(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Atirador da Noruega queria acabar com governo e matar todos na ilha


postado em 19/04/2012 15:23

O extremista de direita Anders Behring Breivik, julgado pela morte de 77 pessoas na Noruega, afirmou nesta quinta-feira que o objetivo de seus ataques era acabar com o governo norueguês e todas as pessoas que se encontravam na ilha de Uttoeya.

No quarto dia de audiências de seu julgamento em Oslo, Breivik explicou o planejamento de seus ataques, para os quais se preparou jogando videogames, e comentou sua frustração pela chacina não ter alcançado a magnitude originalmente planejada.

"O objetivo era matar todo mundo", afirmou o extremista de 33 anos, acrescentando que também pretendia capturar a ex-primeira-ministra Gro Harlem Brundtland - que estaria na ilha - e decapitá-la ante uma câmera para postar o vídeo na internet.

Seu objetivo também era matar todo o governo norueguês, incluindo o primeiro-ministro, e não apenas as oito pessoas que morreram na explosão no centro de Oslo. "O objetivo do ataque aos prédios de governo era matar todo o governo norueguês, incluindo o primeiro-ministro... e todo mundo no prédio", declarou.

A caminhonete repleta de explosivos que ele estacionou em 22 de julho de 2011 junto à torre de 17 andares que abriga a sede do primeiro-ministro trabalhista Jens Stoltenberg, que estava ausente no momento do atentado, tinha como alvo todos os membros do governo, segundo o réu.

A explosão deixou oito mortos, entre empregados e transeuntes.

Ao ouvir no rádio que o prédio não fora derrubado com a explosão e que, num primeiro momento, havia apenas uma vítima, Breivik disse ter achado que sua operação havia fracassado e, em seguida, foi à ilha para realizar a segunda parte de seus planos.

A meditação permitiu reprimir suas emoções, assegurou, dizendo ser uma pessoa empática.Na ilha, disparou durante mais de uma hora contra membros da Juventude Social-democrata, reunida num acampamento de verão, deixando um registro de 69 mortos, quase todos adolescentes.

Além dos disparos, planejou usar as águas glaciais do lago como "arma de destruição em massa" para acabar com todo mundo.

Inspirado pelos "jihadistas", explicou como pretendia degolar líderes trabalhistas, incluindo a ex-primeira-ministra Gro Harlem Brundtland, filmando tudo, e disparar para assustar os jovens e forçá-los a se jogar na água e morrer por afogamento ou hipotermia.

Segundo a polícia, 596 pessoas estavam no lugar naquele dia. "Não sou um assassino de crianças", garantiu Breivik, que disse achar que todos os participantes no acampamento eram maiores de 16 anos. "Considero que todos os militantes políticos que escolhem lutar a favor do multiculturalismo e que têm um mandato em tais organizações são objetivos legítimos", acrescentou.

Breivik também contou que se preparou desde 2006 para realizar seus ataques, treinando com videogames. Segundo ele, quando tinha 27 anos, voltou a morar na casa da mãe para se isolar totalmente e jogar "World of Warcraft" até 17 horas por dia. "Alguns sonham em dar a volta ao mundo num veleiro, outros sonham em jogar golfe. Eu sonhava em jogar 'World of Warcraft'", contou o réu.

De acordo com ele, não se tratava de um jogo violento, mas permitiu sua preparação mental para o massacre que desencadearia cinco anos mais tarde. Também confessou que jogava muito "Modern Warfare", um jogo de simulação de tiros. "Não gostava muito desse jogo, mas serviu para me treinar", comentou.

Disse que, já naquela época, sabia que posteriormente iria executar uma operação suicida, pois não pensava em sobreviver aos ataques de 22 de julho de 2011. Além disso, sabia que não queria morrer sem "ter realizado o sonho de toda uma vida". A ideia original, revelou, era executar no ano passado três atentados a bomba e, posteriormente, o tiroteio em Utoeya.

"O plano era explodir três carros carregados de bombas seguido pelo tiroteio", detalhou. Pouco depois, passou a treinar num clube de tiro e conseguiu armas que batizou com nomes inspirados na mitologia nórdica: seu fuzil era Gugnir e sua pistola Glock Mjoelner. Também chamava seu carro de Sleipner.

"Sabemos que as armas têm nomes da mitologia norueguesa e escolhi perpetuar uma tradição", explicou. Neste quarto dia, ao entrar no tribunal Breivik não repetiu a saudação extremista que fez nos dias anteriores, aparentemente atendendo ao pedido de seu advogado de defesa, Geir Lippestad, para que não o fizesse.

Nos três primeiros dias de julgamento, Breivik fez o gesto de bater no peito e levantar o braço direito com o punho fechado, que, segundo um manifesto publicado por ele na internet, significa "a força, a honra e o desafio aos tiranos marxistas da Europa".

Na véspera, Breivik afirmou que só a pena de morte ou a absolvição são veredictos justos para seu processo, mas guardou segredo sobre seus contatos com outros extremistas nacionalistas que teriam levado à criação dos Cavaleiros Templários, a organização mística à qual afirma pertencer.

"Há apenas dois desfechos justos neste caso: a absolvição ou a pena de morte", declarou o extremista de direita. "Uma pena de prisão de 21 anos é patética. Eu aceito a morte. Eu encarei a ação de 22 de julho como uma missão suicida", enfatizou. "Não esperava sobreviver".

A pena de morte não existe na Noruega. Se for declarado penalmente responsável por "atos de terrorismo", o extremista de direita de 33 anos pode ser condenado a 21 anos de prisão, pena que pode ser prolongada de forma indefinida se ele for considerado uma ameaça para a sociedade.

Se, ao contrário, os cinco juízes do tribunal de Oslo o declararem irresponsável em sua sentença prevista para julho, Breivik pode ser internado num hospital psiquiátrico.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)