O megaleilão de petróleo desta quarta-feira, anunciado como histórico pelo governo brasileiro, teve um resultado abaixo do esperado, 69,96 bilhões de reais por duas das quatro áreas em jogo, enquanto as outras duas ficaram sem lances.
O governo originalmente esperava arrecadar 106,5 bilhões de reais com o leilão das áreas localizadas em águas profundas ("pré-sal").
A Petrobras foi praticamente a única protagonista da sessão, apesar de a maioria das grandes empresas do setor - como a americana ExxonMobil, a norueguesa Equinor, a anglo-holandesa Shell e a chinesa CNOOC - estarem na lista de interessados.
O campo de Búzios, o principal ofertado, foi atribuído a um consórcio 90% controlado pela Petrobras, associado às chinesas CNODC e CNOOC (5% cada).
O bloco, que já é o segundo maior produtor de petróleo do Brasil, com 424 mil barris diários, foi leiloado por 68,2 bilhões de reais.
A Petrobras também obteve, sozinha, direitos de exploração do campo de Itapu, por 1,11 bilhão de reais.
Os campos de Sépia e Atapu não despertaram interesse de nenhum grupo.
Os resultados também foram decepcionantes para o governo brasileiro, dado que em nenhum dos casos a oferta inicial de benefícios foi melhorada.
Esses leilões integram uma modalidade especial: o valor de cada bloco é conhecido antes do prego, pois o preço é fixo, e a concorrência se concentra no percentual de lucro que as empresas se comprometem a entregar ao Estado brasileiro.
A francesa Total e a inglesa BP tinham desistido do leilão por considerar o preço excessivamente alto para obter uma participação que, no fim das contas, poderia acabar sendo minoritária, devido à preferência que a legislação concede à Petrobras.
Mesmo se a oferta da estatal não fosse a vencedora, ela teria direito a 30% de participação nos consórcios vencedores.
A ANP estima que o total de reservas estimadas nos quatro campos se situa entre 6 bilhões e 15 bilhões de barris. Se a previsão mais otimista se confirmar, a área pode ter o dobro do volume de reservas da Noruega.
Uma dezena de militantes ecologistas levaram bandeiras à frente do hotel de luxo onde o leilão foi realizado para protestar contra o impacto ambiental da exploração petroleira.
Algumas ONGs denunciaram o contraste entre as somas milionárias em jogo no leilão e a demora do governo em ajudar a solucionar a maré negra de óleo que chega à costa do nordeste brasileiro desde o fim de agosto.