Jornal Estado de Minas

PROJETO SOCIAL

Mais de 100 peças de roupas de cama, produzidas por detentos, serão doadas

Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a Escola Estadual Professor Paulo Freire, que funciona no local, vão doar mais de 100 peças de roupas de cama para 58 idosos que vivem no Lar Maria Clara, também localizado no município.




 
A produção teve início na segunda quinzena de agosto e se estenderá até dezembro. Já foram produzidas 67 colchas, 22 fronhas, 26 mantas e ainda três tapetes.
 
Durante os sábados letivos, 15 presos, sendo 11 alunos da escola e outros quatro voluntários, colocam a mão na massa e produzem as peças.
 
Para a fabricação dos itens de dormir são utilizadas 13 máquinas de costura da própria penitenciária, que também servem ara fabricar máscaras de proteção contra o coronavírus.
 
A diretora da escola e responsável pela ação, Valdicéia Pavione, explica que o projeto Costurando Sentimentos contribui para o processo de ressocialização e agrega conhecimento aos participantes.




 
Segundo Valdicéia, durante o trabalho são colocadas em prática as teorias dos componentes curriculares, como a matemática, exigindo que se calcule a metragem dos tecidos para determinada quantidade de peças e a utilização das figuras geométricas.
 
“É visível o empenho deles para garantir a qualidade e a quantidade necessária de peças. Os resultados vão além da doação, trazendo assim benefícios para ambos, tanto para quem participa quanto para quem vai receber, já que ser solidário é aquecer o outro com o coração”, explica a diretora.
 

O projeto

O Costurando Sentimentos é a continuação de uma proposta do Estado de proporcionar aos alunos de todas as escolas estaduais mineiras os melhores sábados letivos de suas vidas.
 
Anteriormente, os detentos participaram do Tecendo com o Coração e fabricaram toucas e cachecóis que foram doados para pessoas em situação de rua e ao próprio Lar Maria Clara.




 
O sucesso foi tanto que surgiu a ideia de continuar o projeto de outra forma, e assim começou a nova produção. Os trabalhos se iniciaram a partir da doação de malhas e lanzinha recebidos pela diretora da escola, por meio de uma funcionária da Superintendência Regional de Ensino (SRE) e seu esposo, responsáveis pela intermediação junto a uma fábrica de jeans do Espírito Santo e da empresa BRTA Transportes.
 
Carlos Felipe Soares, 34 anos, que cumpre pena na unidade desde 2019, é um dos participantes e destaca a importância da ação.
 
“Além da parte educacional propriamente dita, o Costurando Sentimentos contribui com a ressocialização. É o sentir-se útil, ajudar o próximo, é doar o nosso tempo para o outro”, pontua o detento.
 
Carlos complementa dizendo que o trabalho é de mútua ajuda. %u201CEnquanto uns estão cortando, outros estão nas máquinas costurando e outros dando o acabamento final%u201D. (foto: Sejusp)
 
O diretor de Atendimento e Ressocialização da penitenciária, Ury Ribeiro, concorda com Carlos. “Para a unidade é de fundamental importância este tipo de projeto. A participação dos alunos e voluntários é importantíssima para a ressocialização, reinserção social e entendimento da sua participação no cotidiano dos não encarcerados”, destaca.




 
O diretor do Lar Maria Clara, Júlio César da Costa, explica que roupas de cama quase não chegam por meio de doação, muitas vezes precisam ser compradas, portanto o projeto irá garantir um alívio nas despesas, além de promover o acolhimento aos moradores do local.
 
“Este projeto é extremamente importante, pois demonstra o carinho e o reconhecimento com nossos residentes, além de estreitar laços de amizade mesmo à distância. A produção vai fazer muita diferença na vida dos idosos, eles vão se sentir mais acolhidos”, conclui.
 

audima