Jornal Estado de Minas

MINERAÇÃO NO PATRIMÔNIO

'Tumulto ambiental': Fiemg vê motivação política na Serra do Curral

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) veio a público na manhã desta terça-feira (03/05) para acusar os críticos da mineração na Serra do Curral de motivação política e disseminação de notícias falsas ou distorcidas. "Ir contra um projeto num local que mexe com o imaginário do belo-horizontino em um ano de eleições traz popularidade e visibilidade a candidatos e grupos", avalia o presidente da FIEMG, Flavio Roscoe. Ambientalistas temem impactos no cartão-postal da cidade.



Roscoe denunciou o que considera ser ações para causar instabilidade no setor ambiental e prejudicar a instalação de atividades econômicas importantes, como a mineração na Serra do Curral e a fábrica de cervejas Heineken, que desistiu de Pedro Leopoldo e foi para Passos, no Sul de Minas.

A federação se posicionou após as reações de ambientalistas e políticos com a aprovação da mineração na Serra do Curral concedida à Taquaril Mineração S.A (Tamisa). A concessão foi decidida pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), na madrugada de 30 de abril. Desde então uma forte reação de ambientalistas foi desencadeada. Ações na Justiça buscam barrar o projeto, inclusive uma delas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) na Justiça Federal.

“Há um intuito de causar tumulto ambiental. E vimos isso no processo de instalação da Heineken em Pedro Leopoldo. Notícias falsas e distorcidas levaram pessoas bem intencionadas a assinar abaixo assinados contrários. Com isso, a empresa deixou de gerar milhares de postos de trabalho, se firmou uma corrida para receber o grande empreendimento de mais de R$ 200 milhões de arrecadação e dois anos a mais de tempo de instalação”, avalia o presidente da FIEMG, Flavio Roscoe.



“Dizem, agora, nas redes sociais, que o processo de mineração na Serra do Curral da Tamisa foi aprovado na calada da madrugada, mas não foi assim. Mais de 100 pessoas se inscreveram e falaram, muitos para protelar e tentar que se suspendesse a seção. Não foi um ato escuso. Os pareceres são técnicos e sérios. Todo processo foi alvo de três ações judiciais com pedidos de liminares antes de o conselho julgar e não ocorreu a concessão”, considera Roscoe.

Apesar da presença de cactos ameaçados de extinção e grutas com fauna ainda em estudos na área de influência das cavas e pilhas que serão instaladas pela Tamisa, como mostrou a reportagem do Estado de Minas, Roscoe afirma que os impactos serão mínimos e compensados.

“Fauna e flora terão compensações e outros serão remanejados. A visada da Serra do Curral não será afetada, tudo se dará do lado de Nova Lima. Disseram que a poeira vai tampar o sol de BH, por anos tivemos mineração na serra muito maior e nunca isso ocorreu. Os estudos mostram que a poeira vai ficar no empreendimento, não há impacto nos lençóis freáticos e nem barragens, tudo será a seco”, afirma o presidente da FIEMG.




 
A fala de Roscoe, no entanto, vai de encontro ao que afirmam ambientalistas ouvidos pelo EM nos últimos dias. Segundo eles, a serra vai sofrer sérias consequências e haverá perdas na flora e na fauna da região, comprometimento de nascentes e de cavernas. 
 
O representante do setor produtivo que engloba a mineração também defendeu que a área do empreendimento da Tamisa é de 1.250 hectares (cerca de 1250 campos de futebol), mas salientou que a fase um terá a implantação de estruturas do complexo minerário ocupando 42 hectares e a fase dois mais 58 hectares. Cada hectare mede aproximadamente um campo de futebol “A área é pequena, vai ter um minianel viário de sete quilômetros que depois ficará para a sociedade. Serão gerados 2 mil empregos com mão de obra local e R$4 bilhões de impostos em 10 anos”.