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Estado de Minas

Cerca de 2,5 milhões de eleitores vão às urnas no Uruguai para escolher o presidente

Pesquisas sugerem que nenhum dos dois principais candidatos à presidência do Uruguai conquistará a maioria dos votos válidos na eleição de hoje


postado em 26/10/2014 00:12 / atualizado em 26/10/2014 09:58


Montevidéu – Pesquisas sugerem que nenhum dos dois principais candidatos à Presidência do Uruguai, de 3,7 milhões de habitantes, conquistará a maioria dos votos válidos na votação de hoje, levando a disputa para um segundo turno no dia 30 de novembro. A coligação Frente Ampla, do atual presidente José Mujica, de 79 anos, que ganhou notoriedade internacional por reformas sociais que incluem a legalização da maconha e do casamento gay, enfrenta o Partido Nacional, de centro-direita. O candidato da Frente Ampla, Tabaré Vazquez, de 74 anos, foi presidente do Uruguai entre 2005 e 2010. Seu principal oponente, o candidato do Partido Nacional, Luís Alberto Lacalle Pou, de 41 anos, é filho de um ex-presidente. Em um distante terceiro lugar está Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, cujo pai foi eleito presidente e se tornou um ditador. A pesquisa realizada pela Factum com 2.008 entrevistados entre 4 e 19 de outubro mostra Vazques com 44% das intenções de voto, seguido por Lacalle Pou, com 32%. Bordaberry tem 15% da preferência dos 2,5 milhões de eleitores.

Em um país onde a reeleição não é permitida, Mujica se candidatou a senador nas eleições de hoje. A fama que o presidente ganhou no mundo é a maior conquista de uma gestão marcada por avanços em leis sociais inovadoras, como a legalização da maconha, mas que deixou pelo caminho parte de suas promessas de campanha. Os pontos fortes de Mujica são que “manteve a proximidade com o povo, seu estilo de vida, sua humildade, sua capacidade de comunicação; tudo isso se manteve intacto do primeiro ao último dia e isso dá a ele altos índices de popularidade”, acima de 50%, diz Juan Carlos Doyenart, diretor da consultoria Interconsult. Segundo esse analista político, o maior êxito de Mujica é o prestígio internacional do líder porque “faz do Uruguai um país mais crível, mais confiável para se investir e isso não é pouco”. “Em um mundo tão descrente das classes dirigentes, onde há tantos presidentes e primeiros-ministros corruptos, aparece um homem como Mujica e deslumbra com sua filosofia popular”, considera Doyenart.

Pouco aberto a convencionalismos, este ex-guerrilheiro de 79 anos, que chegou ao poder em 2010 para um mandato de cinco anos, atraiu as atenções do mundo com seu estilo humilde e com um discurso contra o consumismo. Ele ganhou um lugar de destaque – que o levou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz – com a descriminalização do aborto, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a regulação do mercado de maconha, o refúgio a famílias sírias e seu plano de receber presos de Guantánamo. O problema daquele que é popularmente conhecido como Pepe “é que prometeu muitas coisas que não conseguiu cumprir”, avaliou Doyenart. “Não houve reforma da educação, não houve reforma do Estado, não houve investimentos em infraestrutura, não há porto transoceânico”, nem trens, diz, referindo-se a vários projetos do mandatário.

Nem tudo foi culpa, no entanto, do governante, segundo esse analista, que ressalta o estilo conciliador “que não permitiu que muitas coisas pudessem ser concretizadas tentando agradar a todas as partes”. Além disso, a coalizão de esquerda Frente Ampla, que reúne 12 partidos, promoveu as políticas em torno das quais já havia consenso durante o primeiro governo de Tabaré Vázquez (2005/2010), novamente candidato nestas eleições. “Mujica procurou melhorar a educação e a competitividade do país”, questões que causavam uma forte divisão entre seus próprios aliados. “Nas duas coisas ele não conseguiu nada”, diz Doyenart.

CRESCIMENTO Mujica deixará para seu sucessor, que vai assumir em março de 2015, um país que soma 11 anos consecutivos de crescimento, com uma taxa de desemprego em torno de 6% e uma forte queda da pobreza. “Ter mantido a economia em crescimento, os indicadores sociais, o desemprego sob controle e a agenda de novos direitos são conquistas dignas de destaque”, salienta o cientista político Daniel Chasquetti. “Não pude cumprir meu programa eleitoral. Mas isso não me frustra”, afirmou o próprio Mujica em maio deste ano. Anteontem, ele admitiu a jornalistas que chega cansado ao fim de seu mandato. “Estou cansado de uma longa viagem, mas preciso seguir.”


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