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Estado de Minas

Novo protesto da oposição aumenta a pressão sobre presidente bielorrusso


17/08/2020 21:49

Milhares de partidários da oposição de Belarus se concentraram na noite desta segunda-feira (17) em uma nova manifestação após um dia tenso para o presidente Alexandre Lukashenko, que foi vaiado por operários em uma fábrica e confrontado com um movimento grevista crescente.

Pelo menos 5.000 pessoas protestaram à noite em Minsk, gritando "Fora!" ao chefe de Estado no poder desde 1994 e reeleito para um sexto mandato com 80% dos votos em uma eleição presidencial muito questionada em 9 de agosto.

A oposição, que no domingo reuniu mais de 100.000 pessoas na maior manifestação da história do país, denuncia fraudes maciças e pede que Lukashenko entregue o poder à líder da oposição, Svetlana Tijanovskaya, refugiada na Lituânia, e que se disse disposta a "assumir suas responsabilidades".

Os manifestantes de Minsk pediram a libertação dos "prisioneiros políticos" em frente a um centro de detenção da capital.

Também declararam apoio a Pavel Latushk, ex-ministro da Cultura e diretor do teatro acadêmico de Estado, suspenso na segunda-feira por ter pedido publicamente novas eleições e a saída de Lukashenko. Segundo a imprensa bielorrussa, vários membros de sua companhia se demitiram em solidariedade.

O apoio às reivindicações da oposição se multiplicam, em particular com greves em várias empresas estatais e setores industriais vitais para a economia do país. "Instamos a todos os coletivos de trabalhadores a se somarem à greve ilimitada, exigindo a demissão de Alexandre Lukashenko", declarou a equipe de campanha de Tijanovskaya.

- Desafiador -

Mais cedo, Lukashenko protagonizou um confronto tenso com trabalhadores em greve no dia seguinte a uma manifestação gigantesca para pedir sua renúncia.

Esta manhã, milhares de manifestantes se reuniram diante da fábrica de veículos pesados (MZKT) e da fábrica de tratores (MTZ) de Minsk, assim como em frente à sede da televisão governamental bielorrussa. Com bandeiras brancas e vermelhas, as cores da oposição, gritavam slogans contra o poder.

A visita do presidente à fábrica MZKT, aonde chegou de helicóptero, provocou um choque com trabalhadores que lhe gritaram "fora!", enquanto discursava e respondia perguntas.

"Obrigado, já disse tudo o que queria dizer. Podem dizer 'fora'", afirmou Lukashenko no final de seu discurso, visivelmente irritado.

O presidente insistiu que não abandonaria o poder. "Nunca farei algo sob pressão", declarou. "Até que me matem, não haverá eleições", disse ele, desafiador.

No entanto, ele esclareceu posteriormente que estava pronto para organizar novas eleições, mas após a adoção de uma nova Constituição, sem dar mais detalhes.

- OSCE propõe mediação -

Após prender muitos de seus rivais, impedir o acesso aos centros de votação aos observadores independentes e reprimir brutalmente as manifestações, Lukashenko recusa a ideia de deixar o poder que controla há 26 anos com mão-de-ferro.

Mas as greves nas fábricas estatais são um sinal de que a base eleitoral habitual do presidente de 65 anos claudica.

Na segunda-feira, Tijanovskaya assegurou em um vídeo que está preparada para se tornar "a líder nacional" e governar o país, e lembrou a intenção de organizar uma nova eleição presidencial se chegar ao poder.

Olga Kovalkova, ligada à opositora, publicou no Facebook uma lista de personalidades que integrariam um "conselho de coordenação" para a transição do poder, entre elas a prêmio Nobel de Literatura Svetlana Aleksievich.

Tijanovskaya também exortou as autoridades a libertarem os manifestantes detidos na semana passada, a retirar a tropa de choque das ruas e investigar quem ordenou a repressão.

Após a eleição, as manifestações resultaram em pelo menos dois mortos, dezenas de feridos e mais de 6.700 detidos em uma repressão brutal. Segundo o Ministério do Interior, 122 pessoas continuavam detidas nesta segunda.

A pressão também aumenta no exterior.

O Reino Unido se somou aos países que pensam "sancionar os responsáveis" pela repressão, enquanto o presidente americano, Donald Trump, disse que acompanha a situação "muito de perto".

O Canadá "se soma a seus sócios da comunidade internacional para condenar a repressão às manifestações pacíficas", declarou o ministro canadense de Relações Exteriores, Fraçois-Philippe Champagne, que exigiu "eleições livres e justas".

A Lituânia advertiu que Belarus iniciou exercícios militares em sua fronteira e a Estônia exigiu a realização o quanto antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

A presidência da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) propôs nesta segunda ao governo bielorrusso sua mediação para instaurar um "diálogo aberto e construtivo", segundo um comunicado publicado em sua página na internet.

"Reiteramos a preocupação sobre o desenvolvimento da eleição presidencial de 9 de agosto de 2020, que não foi observada pela OSCE, assim como o uso desproporcional da força contra manifestantes pacíficos, as detenções generalizadas e as alegações de torturas pelas forças de ordem", acrescenta a OSCE.

Na quarta-feira será celebrada uma cúpula extraordinária da União Europeia em Bruxelas para analisar a situação em Belarus. A Alemanha, que ocupa a presidência temporária do bloco, ameaçou estender as sanções já decididas na semana passada devido à violência.

Minsk, ao contrário, recebeu o apoio da Rússia, aliada histórica apesar das tensões recorrentes e cuja atitude será crucial para a solução da crise.


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