Jornal Estado de Minas

ENSINO PRESENCIAL

Escolas infantis de BH retomam aulas com poucos alunos

A volta às aulas na rede pública de Belo Horizonte nesta segunda-feira (3/5) foi marcada por incertezas. Pais de alunos se dizem confusos a respeito do entrave entre os professores e a prefeitura em relação a greve sanitária. Apesar disso, na maior parte das escolas da capital as aulas voltaram com diversos protocolos de segurança contra a COVID-19, mesmo com o registro de falta de alguns materiais.





Nesse primeiro momento, apenas a educação infantil retorna com atendimento às crianças da faixa etária de 5 anos. O anúncio foi feito em entrevista coletiva pela prefeitura, mas sofre resistência do Sindicato dos Trabalhadores de Educação da Rede Pública de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH). Segundo a entidade, 65% dos professores não deveriam retomar as aulas nesta segunda (3/5).
 
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A categoria decidiu por uma greve sanitária nos últimos dias para impedir o retorno presencial. A prefeitura tem informado que considera a ação legítima, mas lembra que a adesão ou não depende de cada servidor. Eles também reivindicam prioridade na vacinação contra a COVID-19 para retornar às escolas. Ou o controle da pandemia, que ainda está longe de acontecer.
 
A professora Ana Paula Rodrigues Nascimento, de 39 anos, trabalha com o ensino infantil há 10 anos. Para ela, o retorno presencial deveria vir após a imunização da categoria. "A volta às aulas está sendo um desafio, mas a gente tá com a expectativa que seja boa de receber as crianças como elas merecem. Apesar disso, eu gostaria que a gente pudesse vacinar antes", afirmou. "Mas com os protocolos estamos com um retorno seguro", garantiu. 




 
Movimento é pequeno ainda nas Emeis e creches de BH (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

Esse impasse levantou uma incerteza, que dominou o pensamento dos pais, sem saber se teria aula ou não. Marcelo Paulino é pai de Marcela Nunes, de 5 anos, e levou a filha à Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vila Estrela, no Bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Para ele, essa falta de informações deixa os pais apreensivos.

“Eu só fui ter a confirmação de que as aulas iriam voltar na sexta-feira (30/4) à tarde. A gente fica na expectativa desse retorno depois de tanto tempo em casa e ficar sem saber se as professoras do meu filho iriam voltar ou não deixa a gente bastante angustiado", declarou. Em algumas escolas, inclusive, foram colados cartazes do Sind-Rede BH informando sobre a greve.  
 
Aulas na UMEI Sagrada familia ainda não voltaram, cartazes de greve na entrada (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

Marcelo Augusto Shirata é pai de Felipe Shirata, de 5 anos. Para ele, estava complicado conseguir manter o filho em casa sem atividades. “O Felipe estava super animado para chegar esse momento, não aguentava mais ficar em casa. A gente acha importante ele estar de volta às aulas”, disse. “Esse tempo em casa foi bem difícil de lidar com o confinamento, ele não tinha acompanhamento nenhum e ele ficava muito ansioso”, acrescentou.

Ele acredita que é possível voltar às aulas presenciais com segurança seguindo os protocolos. “Temos muito medo do que a gente está vivendo, mas acho que seguindo as recomendações e estando bem paramentado é o principal”, afirmou. 




 
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E em meio a tantos questionamentos outro impasse: falta de equipamentos. Entre as diversas escolas infantis da capital que a reportagem do Estado de Minas percorreu hoje, a diretora de uma delas, que preferiu não se identificar, afirmou que ainda estão faltando alguns materiais importantes para garantir alguns dos protocolos, como tapete sanitizante, face shield, máscaras infantis e adulto, termômetro, caixas organizadoras, carrinho para levar os alimentos já que as crianças não podem sair das salas para lanchar. Ela também citou o material para o Kit dos alunos se higienizarem em casa, conforme orientação da prefeitura.

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que foram investidos R$ 14 milhões em materiais para adequar todas as escolas no protocolo sanitário, mas algumas ainda estão finalizando. Confira a nota na íntegra:
 
"A Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte reitera que respeita a posição da entidade sindical, entretanto a decisão de adesão à greve é de cada servidor. Assim teremos dados mais consolidados no final deste primeiro dia, com uma prévia desta fase do retorno gradativo. Algumas escolas estão finalizando algumas questões de adequações para a garantia da segurança  e do melhor atendimento, na  perspectiva do mínimo tempo de adiamento possível.

Foram investidos R$14 milhões na aquisição de itens para adequação ao protocolo sanitário nas escolas municipais, de modo a garantir a segurança de todos os alunos, professores e funcionários.  São, aproximadamente, dois milhões de itens adquiridos, sendo alguns de uso contínuo, como sabão, álcool, papel toalha, produtos de limpeza. Além de máscaras, tapetes sanitizantes, medidores de temperatura. As escolas também passaram por adequações que envolvem reorganização de mobiliários e dos espaços escolares, além da marcação com fitas adesivas para garantia do distanciamento necessário entre os estudantes, para que o protocolo sanitário de retorno às aulas presenciais seja integralmente observado.





Portanto, os recursos materiais, adequações e orientações para o retorno foram garantidos de modo a viabilizar  o retorno das crianças às escolas e creches  a partir do dia 3/05."
 

Protocolo contra a COVID-19  

 A Prefeitura de Belo Horizonte também estabeleceu protocolos sanitários para a volta às aulas em segurança. Além do uso da máscara de proteção, álcool em gel e medição da temperatura, também foi estabelecido a permanência máxima de cada aluno em até quatro horas. 
 
Desde orientações gerais, até de entrada e saída, regras para sala de aula, circulação nas áreas comuns, rotina escolar e de atividades, refeições, entre outros. Confira alguns dos protocolos orientados pela PBH:
 
  • A entrada e saída dos alunos na escola deverá ser fracionada, de forma a evitar aglomerações e filas nos portões da escola;
  • Proibida a entrada de adultos acompanhando as crianças na escola. Estas deverão ser acompanhadas por profissional no processo de higienização das mãos e encaminhamento até a sala. Excepcionalmente, para as crianças de zero a três anos, durante o processo de adaptação escolar, um familiar devidamente credenciado poderá fazer o acompanhamento até a entrada da sala, observando todos os protocolos sanitários;
  • Grupos de até doze alunos por sala, podendo ser ampliado desde que respeitado o distanciamento 5 de no mínimo 2m (dois metros) entre os alunos e respectivas carteiras. O professor deve ministrar a aula sempre em uso de máscara e permanecer o mais próximo ao quadro, evitando aproximação com o aluno da primeira carteira;
  • Caso algum aluno, professor ou colaborador apresente febre ou algum outro sintoma de COVID-19, deverá ser afastado e informar imediatamente à direção da escola, sendo proibido o seu comparecimento, devendo ser encaminhado para atendimento nas unidades de saúde;
  • O trânsito de material escolar deverá ser o menor possível e limitado às necessidades pedagógicas dos alunos.
Confira o protocolo completo: 
 
 
 

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