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Estado de Minas LUTO

Morre banqueiro Aloysio Faria, ex-dono do Banco Real

Nascido em Belo Horizonte, Aloysio tinha 99 anos e era o banqueiro mais velho da lista da revista Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 1,7 bilhão


15/09/2020 18:00 - atualizado 15/09/2020 19:46

Aloysio Faria era formado em medicina e sempre ajudou financeiramente diversas instituições ligadas à saúde(foto: Arquivo Hospital das Clínicas / UFMG )
Aloysio Faria era formado em medicina e sempre ajudou financeiramente diversas instituições ligadas à saúde (foto: Arquivo Hospital das Clínicas / UFMG )

O banqueiro Aloysio de Andrade Faria morreu na manhã desta terça-feira (15/09), aos 99 anos, em sua fazenda, em Jaguariúna, no interior de São Paulo. Nascido em Belo Horizonte, Faria, que completaria 100 anos em novembro, era o banqueiro mais velho da lista da revista Forbes e o terceiro mais idoso entre todos os bilionários, com uma fortuna estimada em US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões).

 

Ele teve origem em uma família rica. O avô era um bem-sucedido pecuarista na região de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha. O pai dele, Clemente de Faria, deixou Pedra Azul e mudou-se para a capital mineira, onde, em 1925, fundou o Banco da Lavoura de Minas Gerais. Em 1971, dividiu a empresa em dois bancos, para cada um dos seus filhos: o Banco Real (Aloysio) e o Bandeirantes (Gilberto Faria).

 

Inicialmente, Aloysio Faria não pensava em seguir a carreira de banqueiro. Formou-se em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especializou-se em gastroenterologia pela Universidade Northwestern, de Chicago (EUA). Com a morte do pai, em 1948, assumiu o então Banco Real. Em 1998, na época o quarto maior banco privado do Brasil, o Real foi vendido por US$ 2,1 bilhões ao holandês ABN Amro (posteriormente comprado pelo Santander). 

 

Em mais de 70 anos de vida empresarial, Aloysio Faria construiu um conglomerado que engloba não apenas o Banco Alfa (atual Conglomerado Alfa), criado após a venda do Real, mas também uma dezena de empresas, como a rede de hotéis Transamérica, emissoras de rádio, a fabricante de água mineral Águas da Prata, a gigante de material de construção C&C e a produtora de óleo de palma Agropalma, entre outros negócios.   

 

Em comunicado, lamentando a morte do empresário, os executivos do Conglomerado Alfa lembram que banqueiro mineiro teve trajetória sempre marcada por “uma forte influência para o setor financeiro e para a economia do país. Pessoa de uma cultura impressionante, doutor Aloysio deixa um exemplo de discrição, simplicidade e empreendedorismo. Seu modelo de gestão sempre foi baseado na valorização da ética, confiança, seriedade e competência”, enaltecem os executivo do grupo empresarial. 

 

Lembram que “criador de negócios e oportunidades”, Faria “era um visionário e um homem à frente de seu tempo. Fonte de inspiração diária, doutor Aloysio sempre manteve um ambiente de trabalho saudável e profícuo em suas empresas, dedicando-se a firmar seus valores e sua cultura de liderança e gestão vencedora”, enfatizam os executivos do Conglomerado Alfa.   

 

Várias lideranças empresariais, executivos e dirigentes de outros bancos lamentaram a morte do banqueiro mineiro. “Aloysio Faria jamais buscou cultuar sua própria personalidade, preferindo valorizar as marcas que criava. De Delfim Netto, que o considerava um dos financistas mais sofisticados do país, ganhou o apelido de 'banqueiro invisível'. Com essa postura, amealhou admiradores e seguidores. "Com tantos feitos, destacava, da vida, a importância da simplicidade", lembrou o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. 

 

Discrição e sensibilidade social

Além de discrição, Aloysio de Andrade Faria também se notabilizou pela solidariedade e pelo apoio a instituições. Ele foi apontado como uma espécie de “mecenas” da Universidade Federal de Minas Gerais, onde formou-se em medicina. Concedeu importantes doações para o Hospital das Clínicas da UFMG e destinou recursos para a construção do Centro do Idoso e Saúde da Mulher da instituição. 

 

Aloysio de Andrade Faria também doou expressivas somas de recursos para ampliação dos serviços de uma instituição de saúde que leva o nome do pai dele no Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). 

 

O reitor da Unimontes, Antonio Alvimar Souza, divulgou nota em que lamenta a morte do banqueiro e lembra que ele foi um dos maiores benfeitores da universidade e do seu hospital, cujo atendimento é gratuito, bancado pelo SUS. 

 

Alvimar lembra que, entre outros serviços, as doações do banqueiro possibilitaram a implantação do pronto socorro e do Centro de Atendimento à Saúde do Idoso do HUCF. As doações permitiram ainda uma série de investimento em obras de reforma, melhoria, ampliação e aquisição de equipamentos que contemplaram praticamente todas as clínicas e serviços do hospital. 

 

‘Se todo grande empresário brasileiro tivesse o comportamento social de Aloysio de Faria, certamente nosso país estaria em situação muito melhor”, afirmou o ex-reitor da Unimontes, Paulo César Gonçalves de Almeida.


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