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Estado de Minas

Esperança na Europa...


postado em 27/04/2020 04:00 / atualizado em 26/04/2020 22:21

Em várias cidades espanholas, como Palma de Mallorca, meninos e meninas puderam sair de casa acompanhados após seis semanas de confinamento(foto: JAIME REINA/AFP)
Em várias cidades espanholas, como Palma de Mallorca, meninos e meninas puderam sair de casa acompanhados após seis semanas de confinamento (foto: JAIME REINA/AFP)
Depois de seis semanas trancadas em suas casas, as crianças espanholas começaram a sair ontem para brincar ou passear nas ruas, num momento em que a Europa começa a flexibilizar o confinamento imposto pela pandemia de coronavírus, que deixou mais de 205 mil mortos no mundo e infectou quase 3 milhões de pessoas.

Terceiro país com mais mortes por COVID-19, atrás apenas dos Estados Unidos e da Itália, a Espanha mantém seus 47 milhões de habitantes em confinamento desde 14 de março, uma medida que durará pelo menos até 9 de maio.

Mas sair não significa voltar à vida de antes. Os mais novos devem estar acompanhados de um adulto, não podem brincar com os vizinhos nem se distanciar mais de um quilômetro da casa, tudo isso por não mais de uma hora, entre as 9h e as 21h. E os parques ainda estão fechados.

"Ficar a dois metros de distância (entre crianças e terceiros) no centro de Madri é impossível. Saímos cedo para não encontrar outras crianças", diz uma bibliotecária que não quis se identificar, mãe de um menino de 5 anos e de uma menina de 8, que mora em um apartamento sem varanda no Bairro de La Latina.

"Eles não conseguiram dormir esta noite. Estavam muito ansiosos", continua. "Sabem muito bem que não podem tocar em nada. Eles não têm medo da verdade (...) Nós, adultos, temos mais medo", admite.

A Espanha, que nas últimas 24 horas registrou o menor saldo de mortes diárias desde 20 de março, com 288 novos óbitos, adotou em 14 de março um dos mais rígidos confinamentos do planeta. Com um total de 23.190 mortes até a tarde de ontem, é o terceiro país mais afetado no mundo pela pandemia iniciada na China no final de 2019, atrás dos Estados Unidos (mais de 55 mil) e Itália (26.644), seguida pela França (22.856) e Reino Unido (20.732).

Com a quarentena, estendida até 9 de maio. O presidente do governo, Pedro Sánchez, apresentará amanhã um plano para amenizar as medidas a partir da segunda quinzena. Mas, se as infecções continuarem a diminuir, a partir do dia 2, os adultos poderão caminhar ou se exercitar, como em outros países europeus.

A Itália, que registrou ontem o menor número diário de mortos por COVID-19 em seis semanas (260 mortos), projeta as primeiras etapas de desconfinamento a partir de 4 de maio.

Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson, que esteve hospitalizado devido ao vírus, retomará suas atividades hoje. Os britânicos aguardam o anúncio de seus planos para relançar a economia e sair do confinamento.

Na França, seu colega Edouard Philippe divulgará também hoje sua "estratégia de desconfinamento", que deve começar em 11 de maio, com a polêmica reabertura das escolas.

ESTADOS UNIDOS  

Em Nova York, a cidade mais atingida do mundo, com mais de 15 mil mortes, o prefeito Bill de Blasio disse ontem que espera ter, até 1º de junho, um plano para reabrir a cidade após a quarentena imposta em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Ele afirmou também que os números de pessoas recebendo tratamento contra a COVID-19 na cidade seguem estáveis ou em declínio. Eram 768 em UTIs.

Com colapso da rede funerária em Guayaquil, câmaras frigoríficas foram improvisadas como necrotério (foto: RODRIGO BUENDIA)
Com colapso da rede funerária em Guayaquil, câmaras frigoríficas foram improvisadas como necrotério (foto: RODRIGO BUENDIA)

...Desespero no Equador

Em um hospital de Guayaquil, no Equador, os mortos da pandemia chegam a se amontoar até mesmo nos banheiros. Alguns foram embrulhados em mortalhas por enfermeiros porque "a equipe do necrotério não estava recebendo material", revela um profissional da saúde.

O homem, que aceitou falar por telefone sem se identificar devido ao medo de ser demitido, compartilha o "pesadelo" que viveu no sistema de saúde saturado de Guayaquil, um dos maiores focos de propagação do novo coronavírus na América Latina. O que testemunhou, diz ele, é "traumático".

"As pessoas estão sozinhas, tristes, a medicação lhes causa danos gastrointestinais, alguns defecam, se sentem mal e pensam que sempre vão estar assim e veem que o paciente ao lado começa a ter falta de ar e gritar que precisa de oxigênio".

As mortes se multiplicaram rapidamente, segundo o funcionário. "A equipe do necrotério não estava estocando e o que nos restou fazer muitas vezes foi cobrir os corpos e acumulá-los nos banheiros". Somente quando "seis ou sete são empilhados, eles vêm buscá-los", conta este enfermeiro de 35 anos e três de serviço em um dos centros hospitalares que enfrentam a pandemia no Equador, onde há oficialmente 22.719 infectados, incluindo 576 mortos, a grande parte em Guayaquil, e denúncias graves de subnotificação.

Segundo o relato do enfermeiro, depois que os necrotérios ficam lotados, contêineres refrigerados chegam ao hospital para receber os corpos, sendo que alguns deles ficam por até dez dias "embrulhados em capas que são como uma mala de viagem preta". Alguns familiares "rompem a tampa (...) e os fluídos saem. Isso é um desastre sanitário", comenta. E em meio à emergência, "todo mundo fugiu” – equipe administrativa, psicólogos, dentistas que deveriam estar ajudando a fazer os registros.

PESADELOS 

O enfermeiro quase não sente o consolo de ter visto o número de mortos diminuir na semana passada. Na volta para casa, os tormentos o acompanham. Após 24 horas de serviço, com dor nos pés, tenta descansar. Mas logo é despertado pelo pesadelo: corre até cair e "abrir a porta do banheiro com a quantidade de cadáveres". "Você não consegue voltar a dormir", confessa.

"Saio do meu quarto com máscara, não posso abraçar ninguém. Nem os animais de estimação". De vez em quando, pensa na marca que a pandemia está deixando nele. "Te marca o fato de não poder colaborar mais além de colocar uma cânula, sabendo que (o paciente) precisa de um ventilador e você não tem outra opção. Te dizem: bom, coloque o oxigênio e o soro lento e deixe-o lá. Mas e se fosse minha mãe? E se fosse meu pai? Isso te mata, te mata psicologicamente".

E MAIS...

'Receita de Trump' intoxica

A cidade de Nova York registrou aumento nos casos de intoxicação por desinfetante, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter sugerido que a injeção do produto poderia combater o coronavírus. Centro de controle de envenenamento local recebeu 30 chamadas relacionadas aos produtos nas 18 horas seguintes à declaração – mais que o dobro do normal. Trump, depois, afirmou que estava sendo "sarcástico" quando fez o comentário.

Restrição À cloroquina

As autoridades de saúde do Canadá acompanharam outros especialistas e alertaram sobre o perigo do uso da cloroquina e hidroxicloroquina, usadas para combater a malária, para prevenir ou tratar a COVID-19. "A cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos secundários graves. Estes medicamentos só devem ser utilizados sob a supervisão de um médico", advertiu a Agência de Saúde Pública do Canadá.


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