O homem suspeito de atacar um templo Sikh no Wisconsin, matando seis pessoas, era um ex-"especialista em operações psicológicas" do exército americano, informou o Pentágono nesta segunda-feira.
Wade Michael Page, morto pela polícia durante o incidente, tinha 40 anos e serviu entre abril de 1992 e outubro de 1998, encerrando sua carreira em Fort Bragg, na Carolina do Norte.
Como especialista em operações de guerra psicológica, seu trabalho consistia em reunir informação e influenciar as pessoas de forma favorável aos interesses americanos.
Page, que entrou no exército com 20 anos e o abandonou seis anos mais tarde sem ter realizado operações no exterior, também foi um reputado paraquedista.
Agentes do FBI e da polícia local inspecionavam nesta segunda-feira a residência do suposto autor do tiroteio em Cudahy, um subúrbio de Milwaukee, a apenas quatro quilômetros da região onde se encontra o templo Sikh.
No domingo à noite, a polícia ordenou a evacuação de três quadras ao redor da casa do assassino, em Cudahy, uma localidade próxima de Milwaukee, a quase quatro quilômetros do templo sikh. A área foi isolada.
Alguns vizinhos o descreveram como um homem agradável e tranquilo. Ele teria iniciado o tiroteio às 10H30 (12H30 de Brasília) nos arredores do templo, que recebia muitas pessoas para uma cerimônia.
A polícia confirmou que ele foi morto por um agente, que compareceu ao local depois de receber uma alerta dos serviços de emergência.
Inicialmente, a polícia temia a presença de um segundo atirador, mas depois descartou a possibilidade.
A tragédia aconteceu no momento em que o país continua comovido com o massacre do cinema Aurora em 20 de julho, quando James Holmes, de 24 anos, abriu fogo durante a exibição do filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", matando 12 pessoas e deixando 58 feridos.
A embaixada indiana informou estar em contato com autoridades americanas, e que enviou um diplomata ao templo de Wisconsin. Também assinalou que o consulado indiano em Chicago estava "monitorando este incidente trágico".
"Não identificamos outro atirador", informou a embaixada, contradizendo rumores de que havia vários atiradores.
O diretor do templo, Satwant Kaleka, foi ferido e internado, segundo o "The Milwaukee Journal Sentinel", que cita entre 20 e 30 vítimas no total. Unidades táticas policiais estavam no local do crime, além de forças de segurança de vários órgãos, entre elas membros do FBI.
Segundo o jornal, a congregação, estabelecida em 1999, possuía de 350 a 400 membros. A testemunha Suni Singh indicou à Newsradio 620 WTMJ que quatro atiradores poderiam estar escondidos no templo, mas a polícia não confirmou esta informação.
Cinquenta pessoas estavam em um templo próximo, em Brookfield, para uma cerimônia matutina. Muitas delas deixaram o local após a notícia do tiroteio em Oak Creek, informou o jornal.
Após se comunicar com pessoas que estavam na sede, um membro do comitê do templo, Ven Boba Ri, informou que o atirador era um homem branco, de cerca de 30 anos. "Parece muito com um crime de ódio. Ele não é um membro da comunidade", afirmou.
Segundo a tradição religiosa, os sikhs, originários da Índia, usam turbantes para cobrir o cabelo. Nos Estados unidos, costumam ser confundidos com muçulmanos, e já foram alvos de ativistas anti-islâmicos, principalmente após o 11 de Setembro.
A mais antiga organização muçulmana nos Estados Unidos, Ahmadiyya, condenou o tiroteio e pediu o reforço da educação religiosa para criar uma sociedade mais tolerante e pacífica.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, declarou nesta segunda-feira estar "profundamente comovido e entristecido" com o massacre.
"Que este ato sem sentido de violência tome como alvo um local de culto religioso é extremamente doloroso", declarou Singh, que é sikh.