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Estado de Minas

Um Piñera mais social se anuncia no Chile


postado em 12/03/2018 18:48

Os primeiros anúncios do novo presidente Sebastián Piñera foram sociais, propondo pactos nacionais para superar as desigualdades e a pobreza a fim de arrecadar o apoio da oposição e transformar o Chile no primeiro país desenvolvido da América Latina.

Em seu primeiro discurso aos chilenos no La Moneda ao fim de um longo dia, o presidente lançou neste domingo à noite seu primeiro desafio, pedindo a unidade e propondo cinco "grandes" acordos nacionais.

Seu objetivo declarado é mudar a sorte dos menores de idade em risco acolhidos em centros do Estado, melhorar a segurança cidadã, oferecer uma saúde de qualidade para todos, alcançar a pacificação em Araucanía, onde vivem os povos originários mapuches que reivindicam suas terras ancestrais e derrotar a pobreza mediante o desenvolvimento.

A maioria, são assuntos pendentes do governo da socialista Michelle Bachelet, em particular a infância vulnerável. Aproximadamente 1.313 menores de idade acolhidos nesses centros morreram na última década e cerca da metade dos acolhidos acabam no crime.

O primeiro ato oficial de Piñera foi, precisamente, uma visita a um desses centros onde anunciou uma profunda reforma do Serviço Nacional de Menores (Sename).

Sem maioria em um Parlamento fortemente fragmentado e uma oposição que ficou muito dividida após o desmoronamento da Nova Maioria, a coalizão que levou Michelle Bachelet ao poder em 2014, o presidente conservador invocoi a "saudável cultura do diálogo, os acordos e a colaboração" como forma de governo para tentar captar apoio, em particular na Democracia Cristã.

Muito pragmático, como bom empresário de sucesso, e com a experiência de seu primeiro governo (2010-2014), Piñera "anunciou claramente o foco que terá neste período: encontrar um governo de unidade nacional", disse o cientista político da Universidade de Santiago Marcelo Mella.

Para isso, acrescenta, "é preciso comprometer o centro político com políticas, para construir uma maioria" que o permita não somente ter bons resultados em seu governo nos problemas que preocupam a sociedade, como catapultar a direita a ocupar o espaço que desde o final da ditadura, em 1990, ocupou a centro-esquerda com uma só interrupção, a sua ao final do primeiro mandato de Bachelet (2006-2010).

- A chave, a economia -

Após o período reformador de Bachelet, mas com pouco crescimento, os chilenos elegeram o multimilionário, cuja fortuna é de aproximadamente 2,7 bilhões de dólares segundo a revista Forbes, por suas promessas de melhorar a economia para incluir em oito anos o país sul-americano no hall de nações desenvolvidas.

O ministro da Fazenda chileno, Felipe Larraín, anunciou nesta segunda-feira uma revisão da reforma tributária para simplificá-la. O mesmo acontecerá com a reforma trabalhista, dois dos legados de Bachelet.

A alta do preço do cobre, produto do qual o Chile é o principal produtor mundial, voltou a impulsionar o crescimento econômico. Em janeiro, a economia chilena cresceu 3,9%, o que levou alguns analistas a elevar as previsões de crescimento para este ano para acima dos 3%.

Os analistas do banco espanhol BBVA, que está a ponto de se retirar do Chile, asseguram em um relatório publicado nesta segunda-feira que a "melhora na confiança e no ajuste em alta em expectativas de crescimento contrasta ainda com alguma debilidade do mercado de trabalho e persistentes gargalos de capacidade".

"O mercado trabalho continua fraco, com nula criação de emprego assalariado privado, e sustentado em criação de emprego público, em que deve se recuperar durante o ano", advertem.

Com uma dívida pública próxima a 60 bilhões de dólares -que no ano passado valeu ao Chile o primeiro rebaixamento de nota creditícia em 25 anos-, uma das equações desse governo será conter o gasto público, reformar o Estado e aumentar os gastos sociais.

A baixa produtividade e a alta desigualdade social representam um obstáculo para que a economia chilena alcance seu pleno potencial, advertiu recentemente a OCDE em seu último relatório sobre o Chile.

Consequentemente, Piñera tem o triplo desafio de aumentar a produtividade, melhorar a competitividade do país e reduzir a desigualdade.


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