(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Países ocidentais suspeitam da origem do coronavírus, que matou mais de 140.000


postado em 16/04/2020 19:07

A pandemia do novo coronavírus já causou mais de 140.000 mortes em todo o mundo, em um momento em que os países ocidentais, encabeçados pelos Estados Unidos, lidam com a hipótese de que o vírus procede de um laboratório chinês, e não de um mercado de animais.

Dos 2,1 milhões de infectados em todo o mundo desde que o vírus apareceu na China, em dezembro, metade está na Europa e das 140.092 mortes por COVID-19, mais de 92.000 ou dois terços são registradas neste continente, de acordo com o último balanço da AFP desta quinta-feira.

Mais de 4,4 bilhões de pessoas, quase 57% da população mundial, estão confinadas. O Reino Unido e Nova York, epicentro da epidemia nos EUA, prorrogaram as medidas de restrição, enquanto Espanha, Dinamarca, Itália e Áustria começaram com uma tímida reabertura de alguns setores, que em breve será seguida por França e a Alemanha.

Em uma medida que pode aumentar as tensões com a China, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, informou à Fox News sobre uma "investigação incansável" sobre como o vírus "se propagou, contaminou o mundo e provocou essa tragédia", deixando no ar que o patógeno poderia ter surgido em um laboratório na cidade chinesa de Wuhan.

- Perguntas difíceis -

O Reino Unido alertou que a China terá que responder "perguntas difíceis" sobre o surgimento do vírus e "por que ele não pôde ser detido antes".

"Não há dúvida de que não podemos continuar como se nada tivesse acontecido", disse o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab.

"Não tenhamos essa espécie de inocência que consiste em dizer que foi muito mais forte", afirmou, em alusão à forma como a China gerenciou a epidemia de COVID-19, disse o presidente da França, Emmanuel Macron.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que a hipótese de que o vírus surgiu de um laboratório "não tem base científica".

Em conversa por telefone com Xi Jinping, o presidente russo Vladimir Putin classificou essas acusações contra Pequim de "improdutivas", segundo comunicado emitido pelo Kremlin.

Nesta quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, que anunciou a suspensão da contribuição dos Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde (OMS) ao alegar "má gestão" da pandemia e iniciativa a favor da China, foi o anfitrião de uma videoconferência com os outros líderes dos Estados do G7 - formado por Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido - na qual, de acordo com o governo americano, foi acordada uma "profunda revisão e reforma" da organização.

- "No olho do furacão" -

Os Estados Unidos são atualmente o país onde a doença se alastra mais rápido no mundo e nesta quinta chegou aos 31.590 mortos e com quase 650.000 casos, seguidos da Itália, com 22.170 mortos; Espanha, com 19.130 falecimentos, e da França, com quase 18.000 mortes.

O número de mortes na Espanha em 24 horas aumentou novamente nesta quinta-feira, com 551 mortes, incluindo a do escritor chileno Luis Sepúlveda, forçado ao exílio durante a ditadura de Pinochet e um celebrado escritor latino-americano, que morreu aos 70 anos em Oviedo depois de um mês e meio hospitalizado com COVID-19.

A OMS lembrou à Europa que o continente ainda está "no olho do furacão" e pediu que "não baixe a guarda" até ter certeza de que o vírus está sob controle.

Espanha, Dinamarca, Itália e Áustria começaram uma reabertura tímida de alguns setores de sua economia e na educação.

A Alemanha se prepara para um retorno progressivo às aulas a partir de 4 de maio e na próxima semana também testará a reabertura de pequenas lojas, mas grandes concentrações serão proibidas até o final de agosto.

"O céu tempestuoso dessa pandemia ainda pesa sobre a região. As próximas semanas serão cruciais para a Europa", alertou o diretor da seção europeia da OMS, Hans Kluge.

Kluge garantiu que "os fracos sinais positivos observados em alguns países são temperados por números constantes ou crescentes em outros", como Reino Unido, Turquia, Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.

O Reino Unido, que registrou 861 mortes nas últimas 24 horas e ultrapassou um acumulado de 13.700, estendeu nesta quinta-feira por "pelo menos três semanas" o confinamento estabelecido em 23 de março.

Por causa da pandemia, o presidente Vladimir Putin decidiu adiar a parada militar para comemorar a vitória sobre o nazismo em 9 de maio de 1945, que marca 75 anos este ano.

- Nova York confinada mais um mês -

Do outro lado do Atlântico, o estado de Nova York, o mais afetado pelo coronavírus nos Estados Unidos, deve cumprir rigorosas medidas de isolamento até 15 de maio, anunciou o governador Andrew Cuomo nesta quinta-feira, depois de indicar que nas últimas 24 horas foram registradas 606 mortes, o número mais baixo em 10 dias.

"Temos que continuar com o que estamos fazendo. Gostaria que a taxa de infecção caísse ainda mais", disse Cuomo.

Contra a corrente, pressionado pela asfixia econômica que a pandemia trouxe, Donald Trump se prepara para entregar nesta quinta-feira seu roteiro para a progressiva reativação da economia americana, depois de afirmar que seu país provavelmente já "passou do pico" de infecções.

"Vamos abrir os estados, alguns estados muito antes que outros", disse Trump, sugerindo a possibilidade de que em alguns casos a reabertura econômica comece antes de 1º de maio.

No entanto, em uma entrevista, Tom Frieden, ex-diretor do Centro Americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) durante a presidência de Barack Obama, alertou que os Estados Unidos estão longe de estarem preparados para suspender o confinamento.

"Ajude-nos financeiramente ou não haverá uma recuperação nacional", disse o prefeito de Nova York Bill de Blasio, pedindo a Trump que desbloqueie bilhões de dólares em ajuda federal.

Para ajudar os países mais pobres atingidos pela pandemia, os líderes do G20 anunciaram uma suspensão de um ano do serviço da dívida, injetando otimismo entre os defensores do multilateralismo.

Os líderes do G7 concordaram em coordenar uma retomada de suas economias assim que a pandemia tenha uma redução, segundo o governo americano.

- Uma década perdida -

Na América Latina, a pandemia acumula quase 80.000 infecções e quase 3.700 mortes, metade no Brasil e mais de um terço dos casos no Equador, tendo Guayaquil como o epicentro.

O ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, após semanas de confronto entre os dois pela política de combate à COVID-19.

O número de casos de coronavírus no Brasil é 15 vezes maior do que os dados oficiais demonstram, de acordo com pesquisadores que estimam que mais de 300.000 pessoas foram realmente infectadas e temem uma hecatombe sanitária nas próximas semanas.

"O Brasil está em uma posição muito ruim e só podemos resolver o problema com testes em massa", disse Domingos Alves, membro do grupo COVID-19 Brasil e chefe do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Universidade de São Paulo (USP), à AFP.

O presidente equatoriano, Lenín Moreno, reconheceu que seu país não está preparado para enfrentar o coronavírus, que deixou mais de 7.800 infectados e quase 400 mortos no país.

No México, com 8.470 casos positivos e 449 mortes por COVID-19 registrados, o governo dobrou os recursos oferecidos a pequenas empresas para enfrentar a crise, ampliando a suspensão das aulas e atividades não essenciais até 30 de maio.

As previsões para a América Latina não são nada otimistas. A pandemia pode provocar outra "década perdida", entre 2015 a 2025, pois os países da região estão diante da pior recessão nos últimos 50 anos, alertou nesta quinta-feira o diretor do FMI para o Ocidente, Alejandro Werner.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)