O ex-chefe de redação do extinto tabloide inglês News of the World, Andy Coulson, foi considerado culpado nesta terça-feira no julgamento pelos grampos telefônicos de políticos e celebridades, enquanto que Rebekah Brooks, braço-direito do magnata Rupert Murdoch, foi absolvida no mesmo processo.
O júri britânico anunciou os veredictos após oito dias de deliberações, depois de um julgamento de oito meses sobre o escândalo que provocou o fechamento do tabloide de Rupert Murdoch em julho de 2011.
Coulson, que precisou renunciar como assessor de imprensa do primeiro-ministro David Cameron pelo escândalo, enfrenta uma pena de prisão após a condenação do tribunal de Old Bailey em Londres.
Já Rebekah Brooks, que havia sido uma das conselheiras mais notórias do proprietário do jornal, o magnata Murdoch, foi absolvida das acusações de conspiração para interceptar chamadas telefônicas e para pagar funcionários por informações.
A condenação de Coulson levou Cameron a apresentar suas desculpas por tê-lo contratado a pedido de seu atual ministro das Finanças, George Osborne, estrela do gabinete.
"Sinto sinceramente por tê-lo contratado. Foi uma decisão equivocada e digo isso claramente", declarou Cameron em um comunicado.
No total, cinco dos sete acusados foram absolvidos - incluindo Rebekah e seu marido, Charlie Brooks - e um foi declarado culpado, Coulson. Já o editor de temas monárquicos, Clive Goodman, aguarda, assim como Coulson, que o júri se pronuncie sobre as outras acusações.
Escândalo dos reveladores de escândalos
O julgamento em si estava carregado de sua própria dose de escândalo, já que se soube que os dois acusados, Brooks e Coulson, tinham um caso extraconjugal quando trabalhavam no semanário.
Os detalhes da aventura - incluindo as cartas de amor - foram generosamente divulgados pela promotoria.
Goodman, que foi editor de temas reais no tabloide, explicou que a princesa Diana de Gales lhe deu os números de telefone privados dos membros da Casa Real porque buscava um aliado para atacar o príncipe herdeiro Charles após seu divórcio.
Também foram apresentadas mensagens comprometedoras nas quais o ex-primeiro-ministro britânico trabalhista Tony Blair oferecia assessoramento a Brooks neste caso.
A cobertura midiática do caso foi tão grande que o juiz John Saunders convocou os membros do júri a agir de acordo com o juramento que prestaram e a se esquecer de todo o resto.
"Têm que pronunciar veredictos verdadeiros de acordo com as provas. As provas que ouviram no julgamento. Eliminem de sua mente qualquer coisa que tenham ouvido fora do julgamento", aconselhou.
Indignação por espionagem de menina assassinada
O News of the World foi em certo momento o semanário mais vendido da Grã-Bretanha, com mais de 2,5 milhões de exemplares semanais, graças, em grande parte, as suas exclusivas sobre a vida privada dos famosos.
Supostamente, muitas destas exclusivas eram obtidas através do acesso ilegal às conversas telefônicas privadas de seus protagonistas.
Murdoch fechou o News of the World no dia 10 de julho de 2011 depois de 168 anos em circulação, quando sua situação se tornou insustentável à medida que seus métodos eram revelados.
As vítimas dos grampos telefônicos eram principalmente celebridades, de políticos a atletas, artistas e membros da família real, mas também pessoas comuns que por algum motivo chegaram às páginas dos jornais.
Por exemplo, a menina de 13 anos Milly Dowler, desaparecia em 2002 e que finalmente foi encontrada assassinada.
O jornal grampeou seu telefone e chegou a apagar mensagens para liberar espaço na memória, fazendo os investigadores acreditarem que a menina estava viva.