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Estado de Minas

Habitantes da Sibéria medem a poluição e podem ser julgados por isso


postado em 08/02/2018 14:48

Irritados com a falta de ação das autoridades diante da poluição que cobre sua região, os vizinhos de Krasnoyarsk, uma cidade industrial da Sibéria, decidiram eles próprios medir a poluição, mesmo correndo o risco de enfrentar a justiça.

Com um milhão de habitantes e dezenas de indústrias, incluindo uma das maiores fábricas de alumínio do mundo, Krasnoyarsk está na lista das cidades mais poluídas da Rússia, de acordo com um recente relatório do Ministério da Ecologia.

Mas, à medida que as pesquisas sobre a qualidade do ar não avançam, alguns vizinhos, seguindo os passos de Igor Shpekht, um técnico em informática de 34 anos, decidiram medir por conta própria as taxas de poluição.

"Um nevoeiro cobre regularmente Krasnoyarsk, as pessoas têm problemas para respirar, mas os serviços meteorológicos garantem que a taxa de elementos nocivos não excede os padrões", indigna-se Igor Shpekht.

"Por causa dessa incoerência, temos a impressão de sermos enganados. Depois de vários anos de inatividade do Ministério da Ecologia e dos serviços meteorológicos locais, decidimos medir por nós mesmos as taxas de poluição", explica à AFP.

Igor Shpekht instalou sete dispositivos, fabricados na França, para medir partículas finas e publicar as medidas em tempo real no site krasnoyarsknebo.ru.

Os resultados mostram reiteradamente níveis acima do desejado, e às vezes, muito acima.

Diante da proliferação na Rússia de queixas sobre o assunto, as autoridades admitiram que o sistema de medição da qualidade do ar era deficiente.

O presidente Vladimir Putin, em visita a Krasnoyarsk em 7 de fevereiro, ordenou às autoridades locais que desenvolvessem o mais rápido possível um plano para melhorar a situação ecológica.

- Avaliar a contaminação 'sem licença' -

Os dispositivos instalados por Igor Shpekht registram o nível de partículas PM2,5, muito finas porque medem menos de 2,5 microns de diâmetro e especialmente tóxicas, pois penetram profundamente no trato respiratório.

O projeto dos moradores de Krasnoyarsk provocou inicialmente a indignação das autoridades russas, que muitas vezes desconfiam das iniciativas individuais.

Os serviços meteorológicos locais apresentaram uma queixa contra Shpekht por ter avaliado a contaminação "sem licença".

"Os habitantes podem medir a taxa de poluição, mas, de acordo com a lei, não têm o direito de publicar esses dados na internet", disse a porta-voz do departamento de meteorologia em Krasnoyarsk, Oksana Salnikova, à AFP.

A especialista reconheceu, no entanto, que seu serviço, sem financiamento, não possuía equipamentos para medir níveis de partículas PM2,5.

Finalmente, o Ministério da Ecologia e sua delegação local defenderam a iniciativa dos habitantes e a justiça rejeitou a denúncia.

"Estamos em contato com os ambientalistas e, no final, sob sua pressão, o Ministério adquiriu equipamentos para medir partículas de PM2,5", disse à AFP uma porta-voz do Ministério da Ecologia na região de Krasnoyarsk.

Igor Shpekht adverte, no entanto, que a ameaça de um julgamento não está totalmente descartada. E parece preparado: "Nós gostaríamos que o processo ocorresse para demonstrar de uma vez por todas que estamos certos".


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