O presidente do Libano, Michel Aoun, defendeu nesta quinta-feira a formação de um governo integrado por ministros escolhidos por sua "competência", quando a onda de protestos contra o poder entra em sua terceira semana.
Desde 17 de outubro, milhares de libaneses têm protestado, em várias regiões do país, em um movimento que pegou de surpresa os partidos políticos e que na terça-feira provocou a demissão do governo.
Dois dias após a renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri devido à pressão das ruas, as negociações para formar um novo governo parecem paralisadas.
Em discurso transmitido pela TV, Aoun defendeu a formação de um gabinete "competente" e "produtivo" para enfrentar a atual crise econômica, em parte causa dos protestos.
"Os ministros deverão ser escolhidos em função de sua competência, e não de sua lealdade política [...] pois o Líbano se encontra em um momento crítico, especialmente no aspecto econômico, e precisa desesperadamente de um governo armonioso e produtivo", declarou Aoun.
Na mensagem, por ocasião do terceiro aniversário de sua chegada à presidência, Aoun se comprometeu a "prosseguir com a luta contra a corrupção" e trabalhar pela formação de um gabinete que seja capaz de responder às "aspirações dos libaneses [...] e de realizar o que o governo precedente esteve próximo" de fazer.
Os manifestantes, concentrados no centro de Beirute, acompanharam o discurso ao vivo em um telão aos gritos de "todos quer dizer todos", o lema dos protestos.
Algumas escolas e universidades permaneceram fechadas nesta quinta-feira e milhares de manifestantes voltaram às ruas, por todo o país.
As negociações para a formação de um novo governo parecem em ponto morto, enquanto se multiplicam os apelos a favor de um gabinete técnico e de eleições legislativas antecipadas.
As manifestações começaram com o anúncio de um alto imposto - cancelado logo em seguida - cobrado sobre as chamadas realizadas pelo sistema de mensagens do WhatsApp.