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Estado de Minas

Economia da Venezuela está no centro de guerra diplomática


postado em 07/02/2019 18:40

Num contexto de aguda crise política na Venezuela, os interesses econômicos estão no centro da rivalidade entre Nicolás Maduro e Juan Guaidó, bem como os apoios financeiros a um ou outro campo.

- Catástrofe econômica -

Politicamente dividida, a Venezuela, declarada em moratória parcial em novembro de 2017 por várias agencias classificadoras, afunda mais a cada semana em uma crise econômica sem precedentes.

A inflação alcançou, em 2019, surpreendentes 10.000.000%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Produto Interno Bruto (PIB) caiu à metade em cinco anos, e a população sofre com a escassez de alimentos e medicamentos.

"O que foi uma crise econômica a partir de 2016 com o começo da recessão, em 2018 se tornou uma crise humanitária, e, agora, uma crise política", disse à AFP Ludovic Subran, economista chefe da seguradora de créditos Euler Hermes.

A produção de petróleo, principal base da economia venezuelana, está em queda. Em 2019, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) avaliou que tinha caído 37% em relação ao ano anterior, a 1,17 milhão de barris diários, seu nível mais baixo nos últimos 30 anos.

- Sanções americanas -

Justamente o petróleo é o principal alvo das sanções econômicas adotadas pelos Estados Unidos, que apoiam o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, opositor autoproclamado presidente interino em 23 de janeiro, que é reconhecido por 40 países.

O ouro negro da Venezuela é pesado, ou seja, Caracas precisa refinar parte dele nos Estados Unidos e também importar gasolina deste país.

Mas a Casa Branca investiu contra a petroleira estatal PDVSA, proibindo de comercializar com entidades americanas e congelando 7 bilhões de dólares de ativos da empresa no exterior. Ao mesmo tempo, ofereceu a Guaidó o controle das contas bancárias da Venezuela nos Estados Unidos.

Se o objetivo é pressionar o presidente Nicolás Maduro para provocar sua partida, essas sanções afetariam ainda mais a economia a curto prazo.

"Se não houver uma mudança política rapidamente, teremos graves problemas de combustível", afirma Asdrúbal Oliveros, diretor do gabinete Ecoanalítica.

- Pequim e Moscou: bons clientes petroleiros? -

Diante dessas sanções e de um conjunto de países europeus e sul-americanos que seguiram o mesmo caminho dos Estados Unidos ao reconhecer Guaidó como presidente, Pequim e Moscou destoam.

A China e a Rússia são os dois principais credores da Venezuela. Caracas recebeu cerca de 62 bilhões de dólares em empréstimos do gigante asiático durante a última década, principalmente em troca de petróleo.

E parte da dívida venezuelana - vários bilhões de dólares - com Moscou é, por exemplo, reembolsada com hidrocarbonetos através de acordos entre a PDVSA e a gigante russa semipública Rosneft.

Oficialmente, estes são adiantamentos em contratos para a entrega de petróleo e combustível, mas muitos especialistas veem isso como um apoio financeiro secreto para Caracas.

O Kremlin, por outro lado, é também o maior fornecedor de armas da Venezuela. O regime de Nicolás Maduro continua otimista e garante que os 500 mil barris diários que o país vende para os Estados Unidos possam ser redirecionados para a Europa ou a Ásia.

"Rússia e China não são afetadas pelas sanções de Washington", disse Ronny Romero, representante da Venezuela na Opep.

Uma posição difícil de manter "sem acesso aos mercados internacionais, e às saídas de petróleo em um mercado de commodities (no qual tudo se negocia principalmente) em dólares", destaca Ludovic Subran.

- Batalha humanitária -

A crise política e econômica provocou uma catástrofe humanitária, com cerca de 2,3 milhões de venezuelanos optando pelo exílio desde 2015, segundo dados da ONU.

Os apoio de Guaidó já prometeram vários milhões de dólares em ajuda: 40 milhões do Canadá, 20 milhões dos Estados Unidos e 7,5 milhões da União Europeia.

Mas Nicolás Maduro, que denuncia o "imperialismo", vê aí um pretexto para uma intervenção militar dos Estados Unidos.

Em uma última tentativa de convencer o exército, que é leal a Maduro, os Estados Unidos afirmaram estar dispostos a eximir de sanções os comandantes militares venezuelanos que se unam a Guaidó.


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