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Estado de Minas

Monte Vema prova que oceanos doentes podem se curar


postado em 03/12/2019 10:55

Do convés do barco, onde se observa apenas águas profundas a perder de vista, nada sugere a fauna e a flora que abundam a poucos metros da superfície, em pleno Atlântico, sobre uma fachada do Monte Vema, um monte submarino em alto mar, mil quilômetros a noroeste da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Nesta primavera (hemisfério norte), cerca de 30 pessoas a bordo do navio Arctic Sunrise da organização Greenpeace se engajaram em múltiplas tarefas de observação.

Sua missão? Documentar os resultados da moratória sobre a pesca imposta em 2017 nas proximidades do Monte Vema, descoberto nos anos 1950 por um navio de mesmo nome que cruzava a região.

Equipados com câmera de alta resolução, os mergulhadores do Arctic Sunrise, em roupa neoprene laranja fluorescente e preto, entram no mar com seus cilindros de oxigênio para examinar os contornos desta montanha sob o mar de 4.600 m - quase um Mont Blanc - cujo cume fica a cerca de vinte metros da superfície.

Quarenta e cinco minutos depois, emergem com milhares de fotografias e horas de vídeo que revelam tesouros: lagostas, lagostins, muitas algas, esponjas e peixes de todas as espécies.

"É algo absolutamente fantástico de se ver. Magnífico!", comenta, estupefato, um dos mergulhadores, o holandês Jansson Sanders.

Alertada sobre a devastação causada pela sobrepesca, uma comissão intergovernamental, a Organização das Pescarias do Atlântico Sudeste (SEAFO), proibiu em 2007 os arrastões do Monte Vema.

Os resultados vistos hoje são espetaculares. Mas esse tipo de embargo radical ainda é a exceção.

Fora das águas territoriais administradas pelos países limítrofes, apenas uma pequena parte dos mares do mundo desfruta de proteção legal, que geralmente é muito teórica.

"A estatística é chocante: atualmente, 1% dos mares é protegido (...) O que é totalmente insignificante", alerta Bukelwa Nzimande, uma ativista ambiental do Greenpeace Africa. "É necessária uma mudança de paradigma", pede.

O Greenpeace milita pela adoção de um tratado que impeça a pesca industrial em um terço da superfície dos oceanos até 2030.

Vema é "o perfeito exemplo do que acontece quando deixamos a natureza tranquila durante algum tempo", estima o biólogo holandês Thilo Maack, que chefia a expedição do Greenpeace.

"Mesmo esgotado pela sobrepesca, conseguiu se reconstruir".


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