O presidente russo Vladimir Putin deu uma declaração nesta quinta-feira afirmando que a Rússia nunca esquecerá a derrubada do avião militar na fronteira síria e que os turcos "vão lamentar o que fizeram".
"Não esqueceremos jamais (...) os que atiraram pelas costas contra nossos pilotos", declarou o presidente durante seu discurso anual sobre o estado da nação. "Não entendo por quê fizeram isto. Apenas Alá sabe (...) Vão lamentar o que fizeram".
"Parece que Alá decidiu castigar o bando no poder na Turquia, privando-o de razão e bom senso", insistiu. "Não é preciso esperar de nossa parte uma reação nervosa, histérica, perigosa para nós e para o mundo inteiro. Não vamos brandir as armas", prometeu.
"Mas se alguém acha que vai se livrar de um crime de guerra tão vil (...) com tomates ou sanções no setor das obras públicas, se equivocam gravemente. Não é a última vez que recordaremos o que fizeram, nem a última, pois vão lamentar o que fizeram", ameaçou.
O presidente russo chegou a afirmar que o caça foi abatido porque os turcos queriam proteger o tráfico de petróleo com o grupo Estado Islâmico (EI). "Temos todas as razões para acreditar em que a decisão de abater o nosso avião foi ditada pelo desejo de proteger as rotas de circulação do petróleo para o território turco", afirmou Putin, durante uma coletiva de imprensa à margem da COP21 de Paris.
"Recebemos informações complementares que, infelizmente, confirmam que esse petróleo, produzido em zonas controladas pelo EI e por outras organizações terroristas, é encaminhado maciçamente, de maneira industrial, para a Turquia".
Erdogan reagiu afirmando que "se (as acusações de Putin) forem comprovadas, a dignidade da nossa nação exigirá que eu abandone minha função".
Citado pela agência estatal Anatolia, Erdogan afirmou que a Turquia realiza todas as suas importações energéticas "pelos caminhos legais". "Não somos desonestos a ponto de realizar este tipo de comércio com grupos terroristas. Todo mundo deve saber disto".
Na semana passada, Moscou já havia acusado Ancara de "proteger" os jihadistas do EI e de acobertar o contrabando de petróleo, uma das principais fontes de financiamento do grupo. As declarações foram feitas depois do abate de um bombardeiro Su-24 por parte da Força Aérea turca, perto da fronteira síria. (Com AFP)