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Estado de Minas

Mutilação das copas das árvores é criticada por especialistas

Especialistas apontam que falta de cuidado nas poda leva ao risco de queda


postado em 05/02/2015 06:00 / atualizado em 05/02/2015 07:15

A poda realizada em árvores em Belo Horizonte é considerada “selvagem” por especialistas ouvidos pelo Estado de Minas. De acordo com eles, a técnica adotada considera apenas a rede elétrica, sem levar em conta o desequilíbrio que a retirada de galhos pode gerar. As causas para quedas de árvores são variadas, como a intensidade do vento, doenças que acometem os troncos, problemas no enraizamento devido à falta de permeabilidade do solo, mas, sobretudo, os desbastes malfeitos. “As árvores caem. Mas, quanto mais malcuidadas, maior é a chance de a queda ocorrer”, alerta o professor de ecologia e evolução da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Sérvio Pontes Ribeiro. No entanto, ele pondera que o número de espécimes que caem é pequeno em relação às dimensões da arborização na cidade.

A professora de história da UFMG Regina Horta Duarte ressalta que desde a fundação da capital mineira há preocupação com o processo de arborização. Uma das provas é a criação do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, considerado o pulmão verde da cidade. No entanto, para ela vem crescendo nos últimos anos uma postura de medo em relação às árvores, que não tem fundamento. “Depenam a árvore em função do fio de eletricidade. Não respeitam a lógica de equilíbrio da vegetação”, critica Regina. De acordo com ela, em tese a Cemig conhece bem o processo de poda, mas, na prática, terceiriza o serviço. O resultado é o que classifica como um processo “selvagem” de poda. Regina alerta ainda para a cultura de substituição da vegetação de maior porte. “As pessoas querem arrancar as árvores para colocar grama.”

A poda para proteger a rede elétrica e a impermeabilização do solo, devido ao concreto nas calçadas e no entorno de canteiros, também são algumas das causas que fragilizam a vegetação urbana, segundo a professora da escola de arquitetura Myriam Bahia Lopes. “Há uma ideia equivocada de que terra é suja. Muita gente coloca cimento até nos troncos. Daí, não entra mais água e árvore fica sufocada”, afirma Myriam, que integrou o movimento Fica Fícus, para proteção dos exemplares da espécie, que seriam cortados após o ataque de uma praga em BH. Contrária ao desbaste das árvores considerando apenas a proteção à fiação, ela afirma que a poda também torna os espécimes suscetíveis a doenças. “É uma mutilação. A rede elétrica tem que ser subterrânea”, defende Myriam.

O professor de botânica da UFMG João Renato Stehmann considera que podas malfeitas são um passivo que, mais cedo ou mais tarde, será cobrado. Em sua avaliação, a poda em forma de V é a que traz mais riscos, porque divide a copa em duas partes. “Muda a dinâmica da árvore. Há um desequilíbrio. Fragiliza qualquer espécie”, diz.

Balanço da motosserra

Técnicos da Regional Centro-Sul, uma das mais arborizadas de Belo Horizonte, fizeram, de 2012 a 2014, 11.163 podas de árvores e 1.619 supressões, com base em pedidos da população e planejamento da Gerência de Áreas Verdes. No mesmo período, a regional plantou 3,2 mil mudas. Em toda a cidade, a PBH informa que recebeu 118.690 solicitações de moradores para podar ou suprimir exemplares com algum tipo de problema, entre 2010 e o primeiro semestre de 2014.


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