Jornal Estado de Minas

HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO

Envolvido em morte de advogado se ofereceu para ajudar a encontrar vitima

As investigações da Polícia Civil (PCMG) apontaram que a morte do advogado criminalista Alexandre Mauro Barra Oliveira, de 34 anos, em Montes Claros, no Norte de Minas, foi arquitetada por um amigo íntimo dele. Segundo a apuração, logo após o desaparecimento de Alexandre, o suspeito chegou a comparecer à delegacia, juntamente com a mãe e a namorada do advogado, e chegou a “consolar” as duas, dizendo que iria “ajudar” na localização da vítima.





O “autor intelectual” e outras quatro pessoas envolvidas no crime foram indiciadas por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, utilizando meio cruel mediante traição e emboscada. O assassinato ocorreu em 13 de dezembro, dia do desaparecimento do advogado, cujo corpo foi encontrado no dia 19 de dezembro, concretado no quintal de uma casa. 

O crime alcançou grande repercussão e o inquérito do caso foi concluído terça-feira (17/1). Segundo a Polícia Civil, a motivação do assassinato está relacionada com a agiotagem que era praticada pelo advogado.  

A delegada Franciele Drumond, que presidiu o inquérito, explicou que o amigo íntimo de Alexandre Barra intermediava empréstimos feitos pelo advogado com juros abusivos. Ele pegava dinheiro emprestado com a vítima com juros de 10% a 20% ao mês e repassava para outros devedores com taxas acima de 40%.
 
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Segundo a delegada, o autor intelectual do homicídio, identificado apenas pela inicial F., de 35 anos, convenceu os outros quatro envolvidos a participarem do crime, considerando que eles deviam empréstimos ao advogado. 





Para isso, usou o argumento de que, com a morte de Alexandre Barra, eles teriam redução dos valores das dívidas e dos juros.

De acordo com Franciele Drumond, um envolvido devia cerca de R$ 200 mil de empréstimos captados junto ao advogado (montante principal e correção). Outros dois participantes do crime deviam R$ 40 mil e R$ 35 mil, respectivamente. Com a morte de Alexandre, explicou a delegada, o amigo dele e intermediador dos empréstimos poderia ficar com todo dinheiro.

O advogado Alexandre Mauro Barra Oliveira desapareceu em Montes Claros no dia 13 de dezembro de 2022. Dois dias depois, o carro dele, uma caminhonete Toro, foi encontrado abandonado na garagem de um motel em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
 
Na noite de 19 de dezembro, o corpo da vítima foi localizado no quintal de uma casa no Bairro Independência, em Montes Claros. O corpo tinha sido concretado. 
 
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Como foi o crime


De acordo com a delegada Franciele Drumond, Alexandre  Barra foi atraído pelo seu amigo F. até uma casa no Bairro Carmelo. Chegando à residência, o advogado foi rendido, junto com seu amigo, por outros três homens.





“A rendição era uma simulação, porque depois que colocaram um pano na cabeça da vítima, o amigo ajudou também na execução do crime”, afirma a policial. Ela explica que o advogado foi enforcado no mesmo local, no segundo pavimento da casa.
Em seguida, o corpo foi arrastado por uma escada, colocado no porta-malas de um carro e levado ao quintal da casa no Bairro Independência (perto do Bairro Carmelo), onde foi concretado. 

'Ato falho' ajudou desvendar homicídio


A responsável pelo inquérito disse que, logo após o sumiço do advogado, o amigo íntimo dele compareceu à delegacia para “denunciar” o desaparecimento, em companhia da mãe e da namorada de Alexandre Barra.

“Inclusive, ele as consolou falando que iria ajudar na localização do advogado”, revelou Franciele Drumond. 
No entanto, um ato falho do “amigo” e “interessado em ajudar a família” acabou chamando a atenção da polícia e mudou o rumo da investigação. Ainda quando o caso estava sendo investigado, o amigo de Alexandre Barra foi ouvido na delegacia.

“Ele estava sendo ouvido como testemunha. Mas, quando perguntado o que estava fazendo na delegacia, ele informou que estava ali para depor a respeito do homicídio do Alexandre. Isso foi um alerta para a polícia porque a gente nem tinha conhecimento de que ele (o advogado) tinha sido morto”, afirmou a delegada Franciele Drumond.