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Estado de Minas

Com pandemia como pano de fundo, insatisfação com Netanyahu aumenta


26/07/2020 14:49

"Não sairemos daqui até Bibi ir embora!". Em Israel, os manifestantes vociferam sua insatisfação com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção, em meio a um duro cenário social, acentuado por sua gestão da pandemia de COVID-19.

A alguns metros de sua residência em Jerusalém, milhares de pessoas denunciavam, no sábado à noite (25), um governo "corrupto", que toma medidas "ilógicas" contra a COVID-19 e que ignora - segundo eles - os mais frágeis, "pensando apenas nele". Os protestos continuavam neste domingo (26).

Inicialmente, Israel se vangloriava de sua gestão da pandemia, com um número relativamente baixo de casos. Com o desconfinamento, decidido no final de abril para recuperar a economia, o número de infecções foi-se multiplicando, o que forçou o governo a decretar novas restrições.

Com nove milhões de habitantes, o país registrou oficialmente mais de 61.380 casos de COVID-19 e 464 mortes. Recentemente, atingiu até mil novos casos diários, com um pico de até 2.000 casos confirmados em um único dia.

A taxa de desemprego continua a subir e passou de 20% nos últimos meses, contra apenas 3,4% em fevereiro passado.

As autoridades anunciaram ajuda para assalariados e para trabalhadores autônomos, assim como para todas as famílias e cidadãos maiores de 18 anos.

Para os manifestantes, porém, é pouco e chega muito tarde.

- Sem planejamento -

"Dar 750 shekels (cerca de 190 euros) para todos é apenas uma maneira de nos silenciar", diz Amit Finkerstin, uma garçonete de 27 anos demitida por causa da pandemia e que desafia a política "ilógica" do governo.

Na semana passada, o que se observou foi um vaivém decisório na gestão da crise da saúde. Primeiro, o governo ordenou o fechamento dos restaurantes e, diante do descontentamento do setor, adiou a entrada em vigor dessa decisão. Por fim, o Parlamento revogou o decreto, autorizando a reabertura de restaurantes.

"Um dia sim, um dia não", diz Finkerstin.

"O governo não planeja, as pessoas não têm perspectivas, não sabem quando terão dinheiro. O governo se preocupa apenas consigo mesmo", critica a jovem.

"Tudo começou com um grito prematuro de vitória sobre o coronavírus. Depois, se transformou em um fracasso sanitário e econômico, para acabar em uma profunda crise de confiança da população em relação ao governo", resumiu neste fim de semana o jornalista Einav Schiff, do Jornal "Yedioth Aharonoth".

O último amplo movimento de protesto social em Israel remonta a 2011, quando milhares de pessoas se mobilizaram contra a pobreza e o alto custo de vida, sem essa mobilização se materializasse em mudanças significativas.

- Pandemia como gatilho -

Para Tamir Gay Tsabary, que viaja diariamente do sul de Israel a Jerusalém para se manifestar com sua esposa, vestindo um colete amarelo, "a pandemia foi o gatilho (...) a má administração do governo", destacou.

"Agora as pessoas entendem que Netanyahu realmente não se importa com Israel. Ele se importa apenas com ele mesmo", disse o diretor comercial, de 56 anos.

Alguns protestos nas últimas semanas terminaram em confrontos violentos com as forças da ordem. Na noite anterior, 12 pessoas foram detidas em Jerusalém, informou a polícia.

No poder sem interrupção desde 2009, Netanyahu, apelidado de "Bibi", foi indiciado em novembro de 2019 por corrupção, abuso de confiança e malversação de recursos, em vários casos separados. É a primeira vez que isso acontece com um chefe de governo israelense durante seu mandato.

Diante da crescente revolta, o primeiro-ministro denuncia um movimento liderado por "anarquistas de esquerda" e acusa a mídia de "propaganda" e de fabricar "fake news" ("notícias falsas".

"Todos nós podemos ouvir, ver e, acima de tudo, sentir: algo está acontecendo", disse Einav Schiff.

Para o jornalista, resta saber "se é um terremoto real, ou um simples tremor".


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