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Estado de Minas PANDEMIA

Como o Vale do Aço se tornou a primeira região de MG na onda verde este ano

Controle das atividades, conscientização e vacina abriram caminho do Vale do Aço para suspender restrições. Mas sem relaxar, dizem gestores


10/07/2021 04:00 - atualizado 10/07/2021 07:53

Paciente é atendido em UPA de Coronel Fabriciano. Não sobrecarregar o sistema de saúde tem sido a meta do município: nem onda verde permite baixar a guarda, defende a prefeitura (foto: UPA de Coronel Fabriciano/Divulgação )
Paciente é atendido em UPA de Coronel Fabriciano. Não sobrecarregar o sistema de saúde tem sido a meta do município: nem onda verde permite baixar a guarda, defende a prefeitura (foto: UPA de Coronel Fabriciano/Divulgação )

Embora as maiores cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço, como Ipatinga e Coronel Fabriciano, não sejam signatárias do plano Minas Consciente, a chegada da onda verde para a região, a única de Minas a ter essa classificação desde janeirro, encheu de orgulho os prefeitos e secretários municipais de Saúde.

O prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinicius da Silva Bizarro (PSDB), que também é médico geriatra,  conhecido do meio político como Dr. Marcos Vinicius, acredita que um pensamento da sua administração garantiu o sucesso das ações de combate à COVID-19 na cidade.

“O principal ponto foi entender que a doença veio para ficar e que o objetivo do lockdown era preparar o sistema de saúde de maneira rápida e eficiente”. Foi o que a Prefeitura de Coronel Fabriciano fez para manter o número de casos sob controle e a taxa de letalidade bem abaixo da média nacional.

Mesmo estando na onda verde, o prefeito reforça que não é momento de baixar a guarda. Por isso, na cidade, ainda não serão liberados festivais, shows e eventos com grande presença de público. “Depois do inverno poderemos pensar, mas neste momento, não”, disse.

Dr. Marcos Vinicius explicou que decidiu revogar a adesão ao programa Minas Consciente durante a fase mais aguda da proliferação do vírus, em janeiro de 2021, adequando e implantando medidas sanitárias e ações de enfrentamento à COVID-19 de forma autônoma, segundo peculiaridades locais.

“Assim é que, gradativamente, a cidade está retomando com êxito, de forma responsável e sem comprometimento da segurança da população, as atividades econômicas e sociais”.

FOCO NA COMUNICAÇÃO 

Em Timóteo, o prefeito Douglas Willkys (PSB) adotou ações bem rigorosas no combate à COVID-19. “Timóteo ainda é a cidade da Região Metropolitana do Vale do Aço que mantém um dos isolamentos mais rigorosos na questão das festas e eventos”, disse.

Para entrar na onda verde, Willkys diz que desenvolveu ações de comunicação, campanhas educativas e divulgação dos dados epidemiológicos por meio das redes sociais, carros e motocicletas de som volante.

Ampliou a equipe de fiscalização e orientação que promoveu um trabalho de conscientização junto à população sobre a importância do uso de máscara, álcool 70% e distanciamento social.

“O município realizou cursos de capacitação voltados para comerciantes, proprietários de bares, restaurantes, lanchonetes, líderes religiosos, pessoal da área esportiva a respeito dos protocolos sanitários. Posteriormente intensificou a fiscalização autuando e notificando os estabelecimentos que descumprissem as medidas preventivas”, disse o prefeito.

Ele destacou que determinou a retomada das aulas na rede municipal de ensino em 31 de junho deste ano em sistema híbrido, com revezamento entre as turmas dentro de sala de aula. Numa semana metade da turma frequenta a sala de aula, enquanto a outra metade acompanha o conteúdo de forma remota e por meio de blocos de atividades.

O prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, visita escola para verificar o cumprimento dos protocolos de segurança(foto: Comunicação PMI/Divulgação)
O prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, visita escola para verificar o cumprimento dos protocolos de segurança (foto: Comunicação PMI/Divulgação)
DA CONSCIENTIZAÇÃO À VACINA 

Em Ipatinga, o prefeito Gustavo Nunes (PSL) também atribui o avanço para a onda verde e os bons números conquistados até o momento em relação à COVID-19 às muitas ações pontuais e combinadas que foram desenvolvidas pela sua equipe de governo. Essas ações também são autônomas, ou seja, não seguem a cartilha do plano Minas Consciente. Gustavo Nunes destaca que procurou integrar todas as ações de outras secretarias às da Secretaria Municipal de Saúde. 

“Entre as medidas emergenciais adotadas e que interferiram positivamente nos números da pandemia em Ipatinga estão ações de conscientização, fiscalização no cumprimento dos protocolos sanitários e a entrega do Centro Especializado de Atendimento à COVID (Ceac)”, disse o prefeito.

Ele também destacou a criação do Hospital de Campanha, com equipamentos de primeira linha e que foi concluído, segundo o prefeito, em tempo recorde. Além disso, Nunes ressaltou a implantação de 20 novos leitos de UTI-COVID-19 SUS e intensificação da aplicação de vacinas.

A médica infectologista Carmelinda Lobato de Souza, que atua na Secretaria Municipal de Saúde de Ipatinga, concorda com o prefeito Gustavo Nunes quando destaca as vacinas como uma medida de controle da COVID-19.

“O maior responsável por isso, certamente, é o processo de vacinação no qual estamos avançando bem e de forma organizada no município. Mas aproveito para reforçar com a população a importância de tomar a segunda dose. E também para as pessoas que não fiquem atrapalhando o processo de vacinação com a história do sommelier se vacinas. Todas são boas, todas são efetivas, vacina boa é vacina no braço”, disse.

A médica disse que ao ficar escolhendo vacina, a pessoa age com total falta de respeito com os vacinadores, que segundo ela “são guerreiros incansáveis”, destacando que o avanço do Vale do Aço para a onda verde se deve muito ao trabalho de todos eles.

AINDA EM ALERTA 

O secretário municipal de Saúde de Ipatinga, Cleber de Faria, vê a chegada da onda verde com otimismo e diz que é um feito que merece ser comemorado. Mas lembra que não é hora de relaxar. “O município segue com medidas de proteção à vida, agilizando o processo de imunização da população, e continua solicitando que as pessoas persistam no cumprimento dos protocolos sanitários”, disse.

Ele explicou que, quando começam a cair os números de pessoas contaminadas e internadas, há uma sequência natural de desdobramentos favoráveis. Segundo ele, primeiro, diminui o número de atendimentos nas unidades de saúde; depois, o número de internações nas enfermarias e, por fim, começa a baixar o número de ocupação nos leitos de UTI.

“Estamos mantendo os índices de ocupação em leitos de UTI COVID-19 SUS abaixo de 70%. Nossa intenção é acelerar a vacinação, para continuar com os indicadores em níveis declinantes. Por isso, reforçamos que as pessoas continuem se cuidando e cumprindo com zelo as medidas preventivas”, pediu o secretário.

CUIDADOS CONTINUAM 

O avanço da Macrorregião do Vale do Aço para a onda verde não surpreendeu os professores da UFJF/Câmpus Governador Valadares, que desenvolvem o Programa COVID Zero, analisando dados sobre a doença  de municípios como Ipatinga, Governador Valadares, Juiz de Fora e Belo Horizonte. Os sinais já apareciam nos dados divulgados pela SMS de Ipatinga.

O professor Peterson Marco de Oliveira Andrade, que coordena os trabalhos do COVID Zero, explicou que, de acordo com o 12º Boletim Epidemiológico do Programa, Ipatinga, cidade de referência do Vale do Aço, manteve estabilidade a partir de maio, apresentando um coeficiente de variação de 0,08, considerado baixo e uma incidência média de 114,7 casos/100 mil habitantes por semana.

“Trata-se dos melhores indicadores em relação aos outros municípios que acompanhamos de uma forma mais próxima: Belo Horizonte, Juiz de Fora e Governador Valadares”, disse.

Mas destacou que, “mesmo passando para a onda verde, é importante reforçar a fiscalização e as estratégias de conscientização da população na expectativa de manter a redução da transmissão, pois o vírus continua circulando”.

Ele concorda com a médica Carmelinda Lobato em relação às vacinas e diz ser de extrema importância a adesão à campanha de imunização de forma a vacinar o máximo de pessoas com a segunda dose.

Análise dos dados

Segundo o professor Peterson Marco de Oliveira Andrade, coordenador do COVID Zero,da UFJF/Câmpus Governador Valadares, o conjunto de dados acompanhados pelo Minas Consciente “apresenta um retrato da região, mas o vírus é dinâmico e exatamente por isso todos os esforços preventivos devem ser mantidos”. No caso de Ipatinga, o último boletim epidemiológico aponta 71% de ocupação dos leitos de UTI SUS, com 45 das 63 vagas disponíveis. Isso significa que qualquer relaxamento pode agravar o quadro. O COVID Zero destaca que no dia 13 de junho houve um aumento de 8 leitos UTI COVID-19 SUS para o combate à doença. Isso melhorou o indicador de taxa de ocupação, mas não significa a existência de kit intubação e profissionais disponíveis na rede. De acordo com Peterson, em 12 de junho Ipatinga tinha 55 leitos UTI COVID-19 SUS. Já no dia 13, o número foi para 63.

QUADRO EM MUTAÇÃO

Confira o que é levado em consideração para determinar a onda e os números do Vale do Aço

Taxa de Incidência da COVID-19 por 100 mil habitantes 153
Percentual de pacientes com COVID entre internados em UTI Adulto 65%
Taxa de ocupação de UTI por COVID-19 44%
Leitos por 100 mil habitantes 19,9
Positividade RT-PCR 35%
Percentual de aumento da Incidência 10%
Variação da positividade de exames PCR  -15%
Fonte: Minas Consciente

Setor produtivo comemora

Usiminas, em Ipatinga, uma das empresas que são o carro-chefe da economia no Vale do Aço(foto: Elvira Nascimento/Divulgação - 14/6/21 )
Usiminas, em Ipatinga, uma das empresas que são o carro-chefe da economia no Vale do Aço (foto: Elvira Nascimento/Divulgação - 14/6/21 )

"Para nós, isso significa muito para a garantia de trabalho, geração de emprego e renda em todos os segmentos, do comércio, serviços e da indústria"

Luís Henrique Alves, presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi)

O Vale do Aço se tornou conhecido internacionalmente em virtude das grandes empresas localizadas naa região, a exemplo da Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), em Belo Oriente, Aperam South America, em Timóteo, e Usiminas, em Ipatinga, todas com um considerável volume de produtos exportados. A economia do Vale do Aço está centrada na produção de aço e de metalmecânicos. 
Os complexos industriais da atual Região Metropolitana do Vale do Aço atraem empresas fornecedoras, complementares à prestação de serviços às atividades produtivas.

As pequenas empresas e pequenos negócios têm importância fundamental na economia. Por isso, a inclusão do Vale do Aço na onda verde foi muito comemorada pela Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi), que tem o empresário Luís Henrique Alves como presidente. Alves disse que não apenas ele, mas todos os associados ficaram felizes em pertencer à primeira região do estado a figurar na cor verde no mapa do plano Minas Consciente desde janeiro. E atribui essa conquista às ações coordenadas entre os empresários associados e o poder público.

“Estamos trabalhando muito e seguindo no caminho certo. Aqui as empresas respeitam os protocolos, com raríssimas exceções, e isso é muito importante para continuar com esse combate à pandemia. Estamos também muito animados com o avanço da vacinação em nossa cidade”, disse.

A classificação para a onda verde, segundo Luís Henrique, vai garantir a todo o setor produtivo as condições necessárias para continuar crescendo. “Para nós, isso significa muito para a garantia de trabalho, geração de emprego e renda em todos os segmentos, do comércio, de serviços e da indústria”, disse, lembrando que os impactos da pandemia  são significativos.  

Torcida ainda terá que esperar protocolo

O Ipatinga Futebol Clube, que disputa o Campeonato Mineiro do Módulo II, comemorou a possibilidade de volta de sua torcida ao estádio Ipatingão, para incentivar a equipe nos jogos.

A diretoria do Ipatinga recebeu o prefeito Gustavo Nunes na terça-feira e já contava com a presença de público no jogo de hoje, contra o Tupinambás, às 15h. O Tigre, como é conhecido o Ipatinga, chegou a anunciar em suas redes sociais o decreto municipal que libera até 15% da capacidade do estádio, desde que seguido os protocolos estabelecidos. E contava com a venda de 3.375 ingressos para esse jogo, considerando a capacidade total de 22.511 torcedores.

De forma prudente, a diretoria do Ipatinga informou que aguardaria retorno da Federação Mineira de Futebol (FMF) para definir se já poderia ter público no jogo. Mas a FMF preferiu retomar o diálogo com o governo de Minas e estabelecer um protocolo próprio para os estádios de Minas receberem novamente o público.

O presidente da Federação Mineira de Futebol, Adriano Aro, afirmou que o governo estadual se mostrou favorável ao retorno do público aos estádios, "desde que obedecidas todas as normas de segurança", depois de se reunir com  secretário de Saúde, Fábio Baccheretti. Um novo encontro  está agendado para terça-feira.

“Ficou decidido que na próxima semana a equipe técnica da secretaria fará uma apresentação à Federação Mineira de Futebol explicando os novos requisitos e o formato do protocolo que viabilizará o retorno do público aos estádios de Minas. Assim que houver esse protocolo, a Federação estabelecerá as diretrizes para que possamos ter novamente público”, complementou.  


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