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Estado de Minas

Última homenagem a Manoel de Oliveira


postado em 03/04/2015 15:01 / atualizado em 03/04/2015 18:14

Portugal prestou uma última homenagem nesta sexta-feira ao seu decano, o cineasta português Manoel de Oliveira, que faleceu aos 106 anos após uma longa carreira que o levou do cinema mudo à era digital.


O cineasta foi enterrado no túmulo da família no cemitério de Agramonte, no Porto, sua cidade natal ao norte de Portugal, na presença de várias personalidades, entre elas John Malkovich.


"É muito difícil imaginar uma vida sem a luz de Manoel de Oliveira", reagiu o ator americano John Malkovich, que trabalhou com o cineasta e é apaixonado por Portugal.


"Teve uma vida incrível, é triste vê-lo partir", acrescentou.


O presidente português, Anibal Cavaco Silva, e o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho assistiram ao breve velório na Igreja de Cristo-Rei na presença da família do diretor, com exceção da viúva Maria Isabel, de 96 anos.


"Todos os portugueses estão com o coração apertado com a ideia de vê-lo partir. Ele fazia parte da nossa família", declarou Passos Coelho.


O caixão, coberto de flores amarelas e brancas, chegou ao cemitério sob os aplausos de centenas de fãs.


Como um último aceno póstumo, o diretor legou um longa-metragem autobiográfico inédito rodado em 1982, "Visita ou Memórias e confissões", que será lançado ao grande público ainda em abril.


A morte do cineasta gerou uma onda de emoção no mundo do cinema. E o governo português decretou dois dias de luto nacional em homenagem ao homem que contribuiu para fazer a cultura portuguesa brilhar no resto do mundo.


"Sentiremos falta de um grande homem e um grande cineasta que fez muito por Portugal", comentou um de seus netos, o ator Ricardo Trepa, que chegou na noite de quinta-feira ao velório, realizado no convento dos padres dominicanos no Porto.


O artista português trabalhou em diversos filmes de seu avô, entre eles "Je rentre à la maison" (2001), no qual Michel Piccoli encarna um velho ator que se pergunta sobre a solidão, a morte e a velhice após perder a família.


"Rodou quase todos os filmes que quis e conseguiu trabalhar até os 106 anos. Há 15 dias ainda estava produzindo sua última obra", disse à imprensa.


Com este último projeto inacabado, seu filme testamento será "O Velho do Restelo" (2014), que se inspirava no poema épico "Os Lusíadas", de Luis de Camões.


Ritmo desenfreado


"Manoel de Oliveira era muito especial, ao mesmo tempo sedutor e autoritário, com frequência encantador. Sobretudo tinha algo de artesão, trabalhava sem parar em seus filmes", declarou ao jornal Libération a atriz Catherine Deneuve, ao lembrar a filmagem de "O Convento" (1995).


Nascido em 11 de dezembro de 1908 na cidade do Porto, filho de um empresário apaixonado por cinema, Oliveira começou como figurante com 20 anos no cinema mudo, antes de passar para trás das câmeras.


O mago do cinema português, que produziu quase 50 filmes e documentários, rodou seu primeiro filme em 1931, mas produziu a maior parte de sua obra depois dos 60 anos.


Criador desenfreado, rodou praticamente um filme por ano a partir de 1985, entre eles "Le Soulier de Satin", de quase sete horas, adaptação da obra de teatro de Paul Claudel.


Entre suas outras obras, "Nao ou a Vã Glória de mandar" (1990), "A Divina Comédia" (1991), "Belle toujours" (2006) ou "O Gebo e a Sombra" (2012).

 


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