(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Conheça o santuário na Grécia que acolhe ursos e lobos traumatizados


postado em 08/05/2018 17:12

Patrick olha para os visitantes, fica de cócoras, lambe suas garras e ronrona. É sua forma de se acalmar "quando está estressado", explica a cuidadora Melina Avgerinou.

Patrick, Bárbara, Usko... os ursos e lobos do santuário da organização Arcturos, no monte Vitsi, noroeste da Grécia, estão traumatizados.

Patrick, de três anos, tinha um mês quando o encontraram vagando na fronteira greco-albanesa. Aparentemente, caçadores clandestinos haviam matado sua mãe. Quando tinha um ano, foi solto em seu hábitat, mas reapareceu um mês depois e nunca mais foi embora.

"A natureza não é segura para ele porque não aprendeu a desconfiar dos humanos", explica Avgerinou.

Arcturos acolhe animais desde 1992, às vezes de lugares distantes, como Áustria ou Geórgia. "Há outros refúgios nos Bálcãs e em outros lugares da Europa, mas com frequência estão cheios", afirma Avgerinou.

Atualmente, o local, próximo às aldeias de Nymfaio e Agrapidia, abriga em florestas de faias e carvalhos mais de 20 ursos e sete lobos. Espera-se a chegada de outros sete lobos procedentes de um parque zoológico italiano.

Inicialmente Arcturos era um projeto para resgatar ursos dançantes, um espetáculo muito popular nos Bálcãs, no qual os animais são obrigados a caminhar sobre brasas.

- "A natureza não é uma rival" -

Com o tempo se especializou na preparação dos animais para devolvê-los ao entorno selvagem. "Há muitos problemas com os ursos em cativeiro nos Bálcãs. O pior é na Albânia e em Skopje (Macedônia) onde ainda existem lacunas jurídicas", aponta a cuidadora.

A ursa Bárbara vive como se ainda fosse prisioneira de um zoológico sérvio, apesar de ter sido libertada há 20 anos. Continua percorrendo o cercado a passos largos, nervosa e sacudindo a cabeça.

Usko não viveu acorrentada nem em jaulas, mas é paraplégico desde pequeno e se move graças ao engenho dos guardas de Arcturos, que construíram para ele uma pequena carreta com a qual se desloca.

Com os anos, Avgerinou se especializou em cuidar de filhotes. Desde abril alimenta com mamadeira Luigi, chamado assim em homenagem ao goleiro da Juventus, o jogador de futebol italiano Gianluigi Buffon.

Seus salvadores procuraram sua mãe durante dois dias, mas foi em vão.

Logo chegaram outros três filhotes de urso da Bulgária. Dois de Montenegro completam a creche da Arcturos.

A conta é alta: cerca de 15.000 euros (18.000 dólares) anuais por urso e 10.000 (12.000) por lobo.

O santuário espera despertar uma consciência ecológica na Grécia, onde a flora e a fauna são ricas mas estão ameaçadas.

"Tentamos ensinar as pessoas que não estão sozinha na natureza e que não debem vê-la como uma rival", afirma um dos guias, Vassilis Fourkiotis.

- Poucas vagas -

Na região, onde se concentram muitos dos aproximadamente 400 ursos e 700 lobos que se calcula que vivem na Grécia, a ONG sensibiliza os agricultores para que se protejam dos predadores sem matá-los.

Neste combate, os responsáveis da ONG encontraram um aliado: uma raça local de cães de pastoreio que, de passagem, se salvaria assim da extinção.

"Demos mais de 800 filhotes desde 1999", explica Vassilis. "Ao contrário de outras raças, estes cachorros protegem os rebanhos sem matar os predadores que os atacam", acrescenta.

Em um momento dado, a ONG se propôs a promover estes guardiães de manadas no exterior, mas o projeto não foi adiante.

Graças à doação de 500.000 euros da Fundação Niarchos, administradora da herança de um conhecido armador grego, o refúgio aspira a se tornar uma referência nos Bálcãs em termos de acolhimento e cuidados veterinários.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)