A Bolívia anunciou nesta quinta-feira que buscará uma conciliação com a empresa espanhola intermediária na compra superfaturada de 170 respiradores para pacientes com Covid-19, mas não descarta levá-la à Justiça, em um escândalo que levou à prisão do ministro da Saúde boliviano.
"Temos que ver se podemos ter uma conciliação com a empresa para solucionar o problema. Caso negativo, iremos empreender ações legais contra a mesma", advertiu o ministro da Justiça, Álvaro Coimbra, em entrevista coletiva.
A compra de respiradores na Espanha causou o maior escândalo de corrupção dos seis meses de governo transitório da presidente direitista Jeanine Áñez, cujo ministro da Saúde, Marcelo Navajas, foi preso ontem e destituído do cargo.
Navajas geriu a compra de 170 respiradores por 4.773.600 dólares, mediante um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), quase o triplo do preço oferecido pela fabricante espanhola, GPA Innova. Segundo as investigações, o governo boliviano fez a compra através da empresa espanhola IME Consulting.
A Bolívia adquiriu os equipamentos pelo preço unitário de US$ 27.683. No entanto, logo veio à tona que a empresa os oferece por entre 10.312 dólares e 11.941 dólares.
O ministro Coimbra informou que, para investigar a empresa IME Consulting, buscará "a cooperação do Ministério Público espanhol".
O novo coronavírus já infectou 4.919 pessoas e causou 199 mortes na Bolívia, em quarentena desde 17 de março e com as fronteiras fechadas.