O homem que atropelou um grupo de muçulmanos que saía de uma mesquita de Londres, em junho de 2017, matando uma pessoa, foi condenado nesta sexta à prisão perpétua com um mínimo de 43 na cadeia.
Darren Osborne, de 48 anos, que era obcecado por muçulmanos, segundo a promotoria, havia se declarado inocente das acusações.
"Ele planejou e realizou o atentado por causa de seu ódio pelos muçulmanos", declarou a promotora Sue Hemming após divulgado o veredicto de culpado.
"Fomos muito claros desde o princípio que se tratou de um atentado terrorista, e agora ele deve enfrentar as consequências de suas ações", destacou.
"Tratou-se de um ataque terrorista. Você procurou matar", afirmou a juíza Bobbie Cheema-Grubb ao anunciar o veredicto, encerrando nove dias de julgamento no tribunal londrino de Woolwich.
Ela afirmou que Osborne se radicalizou na internet.
A sentença foi anunciada após uma hora de deliberações entre os jurados. Eles consideraram "inventada" a existência de um cúmplice que estaria ao voltante no momento do ataque, conforme declarado pelo réu.
A família de Makram Ali, o homem de 51 anos que morreu no ataque, comemorou a decisão da Justiça.
"Estamos satisfeitos com o veredicto", declarou a filha da vítima. "Foi particularmente difícil para nós sentar no tribunal e escutar Darren Osborne negar ter feito qualquer coisa".
O acusado, pai de quatro crianças, desempregado e sem amigo próximo, atropelou o grupo de fiéis quando os integrantes haviam parado de andar para ajudar um homem que acabara de desmaiar e acabou morrendo no ataque.
Além disso, outras 12 pessoas ficaram feridas.
Os fatos ocorreram pouco depois da meia-noite. Em pleno Ramadã, os muçulmanos praticamente comparecem à mesquita depois do Iftar, o final do jejum ao cair da noite, para participar de uma oração.
Esse foi o quinto atentado que o Reino Unido sofreu em poucos meses.
Um porta-voz do governo disse que Darren Osborne cometeu "um ataque espantoso e covarde". "Eu acho que foi um ato de terrorismo", acrescentou.
Ele lembrou que "a primeira-ministra Theresa May pediu claramente às empresas da web que intensificassem seus esforços para suprimir conteúdo extremista on-line", para que a internet "não possa mais ser um espaço seguro para terroristas".
A companheira de Darren, com quem vivia em Cardiff, no País de Gales, descreveu um homem "depressivo, alcoólatra, obcecado pelos muçulmanos nas semanas que precederam o incidente", segundo seu testemunho citado pelo promotor.
"O catalisador de sua obsessão parece ter sido a exibição da série da BBC 'Three girls' que eles assistiram juntos", explicou.
Esta obra de ficção sobre fatos reais contava a história de jovens vítimas de estupros e agressões sexuais cometidas por um grupo de muçulmanos britânicos de origem paquistanesa na periferia de Manchester.
Após ver a série, Darren Osborne se "revoltou contra o que ele acreditava ser uma resposta inadequada dos líderes políticos e outras autoridades a tal conduta criminosa", afirmou a juíza.
Darren Osborne havia explicado que inicialmente pretendia atacar uma passeata a favor dos palestinos organizada nas ruas da capital britânica.
Ele não conseguiu chegar até o local da passeata em razão dos bloqueios nas estradas e então partiu em direção aos muçulmanos que saiam da mesquita de Finsbury Park.