O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, comparou a destituição da procuradora-geral Luisa Ortega - decidida neste sábado pela Assembleia Constituinte - com a da procuradora-geral americana, Sally Yates, pelo mandatário Donald Trump.
Maduro rechaçou as críticas internacionais ao caso de Ortega e aludiu à decisão de Trump, no fim de junho, de destituir Yates, após ela se recusar a defender um veto migratório da Casa Branca.
"Salvo as distâncias morais e éticas, nos Estados Unidos, quando Donald Trump emitiu essa aberração de decreto vergonhoso contra nossos povos, criminalizando os imigrantes, processo que foi esquecido, quem comandava o Ministério Público se opôs, e quase tiraram a procuradora aos chutes. Eu não vi a OEA, o Clarín e a CNN dizerem nada", disse à Rádio Rebelde da Argentina.
Maduro afirmou que a funcionária venezuelana - antiga aliada do governo - mentiu em um procedimento legal.
"Está acontecendo um processo (contra a procuradora) porque ela mentiu em processos públicos, constitucionais, e a mentira ficou provada", prosseguiu, em alusão à remoção de Ortega, que o acusa de ter "ambições ditatoriais".
Ele se refere a uma controvérsia pela designação dos magistrados do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em 2015, que, segundo a funcionária, teve várias irregularidades.
Ortega garante que não endossou o processo, uma faculdade que tem como parte do chamado Poder Moral, mas os demais integrantes do órgão desmentiram ela, afirmando que de fato aprovou os nomes.
Por isso, neste sábado o TSJ suspendeu ela do cargo, mas a Assembleia Constituinte, que iniciou sessões nesta manhã, foi além e lhe destituiu.
Maduro lembou que Ortega se negou a comparecer à audiência do processo contra ela na Justiça, e disse confiar que ele "continue com plenas garantias".
Que "se cumpram os passos necessários, se tomem as decisões ajustadas de acordo com a lei de um país independente, livre, como a Venezuela", completou.