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Estado de Minas

A crise do coronavírus revela a pobreza em Genebra


postado em 09/05/2020 15:25

Em uma das cidades mais caras do mundo, milhares de pessoas fizeram fila neste sábado(9) para receber comida de graça, um reflexo do impacto da pandemia de COVID-19 sobre as camadas mais pobres da população de Genebra, normalmente invisíveis.

Na cidade suíça, famosa por seus bancos privados, relógios de luxo e lojas chiques, a fila começou às 05:00 locais (03:00 GMT/00:00BSB), em frente ao Estádio de Hóquei Vernets.

A distribuição, realizada pela associação Caravana da Solidariedade, começou quatro horas mais tarde, enquanto as pessoas aguardavam pacientemente na uma fila que chegou a 1,5 km. A maioria das pessoas usava máscaras e mantinha a distância de dois metros.

Esta foi a sexta distribuição de alimentos organizada pela associação desde o início da crise sanitária e cada vez atrai mais gente.

Na semana passada, havia cerca de 2.000 pessoas. "Precisamos de comida", disse Silvia Mango, uma filipina de 64 anos.

"Tudo ficou muito mais difícil desde o início da crise", disse ela.

- "Impactante" -

A Suíça determinou uma série de medidas emergenciais em meados de março, como o fechamento de restaurantes e a maioria das empresas, para impedir a propagação do novo coronavírus, que causou cerca de 30.000 infecções e mais de 1.500 mortes no país.

As restrições começaram a ser levantadas, mas os quase dois meses de paralisação significaram um duro golpe para trabalhadores informais e outros grupos vulneráveis.

Neste sábado, na capital Berna e outras partes do país, centenas de pessoas protestaram para exigir a retirada total das medidas, que "violam direitos fundamentais", segundo a agência suíça Keystone-ATS.

Segundo o instituto de estatística suíço, cerca de 8% da população (cerca de 660.000 pessoas) é considerada pobre, dos quase um milhão vivendo em situação precária.

"Sabemos que essa população existe", disse Isabelle Widmer, chefe do comitê de gestão da crise em Genebra, "mas foi chocante ver o quanto a pandemia enfraqueceu essas pessoas".

- Testes para COVID-19 -

Neste sábado, voluntários montavam cerca de 1.500 kits com arroz, macarrão, café, cereais e outros produtos. Se a comida acabar, serão distribuídos cupons de 20 francos suíços (cerca de US $ 20), disse Patrick Wieland, da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que organizou a distribuição junto com a Caravana da Solidaridade.

A MSF também realiza testes gratuitos de COVID-19 em pessoas com sintomas, explicou Wieland, que dirige o gerenciamento da epidemia pela MSF na Suíça.

Miguel Martínez, um colombiano sem documentos que trabalhava em um restaurante, lamenta que "o vírus tenha perturbado tudo". "Não há trabalho. Nada", disse o jovem de 27 anos, na fila.

A princípio, ele se ressentiu em receber ajuda, mas não teve escolha. "Não tenho nada para comer", disse.

- "Não temos nada" -

Odmaa Myagmarjavzanlkham, uma migrante da Mongólia, também estava na fila. Tanto ela, que trabalha como faxineira, quanto o marido, jardineiro, perderam o emprego e agora mal conseguem que pagar o aluguel.

"É muito caro morar aqui e não temos nada", lamentou, explicando que, devido à pandemia, não podem mais enviar dinheiro para o filho de cinco anos, que mora na Mongólia com a avó.

Segundo uma pesquisa com 550 pessoas que fizeram fila na semana anterior, 3,4% dos entrevistados disseram ter testado positivo para COVID-19, o triplo da média de Genebra, disse Wieland.

Segundo o chefe de MSF, a maioria dos afetados pela crise vive em pequenos apartamentos lotados, aumentando a probabilidade de infecção.


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