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Estado de Minas

Erdogan exige que Assad afaste tropas dos postos de observação turcos na Síria


postado em 05/02/2020 19:43

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deu nesta quarta-feira (5) um ultimato ao governo de Bashar al-Assad para que recue na região noroeste da Síria, depois que vários confrontos opuseram Ancara e Moscou, aliado de Damasco.

Apesar das advertências, as forças do regime sírio prosseguiam com o avanço no noroeste do país.

Nas últimas 24 horas, as tropas sírias reconquistaram 20 cidades e vilarejos dos rebeldes e jihadistas no sul da província de Idlib, informaram a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e a agência estatal síria Sana.

"As forças do regime entraram em Saraqeb, após a retirada de centenas de combatentes jihadistas e de facções aliadas até o norte da cidade", disse à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH.

Saraqeb está situada no cruzamento das autopistas M5, M4 e da rodovia que leva a Idlib, capital da província homônima, indicou o OSDH.

Essas forças sírias "já estão vasculhando os bairros de Saraqeb e estão prestes a assumir o controle de toda a rodovia M5, onde os jihadistas se retiraram para uma vila ao norte" da cidade, disse a fonte.

A escalada de tensão entre Turquia e Síria acontece após os violentos e inéditos confrontos entre tropas sírias e turcas na segunda-feira na província de Idlib, último reduto jihadista e rebelde, que deixaram mais de 20 mortos.

O governo sírio, com o apoio da aviação russa, intensificou os ataques a partir de dezembro para ganhar terreno em Idlib, chegando inclusive a cercar dois postos de observação construídos por Ancara como parte de um acordo assinado em 2018 com Moscou.

Na segunda-feira, tiros da artilharia síria mataram oito soldados turcos. Ancara respondeu com bombardeios contra posições sírias que deixaram pelo menos 13 mortos.

"Dois de nossos 12 postos de observação estão atrás das linhas do regime. Esperamos que o regime se retire de nossos postos de observação até o fim de fevereiro", afirmou Erdogan em um discurso em Ancara.

"Se o regime não se retirar, a Turquia será obrigada a agir sobre o assunto", completou.

Erdogan disse que transmitiu a mensagem ao presidente russo Vladimir Putin, principal aliado do governo sírio, em uma conversa telefônica na véspera.

Ele destacou que o ataque contra as forças turcas era uma "guinada" no conflito sírio.

"Não deixaremos que as coisas continuem como antes, quando o sangue dos militares turcos foi derramado", afirmou.

"Responderemos sem nenhum aviso a qualquer novo ataque contra nossos militares ou contra os combatentes (rebeldes sírios) com os quais cooperamos", reiterou o presidente.

A Turquia, que apoia alguns grupos rebeldes sírios, assinou com a Rússia vários acordos de cessar-fogo em Idlib, último reduto da oposição no noroeste da Síria.

Os Estados Unidos ofereceram ajuda à Turquia. O enviado americano à Síria, James Jeffrey, disse que está "muito preocupado" com o "conflito extremamente perigoso" na província de Idlib.

"Estamos considerando novas sanções", disse a jornalistas, sem especificar contra quem.

Em Damasco, o ministério das Relações Exteriores condenou as declarações de Erdogan, chamando-as de "enganos e mentiras".

Em Nova York, diplomatas informam que o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunirá na quinta-feira com urgência sobre os eventos de Idlib, a pedido de Washington, Paris e Londres.

Cinco civis perderam a vida na quarta-feira em bombardeios aéreos e de regime russos na região de Idlib, segundo o OSDH.

Segundo a agência Sana, quatro civis foram mortos por obuses em Aleppo, em um ataque atribuído a "terroristas". Damasco chama os jihadistas e os rebeldes de "terroristas".

Mais da metade da província de Idlib e setores das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia estão dominados pelos jihadistas de Hayat Tahrir al Sham (HTS, antigo ramo sírio da Al Qaeda). Outros grupos rebeldes também estão presentes.

Apesar dos pactos, o governo da Síria, com o apoio da aviação russa, intensificou nas últimas semanas a ofensiva na província fronteiriça com a Turquia e, em seu avanço, cercou alguns postos turcos.

Os combates dos últimos dois meses no noroeste da Síria deixaram 520.000 deslocados, segundo a ONU.

Esta situação preocupa a Turquia: mais de 3,6 milhões de pessoas se refugiaram em seu território desde o início do conflito na Síria em 2011.

A guerra na Síria provocou mais de 380.000 mortes.


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