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Estado de Minas ASSASSINATO

"Queria que pegassem pena máxima", diz pai de fisiculturista sobre condenação dos culpados

Apesar de aliviado, ele acha que os 16 anos de prisão para os seguranças da boate onde o filho foi assassinado foram pouco


26/08/2020 14:18 - atualizado 27/08/2020 11:25

O fisiculturista Allan Pontelo, de 25 anos, morto na boate Hangar 677
O fisiculturista Allan Pontelo, de 25 anos, morto na boate Hangar 677 (foto: Reprodução da internet/Facebook)

Denio Pontelo, de 50 anos, o pai do fisiculturista Allan Pontelo, de 25 anos, que foi espancado e assassinado no interior da boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, revelou ter ficado “satisfeito” com a condenação dos envolvidos na morte do filho, em 2017. Mas, segundo ele, os condenados “poderiam ter pegado 50 anos ou pena máxima”. Para ele, “a justiça começou a ser feita”. 

“Eu queria que tivesse dado era de 30 a 50 anos, ou uma pena máxima de cadeia. Mas, só de ter conseguido derrubar o Ércio Quaresma (advogado) e o pessoal da casa de shows, além de ter provado que a droga encontrada não era do meu filho, eu fico satisfeito. A justiça começou a ser feita”, declarou ao Estado de Minas

Os dois responsabilizados pela morte de Allan, William da Cruz Leal e Carlos Felipe Soares, foram condenados a 16 anos de prisão pelo crime cometido em setembro de 2017. A decisão da condenação é de primeira instância e ainda cabe recurso.

Os homens trabalhavam como seguranças na boate Hangar 677, quando fizeram uma abordagem que terminou com a morte do rapaz. 

Na época, Denio afirmou que o filho pagou para entrar na boate e morreu sem nenhum motivo. “Ainda tentaram inventar uma história de que ele estava vendendo pílulas de ecstasy, o que era mentira.”

Ainda segundo o técnico em eletrônica, a sua maior indignação era ver que os irmãos mais novos de Allan iam crescer sabendo que o fisiculturista tinha sido morto como um traficante. “A minha luta maior era pela honra do meu filho. Graças a Deus, esse peso ele não vai carregar, vai embora com o nome limpo”, reiterou. 

Assassinato


Allan foi assassinado em 2 de setembro de 2017. Segundo a denúncia apresentada pelo MP à Justiça, na época do ocorrido, os denunciados, agindo intencionalmente, tiraram a vida da vítima por asfixia. 

O jovem havia seguido até o banheiro da boate e lá foi abordado pelos seguranças Carlos Felipe Soares e William da Cruz Leal, que o levaram contra a vontade para uma área restrita, onde ele passou por uma revista. Como Allan resistiu, a dupla passou a espancar a vítima violentamente, com empurrões, socos e chutes, imobilizando e estrangulando o jovematé a morte. 

O laudo de necropsia apontou como causa da morte “asfixia mecânica por constrição extrínseca do pescoço”. No relato do juiz que aceitou a denúncia contra os acusados, consta que a dupla de seguranças agiu com o apoio de Paulo Henrique Pardim de Oliveira e Fabiano de Araújo Leite, que asseguraram a continuidade da agressão e impediram que terceiros se aproximassem para socorrer a vítima. Os dois estariam a serviço de retirar dinheiro dos caixas da boate.

Além dos quatro, também foi denunciado Delmir Araújo Dutra, que seria coordenador da segurança, mas os relatos da polícia que foram anexados ao processo dão conta de que ele chegou ao local das agressões junto com os socorristas e sua conduta precisa ser mais bem explicitada na instrução do processo.

Julgamento


O julgamento dos réus começou nessa segunda-feira (24) no Fórum Lafayette, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, presidido pela juíza Fabiana Cardoso Gomes Ferreira, do 3º Tribunal do Júri. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi representado pelo promotor Cristian Lúcio da Silva, com o advogado Geraldo Magela de Lima como assistente de acusação. Leal e Soares foram defendidos pelo advogado Ércio Quaresma. A sessão foi retomada ontem e terminou na madrugada desta quarta-feira (26). Foram mais de 24 horas de júri popular

“O Conselho de Sentença entendeu que os dois foram responsáveis pela morte ao conduzir a vítima para a uma área restrita na boate para uma ‘revista’ à procura de drogas”, informou a assessoria de imprensa do Fórum. 

No primeiro dia de julgamento, 14 testemunhas arroladas pela acusação e defesa foram ouvidas. “No interrogatório realizado na terça, os dois réus deram versões semelhantes, ressaltando que apenas davam suporte aos seguranças, policiais militares a serviço da boate, e que coibiam o uso e venda de entorpecentes na casa noturna”, explica o Fórum Lafayette.
 
“Disseram que abordaram o fisiculturista no banheiro e o deixaram à disposição dos seguranças. Falaram também que imobilizaram a vítima, após o réu Paulo Henrique Pardim de Oliveira dar voz de prisão a ele por causa das drogas escondidas pelo corpo. A versão, no entanto, não foi aceita pelos jurados”, afirma o Judiciário. 
 
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa


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