Jornal Estado de Minas

ARAXÁ

Polícia prende empresário que torturou e matou homem com choques elétricos


A Polícia Civil de Araxá, no Alto Paranaíba, prendeu nesta sexta-feira (1°/7), o empresário Silvio Fernandes Machado, de 50 anos, suspeito de torturar dois homens com choques elétricos, e provocar a morte de um, na última segunda-feira (27/6). O crime foi cometido após o investigado desconfiar que as vítimas haviam furtado um carregador de bateria da empresa dele, atuante no ramo da construção civil.




 
Desde o dia do ocorrido, Silvio, considerado o mandante da sessão de tortura, estava foragido. Ele foi localizado na tarde dessa sexta-feira, andando em uma estrada, na cidade de Rifaina (SP), próxima à divisa com Minas, a cerca de 100 km de Araxá.
 
 
 
“Ele disse que estava caminhando para se entregar à justiça. Estava bastante abatido, e relatava fome e sede. Ele confessou, mas não quis entrar em detalhes sobre os atos de violência que foram praticados. Nos disse que não imaginava que os atos que ele praticou poderiam resultar em morte, em lesão grave. Se mostrou muito arrependido e se colocou à disposição para futuros questionamentos” esclareceu o delegado responsável pelas investigações, Vinícius Ramalho.
 
Silvio havia tido a prisão preventiva decretada na última quarta-feira (29/6) pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Araxá. Dois funcionários da empresa, suspeitos de participação no crime, também cumprem prisão preventiva.




 
“Os investigados são acusados pela prática dos crimes de tortura, com resultado morte, e tortura com o resultado de lesão corporal grave. O inquérito já está parcialmente concluído. Ainda faltam algumas questões a serem analisadas. A Polícia Civil espera que até 10 dias esse inquérito seja finalizado”, ressaltou Vinícius Ramalho.
 

Detalhes do crime

 
De acordo com relatos da vítima sobrevivente, Antenor Meireles da Silva, de 37 anos, ele e o amigo Dione Rodrigues de Jesus, de 31, foram abordados por três homens em um veículo e levados para um galpão.
 
Galpão onde as vítimas foram torturadas (foto: PCMG / Divulgação)
 
Lá eles foram agredidos e torturados com choques elétricos, enquanto eram questionados sobre um carregador de bateria (usina), que havia sido furtado. Devido à gravidade dos ferimentos, Dione não resistiu e morreu no local.




 
Ele chegou a ser levado em caminhonete para a Unidade de Pronto Atendimento de Araxá (Upa), pelos dois funcionários suspeitos de participarem da tortura. A versão contada aos profissionais de saúde é que eles haviam encontrado a vítima, já sem vida, caída em uma rotatória. O fato foi desmentido pela Polícia após o início das investigações.
 
Já Antenor, conseguiu fugir e chegar até a Upa, com lesões e queimaduras graves. Ele havia prestado serviços ao empresário há pouco tempo.
 
“A partir desse vínculo informal, foi que nasceu a suspeita do empresário de que o homem poderia ser o autor do furto ao equipamento”, destacou o delegado Vinícius Ramalho, durante entrevista coletiva na última terça-feira (28/6).
 
Até o momento, a polícia afirmou que ainda não existem indícios que comprovem que o carregador de bateria foi realmente furtado pelas vítimas.