O presidente sírio, Bashar al Assad, garantiu que as discussões realizadas pela Rússia continuavam em curso para chegar a alguma resolução sobre o futuro do sul do país, e acusou Israel e Estados Unidos de impedir um acordo negociado.
Em uma entrevista à emissora iraniana Al-Alam, divulgada na noite desta quarta-feira, Assad afirmou que "depois da libertação de Guta (enclave rebelde), foi sugerido que íamos ao sul. Nos deram duas opções: a reconciliação ou a liberação à força".
Mas "os russos sugeriram dar uma oportunidade à reconciliação", sabendo que "continua sem resultados concretos por uma simples razão, que é a interferência israelense e americana", lamentou Assad.
Segundo ele, Estados Unidos e Israel "pressionam os terroristas a fim de impedir qualquer compromisso ou resolução pacífica".
Mas os "contatos continuam em curso entre os russos, os americanos e os israelenses", afirmou Assad.
O sul da Síria é composto, basicamente, das províncias de Deraa e Quneitra, controladas em 70% pelos grupos rebeldes, enquanto o grupo Estado Islâmico (EI) tem uma presença limitada.
Estratégica, a região está na fronteira com a Jordânia e os Altos do Golã, anexados por Israel. É de particular interesse para o regime sírio, mas também para o Irã, a Rússia, Israel, Jordânia e Estados Unidos.
Cerca de 500 combatentes do grupo libanês Hezbollah, aliado de Teerã, e os conselheiros iranianos também estão presentes, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Israel suspeita que Irã e Hezbollah procuram ampliar sua influência além de suas fronteiras, e reitera que "não há lugar para a mínima presença militar iraniana em nenhuma parte da Síria", segundo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
Na entrevista, Assad disse que sua relação com o regime do Irã é "estratégica" e "não tributária" para ser negociada "no bazar político internacional", em referência a um possível acordo no sul sírio para eliminar a presença iraniana e de seus aliados nesta região do país.
Irã e Síria deram grande apoio ao regime sírio desde que começou a guerra, em 2011. A intervenção de Moscou em setembro de 2015 permitiu que o regime conquistasse vitórias frente aos rebeldes e extremistas e controlar, hoje, mais de 60% do território.