Pequim, 22 - As agências de inteligência de alguns países do Ocidente avaliaram a possibilidade de grampear as lojas de software para aparelhos móveis, bem como um browser móvel da web atualmente de propriedade do grupo chinês Alibaba Holding, segundo um documento vazado pelo ex-funcionário terceirizado dos Estados Unidos Edward Snowden.
A notícia é divulgada dois anos após os vazamentos de Snowden levarem companhias de tecnologia a pedir que Washington reveja suas práticas de vigilância, enquanto também provocaram críticas de aliados dos EUA, como a Alemanha. O browser móvel em foco se chama UC Browser e é popular em boa parte da Ásia - a revelação ocorre em um momento de crescentes tensões entre Washington e Pequim em relação à seguridade cibernética.
Porta-vozes do Google e da Samsung recusaram-se a comentar o assunto.
Uma porta-voz do Alibaba disse que a empresa não havia visto o documento, mas não tinha evidências de que qualquer informação de seus usuários tenha sido subtraída. Para lidar com esses temores, a empresa pediu que seus usuários façam uma atualização do software para sua última versão, segundo o Alibaba. "Nós nos opomos fortemente a qualquer um que queira buscar os dados ou informações pessoais de nossos usuários", afirmou a porta-voz.
O documento foi divulgado na quinta-feira pelo Intercept - um site que tem realizado vazamentos de Snowden, um ex-funcionário terceirizado da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) - e pela canadense CBC News.
O documento, uma apresentação de slides descrevendo trabalhos feitos entre 2011 e 2012, mostrava que as agências de inteligência, entre elas a NSA e suas equivalentes no Canadá, no Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia, descobriram que poderiam acessar as conexões entre os servidores de aplicativos em outros países e seus consumidores.
Em relação ao UC Browser, as agências também descobriram que o aplicativo estaria vazando informações como o código que poderia identificar usuários de redes de celular e números de telefone celular, entre outros detalhes, segundo o documento.
Os governos e as embaixadas dos EUA, da Austrália, da Nova Zelândia e do Canadá não responderam imediatamente aos pedidos de comentário. A embaixada do Reino Unido em Pequim disse que o governo não comenta sobre questões de inteligência. Fonte: Dow Jones Newswires.