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Estado de Minas RETORNO

Caso Backer: depois de 926 dias, vítima de contaminação volta ao trabalho

Luiz Felippe Ribeiro foi recebido com festa na empresa onde voltou a atuar. Ele teve problemas renais e perdeu a audição após consumir a cerveja Belohorizontina


15/07/2022 19:13 - atualizado 15/07/2022 19:49
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Vítima de volta ao trabalho
Luiz Felippe foi recebido com festa na empresa (foto: Arquivo pessoal)
Dois anos e meio (ou mais precisamente 926 dias) separaram um terrível baque da importante data que marca um recomeço. Enfim, a camisa social cinza, a calça preta e os sapatos foram retirados do armário. Uma das vítimas da intoxicação da cerveja Belorizontina, o engenheiro metalurgista Luiz Felippe Teles Ribeiro, de 39 anos, voltou a trabalhar após ficar longo tempo em recuperação, lutando entre a vida e a morte. 
 
Morador do Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte, ele ainda sofre com as sequelas do consumo da Belorizontina, da cervejaria Backer. Além de problemas renais graves, perdeu toda a audição e precisa usar dois aparelhos para se comunicar com familiares e amigos. O sogro, Pascoal Demartine Filho, morreu depois de consumir a bebida. 

“Transformo todo esse sentimento (de ódio) em força para minha vitória diária, que é minha recuperação. Cheguei na minha casa sem mexer um dedo. Procuro transformar em motivação para minha família”, afirmou o engenheiro, recebido com festa no trabalho e direito à mensagem de “boas vindas”.

Vida normal com limitações

 
Felipe se prepara em sua casa para ir ao trabalho
Felipe ficou vários dias em coma no hospital (foto: Arquivo pessoal)
A partir de agora, a vítima tenta volta gradativamente à vida normal, ainda que com limitações no trabalho. Ele seguirá duro no tratamento e na fisioterapia em busca de evolução.

 
“O posicionamento da empresa com ele foi muito legal. Existe uma realidade antes e depois. Dentro dessa nova realidade, ele está muito feliz. É um guerreiro. Ficou muito tempo em coma, e o que ele passou não é qualquer coisa que aguenta. Foi uma tragédia. Você compra uma coisa para dar prazer e um momento de felicidade, e aquilo acaba com sua vida”, conta o advogado da família, Cláudio Diniz. 

“Ele não será mais aquele engenheiro que fica para baixo e para cima. Tem de usar sua inteligência dentro do escritório”, afirma o advogado. 

Luiz Felipe ingeriu a bebida numa festa da família da esposa em 22 de dezembro de 2019. O sogro foi um dos primeiros a sentir o efeito da contaminação e precisou ser internado. Posteriormente, o engenheiro também necessitou cuidados médicos. Pascoal Demartine Filho morreu dias depois. 

O engenheiro optou por entrar com ações individuais exigindo indenização contra a Cervejaria Três Lobos. Os trâmites correm na Justiça, e não houve decisão de primeira instância. 

O caso

No fim de 2019, 29 pessoas foram contaminadas pela substância dietilenoglicol encontrada na cerveja, sendo que dez delas morreram. No início de maio, a cervejaria foi multada em R$ 5.099.193 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), devido à ampliação e remodelação da área de instalação industrial registrada sem devida comunicação à pasta.

Desde o ocorrido, a Backer deixou de atender intimações, dentre elas, a de recolhimento dos produtos, alterou a composição de cervejas sem a prévia comunicação, comercializou cerveja sem devido registro do produto e produziu e engarrafou 39 lotes de cerveja com presença de monoetilenoglicol ou dietilenoglicol.
 
A empresa não pode mais recorrer da multa no âmbito administrativo, pois todos os recursos já acabaram.


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