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Estado de Minas

Na Espanha, extrema-direita do Vox se exibe sem constrangimentos


postado em 07/11/2019 16:25

Eles compartilham vídeos em redes sociais e agitam bandeiras espanholas nas ruas. Os eleitores da extrema-direita do Vox se exibem sem constrangimentos, certos de que seu partido ganhará força nas eleições legislativas de domingo, tirando proveito da tensão na Catalunha.

"Ser Vox é cada vez menos tabu, antes parecia muito ruim, mas agora é cada vez menos tabu", diz Marcos Álvarez, médico de 31 anos.

Assim como ele, 2.000 pessoas participaram recentemente de um comício da Vox em Santander (noroeste). Homens, mulheres e crianças acenavam com fervor a bandeira vermelha.

A elegante Santander, sede do banco com o mesmo nome, é um feudo do Partido Popular (PP, conservador) na região da Cantábria, onde o Vox espera eleger um deputado pela primeira vez.

"Eu sou de Santoña, um balneário, e como eu há muita gente que votará no Vox", até ex-eleitores socialistas, diz Alfonso Albeniz, um "capitão de pesca" de 64 anos que já havia votado no PP.

Depois de entrar com força no Parlamento em abril, o partido se estabilizou no cenário político espanhol, desde que a direita se apoiou no partido para conquistar ou manter o poder em diferentes regiões e cidades, como Madri.

As pesquisas atribuem até 49 deputados, contra 24 atualmente. Seu líder, Santiago Abascal, esteve no centro de um debate televisionado na segunda-feira, o primeiro em que a extrema direita participou desde a restauração da democracia em 1977, multiplicando exageros e mentiras.

Fundado em 2014, "o Vox é um partido comparável a outros na Europa, de direita populista radical e extrema-direita", como o Agrupamento Nacional, de Marine Le Pen, ou a Liga de Matteo Salvini, explica o historiador Xavier Casals.

Ele vem da "ala dura do PP e usa questões que o PP havia inicialmente levantado no debate público e retirado", aponta o especialista em extrema-direita: a rejeição ao aborto, ao casamento gay ou à lei contra a violência de gênero, que o partido acusa de "criminalizar o homem".

Abascal mantém um discurso de "os espanhóis primeiro", muito hostil em relação aos imigrantes, que ele pretende associar aos "rebanhos" de estupradores.

- Anti-separatismo, seu ativo -

"Mas o anti-separatismo continua sendo o maior ativo, e o Vox pode canalizar grande parte da reação contra o separatismo", avalia Casals.

Os recentes distúrbios na Catalunha, em reação às longas sentenças de prisão a nove líderes separatistas pela tentativa de secessão de 2017, reforçaram a raiva de seu eleitorado.

Persuadido de que os separatistas "estão destruindo Barcelona e a Catalunha", Alfonso aplaude quando Abascal propõe eliminar o problema proibindo os partidos separatistas, suprimindo autonomias regionais ou prendendo "imediatamente" o presidente catalão Quim Torra.

- "Não é fascista?" -

A comunicação de Vox é baseada na imagem de seu líder de 43 anos, ex-membro do Parlamento Basco do PP, que um vídeo projetado nos comícios mostra cruzando campos e florestas, em uma atitude viril, até os cumes de algumas montanhas.

Abascal também se beneficiou de sua passagem por um programa popular de humor, onde sorria e brincava, respondendo com uma negativa diante de quatro milhões de espectadores, ao apresentador que perguntou: "Você não é fascista?"

Os vínculos do novo partido com os defensores da ditadura de Francisco Franco (1939-1975) não são assumidos publicamente e, quando um simpatizante leva uma bandeira franquista a um comício, um organizador pede que a guarde.

No entanto, Abascal chama de "profanação" a exumação de Franco de seu gigantesco mausoléu e afirma que o verdadeiro objetivo do presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, é "derrubar" o rei Felipe VI.

Em Santander, o dirigente regional do Vox, Ricardo Garrudo, conclui seu discurso apelando a uma "Espanha livre, (...) unida e grande outra vez", recordando o lema franquista de "Uma, grande e livre".


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