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Estado de Minas

Argentina e credores, intransigentes sobre reestruturação da dívida


postado em 04/05/2020 18:43

A Argentina e seus credores voltaram a mostrar posições intransigentes sobre a reestruturação de mais de 66 bilhões de dólares da dívida pública, a cinco dias do vencimento do prazo para um acordo de troca de bônus.

Três comitês internacionais de detentores de bônus reiteraram em comunicado publicado nesta segunda-feira (4) "que não podem apoiar a oferta de troca recentemente anunciada, e não entregarão seus bônus nesta oferta".

Pouco antes, Santiago Cafiero, chefe do gabinete do presidente Alberto Fernández, havia dito que a oferta não será modificada.

"De nada serve fazer uma oferta que depois não pode ser cumprida. Nós apresentamos a oferta de boa fé, que é o compromisso que se pode cumprir e que dá sustentabilidade no tempo", disse, reiterando a postura do governo argentino.

Mas os fundos de investimento consideram que a proposta argentina representa para eles "perdas desproporcionais que não são justificadas, nem necessárias".

A oferta de troca da dívida do governo de Fernández chega a 66,238 bilhões de dólares em bônus emitidos sob legislação estrangeira. Contempla três anos de suspensão dos pagamentos, além de uma redução de 62% nos juros (37,9 bilhões de dólares) e de 5,4% sobre o capital (3,6 bilhões de dólares).

Bônus emitidos entre 2016 e 2018, durante o governo de Maurício Macri, mas também outros que procedem de reestruturações anteriores, de 2005 e 2010, durante os mandatos de Néstor e Cristina Kirchner, seriam trocados por novos papéis com vencimentos entre 2030 e 2047, se um acordo entre as partes for alcançado.

- Entendimento? -

Apesar de reiterarem suas posições, nenhuma das duas partes fechou a porta a um entendimento.

"Notamos um entendimento crescente e houve casos concretos de acompanhamento da oferta. Consideramos que o processo nestes dias tem sido positivo, que ainda falta e que o diálogo continuará", disse o ministro argentino da Economia, Martín Guzmán, em entrevista publicada no domingo no jornal Clarín.

Os fundos de investimento, por sua vez, afirmaram nesta segunda que estão preparados "para discutir construtivamente com a Argentina, com o objetivo comum de encontrar uma soluução viável aos desafios dinanceiros" do país.

Embora não se saiba exatamente a quem estes comitês internacionais representam, analistas advertem que sua recusa poderia impedir a troca.

"Entendo que têm poder de bloqueio, somando todos os comunicados que houve. (Os fundos) Templeton e Black Rock têm um percentual significativo (de papéis argentinos). É algo que não se sabe e que varia todo o tempo porque são operações entre entes privados", explicou à AFP Matías Rajnerman, da Ecolatina.

Os credores têm até 8 de maio para decidir se aderem ou não à troca de bônus, embora o governo argentino possa estender o prazo caso não se tenha chegado a um acordo até essa data.

No meio da negociação, a Argentina optou por não pagar em 22 de abril um vencimento de juros no valor de 500 milhões de dólares, correspondentes aos bônus 21, 26 e 46. Tem até 22 de maio para fazê-lo.

A dívida total da Argentina é de 324 bilhões de dólares, cerca de 90% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Além da troca de bônus emitidos por legislação estrangeira, o país busca um novo programa com o Fundo Monetário Internacional, ao qual deve 44 bilhões de dólares de um acordo de US$ 57 bilhões, bloqueado pelo presidente Fernández ao assumir em dezembro passado.

A Argentina vive seu terceiro ano de recessão, com uma inflação de mais de 50% em um ano, pobreza de 35%, e sem conseguir ainda medir o impacto sobre a economia da pandemia do novo coronavírus.


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