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Estado de Minas

Ucrânia e separatistas pró-russos assinam acordo de cessar-fogo

O conflito entre separatistas e Kiev já deixou mais de 2.600 ucranianos mortos


postado em 05/09/2014 12:37 / atualizado em 05/09/2014 14:39

Soldados do Exército ucraniano faziam ronda em estradas próximas de área em que foram registrados disparos feitos por separatistas, horas antes do acordo de cessar-fogo ser firmado (foto: AFP PHOTO/PHILIPPE DESMAZES)
Soldados do Exército ucraniano faziam ronda em estradas próximas de área em que foram registrados disparos feitos por separatistas, horas antes do acordo de cessar-fogo ser firmado (foto: AFP PHOTO/PHILIPPE DESMAZES)

O governo de Kiev e os rebeldes pró-russos anunciaram a assinatura de um cessar-fogo que entra em vigor nesta sexta-feira às 15H00 GMT (12H00 de Brasília), durante uma reunião em Minsk para colocar fim a cinco meses de confrontos no leste da Ucrânia.

"Confirmo que estamos dispostos a respeitar o protocolo de acordo assinado e parar os combates às 18H00, hora de Kiev (15H00 GMT)" desta sexta-feira, declarou à imprensa o "primeiro-ministro" da autoproclamada República Popular de Lugansk, Igor Plotnitski.

O presidente ucraniano Petro Poroshenko ordenou suas tropas a cessar as hostilidades no leste do país a partir das 15h00 GMT, após anunciar em seu Twitter a assinatura de um "protocolo preliminar" para um cessar-fogo com os rebeldes.

O Kremlin reagiu, dizendo que espera que o acordo de cessar-fogo seja "respeitado ponto por ponto". "Moscou espera que todas as disposições do documento e os acordos obtidos (em Minsk) serão respeitados por todas as partes, e que o processo de negociação em vista de uma solução completa à crise na Ucrânia prossiga", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Do lado ucraniano, o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk afirmou que o sucesso do cessar-fogo também depende da retirada das tropas russas do Leste do país. “O plano de paz deve incluir um cessar-fogo, a retirada do exército russo e o restabelecimento das fronteiras”, disse durante uma reunião do Executivo.

Já o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que declarou seu ceticismo quando ao plano de paz proposto pela Rússia, indicou que espera que o anúncio de cessar-fogo seja o primeiro passo para um processo político. "Uma coisa é declarar um cessar-fogo, mas a próxima etapa crucial é a aplicação de boa fé (do cessar-fogo) e isso precisa ser visto", declarou em coletiva de imprensa ao final da cúpula da Otan em Newport.

Pelo último mês moradores da região de Donestk têm se abrigado em escolas, fugindo das trocas de tiros entre Exército e separatistas(foto: FRANCISCO LEONG / AFP)
Pelo último mês moradores da região de Donestk têm se abrigado em escolas, fugindo das trocas de tiros entre Exército e separatistas (foto: FRANCISCO LEONG / AFP)


Confrontos no leste
Não há indicações sobre a duração desta trégua, que constitui uma vitória para os separatistas e a Rússia, na medida em que poderá endossar a perda de Kiev de várias cidades do leste da Ucrânia após o avanço nas últimas semanas dos rebeldes, apoiados por militares russos.

Apesar das negociações conduzidas na capital de Belarus, intensos combates foram travados nesta sexta-feira nos subúrbios da cidade estratégica portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia, enquanto diversas explosões perto do reduto rebelde de Donetsk foram ouvidas durante a madrugada.

Mas, segundo jornalistas da AFP no local, após o anúncio de cessar-fogo os combates pararam nos arredores de Mariupol. Na estrada entre Makiivka e Yasinuvata, a nordeste de Donetsk, um grupo de separatistas custava a acreditar no cessar-fogo, já que uma de suas posições acabava de ser bombardeada.

Desviando de sanções
O acordo entre Kiev e os rebeldes, apoiado pelo presidente Vladimir Putin, poderia permitir a Moscou evitar novas sanções que o Ocidente está prestes a tomar. Os Estados Unidos preparam, em estreita coordenação com a União Europeia, novas sanções econômicas contra a Rússia para aumentar a pressão sobre o Kremlin, acusado de incitar a crise que já custou cerca de 2.600 vidas desde abril. O chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, no entanto, declarou nesta sexta-feira que as novas sanções poderiam ser suspensas em caso de cessar-fogo.

A trégua alcançada durante as discussões do "grupo de contato", reunindo a Rússia, a Ucrânia, os separatistas e a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), está muito distante do plano de paz desejado pelo primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk.
Ele lembrou que o plano de paz deveria incluir "a retirada das tropas russas, dos bandos e dos terroristas (os separatistas) e o restabelecimento da fronteira".

Mas a margem de manobra parece pequena para Kiev, com as tropas do presidente Poroshenko perdendo terreno a cada dia.

Força rápida da Otan

Frente a atitude da Rússia na Ucrânia, a Aliança Atlântica anunciou nesta sexta-feira a criação de uma força de resposta rápida, que pode ser implantada em poucos dias em caso de escalada da crise, e que manteria uma presença permanente no leste europeu.

A assinatura do acordo de cessar-fogo ocorre após o presidente russo, Vladimir Putin, apresentar um plano de paz de sete pontos, no qual pede que as forças governamentais ucranianas se retirem das regiões industriais de Donetsk e Lugansk.

Os ocidentais suspeitam das intenções do presidente russo que, descontente com o acordo de associação econômica assinado em junho entre a Ucrânia e a União Europeia, tenta a qualquer custo manter estas regiões dependentes do comércio com a Rússia.

Prova desta desconfiança, Anders Fogh Rasmussen declarou na quinta-feira que "a Rússia combate contra a Ucrânia, na Ucrânia. As tropas e tanques russos atacam as forças ucranianas. Enquanto fala de paz, a Rússia não faz um único movimento para tornar a paz possível".


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