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Estado de Minas

Na academia de West Point, Trump tenta se reaproximar do Pentágono


postado em 13/06/2020 15:42

Acusado de politizar o Exército dos Estados Unidos, Donald Trump ficou longe de toda controvérsia com o Pentágono neste sábado, durante a cerimônia de graduação da prestigiada academia militar de West Point, perto de Nova York.

O presidente dos EUA escolheu um tom solene para seu discurso, longe dos tons marciais adotados em face das manifestações antirracismo e de brutalidade policial das últimas semanas, o que levou as mais altos hierarquias do Pentágono a se distanciarem publicamente dele.

"O Exército estava na linha de frente para acabar com a terrível injustiça da segregação" durante a luta pelos direitos civis na década de 1960, disse aos 1.107 cadetes sentados ao sol, respeitando as regras de distanciamento social impostas pela pandemia de COVID-19.

Trump se referiu ao grande movimento de protesto que varreu o país após a morte do afro-americano George Floyd em Minneapolis no final de maio por um policial branco que o sufocou durante sua prisão.

O presidente agradeceu "os homens e mulheres da Guarda Nacional" que foram destacados para "manter a paz, a segurança do Estado e a lei constitucional nas ruas".

Foi essa força de reserva que também protegeu o entorno da Casa Branca em Washington.

Após manifestações violentas e cenas de saques em várias cidades, o presidente provocou reações iradas quando mencionou a possibilidade de enviar o Exército para restaurar "a lei e a ordem".

O secretário de Defesa Mark Esper, formado em West Point, discordou da ideia na semana passada.

"A opção de recorrer a soldados ativos deveria ser empregada somente como último recurso e em situações mais urgentes e dramáticas", afirmou.

Na quinta-feira, o chefe do Estado-Maior, o general Mark Milley, lamentou ter aparecido em uniforme junto ao presidente depois de uma violenta dispersão de manifestantes próximo à Casa Branca.

"Não deveria ter estado lá", comentou. "Deu a impressão de que o exército estava interferindo na política interna".

As duas autoridades do Pentágono disseram também que são a favor de renomear as bases militares americanas que honram a memória de generais confederados, pró-escravistas, durante a Guerra da Secessão, uma ideia à qual Donald Trump se opôs categoricamente.

- Basta de "guerras sem fim" -

O presidente, que de acordo com alguns meios de comunicação recentemente considerou demitir Mark Esper, estava preocupado em acalmar suas relações com o Pentágono.

"O trabalho dos soldados americanos não é reconstruir países estrangeiros, mas defender fortemente nossa nação contra inimigos estrangeiros", afirmou no sábado.

Por outro lado, ele reiterou sua vontade de acabar com "a era das guerras sem fim", referindo-se, fundamentalmente, ao plano de retirada do Exército dos EUA do Afeganistão.

Trump, que nunca prestou serviço militar, está acostumado a abordar os militares durante suas viagens ao exterior e não hesitou em incitar soldados a vaiar jornalistas que cobriam eventos, destacando o apoio que ele desfruta em setores das Forças Armadas.

Antes de seu discurso em West Point, os ex-alunos dessa academia por onde passaram vários líderes militares e governantes dos EUA alertaram em carta aberta aos cadetes contra qualquer "obediência cega", destacando os perigos dos "tiranos".

"A politização das forças armadas enfraquece o vínculo entre o exército e a sociedade americana", afirmam os 400 ex-alunos de diferentes gerações que alegam ter servido, entre todos, a dez governos diferentes. "Se este vínculo for rompido, os danos ao nosso país seriam incalculáveis".

Trump já havia anunciado em abril que participaria da entrega de diplomas em West Point, localizada a 100 km de Nova York, epicentro da pandemia de COVID-19 nos EUA.

Os organizadores tiveram que modificar a cerimônia para respeitar o distanciamento social o máximo possível.

Os cadetes saíram de duas semanas de quarentena e chegaram ao evento usando máscaras e com suas famílias, que este ano, pela primeira vez, não foram convidadas para o ato.


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