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Estado de Minas

Prédio ocupado por sem-teto desaba após incêndio em São Paulo e deixa um morto


postado em 01/05/2018 19:00

Um prédio de 24 andares, ocupado por pessoas sem teto desabou na manhã desta terça-feira (30) no centro de São Paulo, a maior e mais rica cidade do País, depois que um incêndio consumiu rapidamente sua estrutura, deixando ao menos um morto.

Alguns sobreviventes contaram ter acordado durante a noite cercados pelo fogo, mas conseguiram fugir do prédio com seus filhos antes de o edifício ser consumido pelas chamas.

Enquanto as causas do incêndio são investigadas, o corpo de bombeiros de São Paulo confirmou um morto até o momento.

A vítima, um jovem de cerca de 30 anos identificado como Ricardo, morreu a alguns momentos de ser içado com uma corda fornecida por um bombeiro, que tentava resgatá-lo de um edifício vizinho no momento em que o prédio incendiado colapsou.

"O problema maior foi que na hora que a gente estava terminando essa fase [do resgate], o prédio acabou vindo abaixo. Infelizmente caíram 6 ou 7 andares sobre ele, tensionou a corda e não aguentou o peso. Não daria 30 a 40 segundos para a gente finalizar o processo", lamentou o sargento Diego, o bombeiro que fazia o resgate.

Segundo vários depoimentos, o jovem tinha conseguido sair do prédio em chamas, mas decidiu voltar para ajudar a resgatar as famílias dos andares superiores.

Mais cedo, o comandante dos bombeiros Ricardo Peixoto disse à AFP que poderia haver três pessoas desaparecidas, entre elas, Ricardo.

"Não sabemos quantas pessoas havia no edifício, por isso não sabemos se encontraremos mais vítimas entre os escombros", disse.

Até o momento, 250 pessoas que moravam no prédio se registraram em listas após a tragédia. Segundo autoridades, a maioria foi levada para abrigos municipais.

O incêndio começou na noite anterior e se espalhou rapidamente, transformando o prédio, no centro antigo de São Paulo, em um inferno. Fotos divulgadas no Twitter pelo corpo de bombeiros mostram as chamas devorando o prédio, que em seguida desabou.

Uma igreja luterana vizinha sofreu danos em boa parte de sua estrutura, restando de pé quase apenas o altar e a torre.

"Recebemos um chamado perto das 01H30, viemos em seguida e poucos minutos depois cinco andares do edifício estavam em chamas", contou Peixoto. "Quinze ou 20 minutos depois, o edifício caiu".

Um total de 57 veículos e 160 bombeiros foram enviados ao local do incidente.

- Fuga frenética -

Cidade mais populosa da América Latina e capital financeira do Brasil, São Paulo sofre com uma profunda desigualdade econômica.

As famílias pobres ocupam com frequência prédios abandonados ou erguem barracas em terrenos baldios, às vezes vizinhos de bairros abastados.

O presidente Michel Temer, com um nível de aprovação que não alcança dois dígitos, foi duramente hostilizado ao visitar rapidamente o prédio, de propriedade da União e atualmente cedido à Prefeitura.

"Queremos moradia!", repetia a multidão reunida no local.

Henrique, de 26 anos, um dos sobreviventes da tragédia, contou ter conseguido fugir do terceiro andar com uma amiga e um cão.

"Saímos quando o edifício já estava em chamas", afirmou. "Lutamos tanto... E agora perdemos tudo", lamentou.

Outro homem, José Antonio, descreveu a fuga frenética do sexto andar, onde morava com a mulher, três filhos e uma cunhada.

"Não sabia se meu filho tinha levado minha filha mais nova", contou Antonio, de 48 anos, à AFP. "Ainda dava tempo de voltar, então voltei, olhei ao redor, enrolei o colchão. Não tinha tempo de levar mais nada... Não via ninguém mais em casa e desci atrás dele, gritando seus nomes para saber se tinham descido".

O governador de São Paulo, Márcio França, disse que esta foi "uma tragédia anunciada".

"É um prédio que não tem a mínima condição de moraria. A União não podia ter deixado ocorrer essa ocupação", manifestou-se.

"Do ponto de vista de segurança, o prédio era uma bomba-relógio", concordou Peixoto.

"Não havia segurança, a instalação elétrica não era adequada, não havia escada de emergência, o lixo se amontoava, havia tudo o necessário para que ocorresse um enorme incêndio", lamentou o bombeiro.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou em uma coletiva de imprensa que fazia semanas que funcionários do município tentavam convencer os moradores do prédio a deixar o local devido às péssimas condições de habitabilidade, mas as famílias se recusavam.

Nos anos 1980, o prédio chegou a sediar a Polícia Federal na cidade e sua decadência começou a partir de 2001, segundo o jornal Folha de S. Paulo.


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