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Estado de Minas

Premiê turco declara guerra à Internet e bloqueia o Twitter

A intolerância do político, que ocorre a oito dias de eleições municipais, irrita a população, a comunidade internacional e até o presidente da Turquia


postado em 21/03/2014 15:52 / atualizado em 21/03/2014 16:39

Turcos carregam placas em protesto contra o autoritarismo do primeiro ministro Tayyip Erdogan, que quer bloquear no país o twitter e outras redes sociais(foto: ADEM ALTAN/AFP)
Turcos carregam placas em protesto contra o autoritarismo do primeiro ministro Tayyip Erdogan, que quer bloquear no país o twitter e outras redes sociais (foto: ADEM ALTAN/AFP)

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou guerra aos internautas na quinta-feira ao ordenar o bloqueio do Twitter no país, provocando uma onda de críticas, como as do próprio presidente turco, Abdullah Gul, a oito dias das eleições municipais. A autoridade de telecomunicações (TIB) proibiu na noite de quinta-feira o acesso a esta rede social, que divulgou anteriormente conversas por telefone de Erdogan que o envolvem em um escândalo de corrupção.

Entre os protestos levantados pela medida classificada de censura destaca-se a do presidente turco, Abdullah Gul, que condenou explicitamente a decisão do primeiro-ministro. "Não podemos aprovar um bloqueio total de uma plataforma de redes sociais (...) Espero que esta situação não dure muito tempo", escreveu o presidente em sua conta no Tiwitter. Gul já havia expressado suas divergências com Erdogan quando o primeiro-ministro ameaçou, no mês passado, proibir YouTube e Facebook.

Já o Partido Republicano do Povo (CHP), principal partido opositor, e o presidente da Associação de Advocacias Turcas (TBB), Metin Feyzioglu, pediram à justiça a retirada desta proibição. "É uma violação incrível dos direitos fundamentais e das liberdades", indicou à AFP o deputado do CHP Aykan Erdemir, para quem a "Turquia faz parte, a partir de agora, dos países mais autoritários em matéria de liberdades na rede".

Em meio a uma campanha eleitoral tensa pelos casos de corrupção que atingem o governo, Erdogan anunciou na quinta-feira a sua intenção de proibir o Twitter diante de milhares de partidários em Bursa (oeste). "Apagaremos o Twitter do mapa. Não me importa o que a comunidade internacional diga", disse. "A liberdade não autoriza a intrusão na vida privada", acrescentou. No entanto, os internautas, que foram convocados através das redes sociais, puderam ter acesso a essa rede social através de outros servidores, apesar do bloqueio.

O acesso ao Twitter, que conta com mais de 10 milhões de usuários na Turquia, só continuava bloqueado na manhã desta sexta-feira em uma parte dos telefones celulares turcos. Nas redes sociais circulam convocações para protestos nesta sexta nas grandes cidades do país.

A decisão turca também provocou críticas internacionais

O Departamento de Estado americano denunciou a medida nesta sexta, e indicou que a decisão é "contrária ao desejo da Turquia de ser um modelo de democracia".

O comissário europeu de Ampliação e Política de Vizinhança, Stefan Fule, mostrou-se muito preocupado e lembrou a Ancara, candidato à adesão, que "o uso das redes sociais é uma liberdade fundamental da União Europeia".

Ação autoritária

Já os adversários políticos de Erdogan viram nessa decisão uma ação autoritária do primeiro-ministro, no poder desde 2002. "O ditador deu um passo perigoso", declarou um porta-voz do CHP, Haluk Koç.

Desde meados de dezembro, o governo turco está mergulhado em um escândalo de corrupção sem precedentes. Erdogan acusa seus ex-aliados da irmandade do imã Fethullah Gulen de estarem por trás das acusações de corrupção contra seu governo para desestabilizá-lo antes das eleições municipais e presidenciais.

Neste contexto, em fevereiro o Parlamento turco aprovou uma lei que reforça o controle na Internet. O ministro das Telecomunicações, Lutfi Elvan, justificou a proibição do Twitter, afirmando que "é uma decisão jurídica, e não política". "Temo que o YouTube e o Facebook sejam os próximos alvos antes das eleições municipais", indicou à AFP o professor de Direito da universidade privada Bilgi de Istambul, Yaman Akdeniz.


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