topo" do Estado e acusou Trump de ter "pouca inspiração de justiça e decência".

Jackson, um pastor batista, pediu aos manifestantes que mantenham a calma. "Não deixemos que os incêndios se tornem a imagem da campanha", concluiu.


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