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Estado de Minas VALE TUDO CONTRA A EPIDEMIA

Dengue leva moradores de BH a apostar em receitas caseiras, inseticidas e repelentes

Já são 5.760 casos confirmados e duas mortes


postado em 29/03/2013 00:12 / atualizado em 29/03/2013 13:00

Diante do avanço tão rápido no número de casos da dengue em Belo Horizonte, moradores têm montado um arsenal em casa para tentar combater o mosquito transmissor da doença. Segundo o último balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, até quarta-feira a cidade já contabilizava duas mortes, 5.760 casos confirmados, além de aguardar resultado de 15.400 exames laboratoriais. Assustadas com a epidemia, as pessoas estão usando, além da água sanitária, recomendada pelo governo do estado como opção de larvicida, receitas caseiras divulgadas na internet, repelentes de todas as formas, inseticidas e citronela. Mas especialistas alertam: é preciso cuidado. Se usados de forma inadequada, alguns produtos podem provocar intoxicação ou mesmo tornar o mosquito resistente.

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Desde que a filha de 18 anos foi diagnosticada com dengue hemorrágica, no início do mês, a empresária Ana Teresa Borges se tornou uma “neurótica assumida”, como ela mesma se define. Moradora do Bairro Sion, na Região Centro-Sul da capital, a mulher diz que entrou em pânico durante o período em que a jovem Luísa Borges ficou doente. “Minha filha teve de ficar internada por quatro dias e ficou muito debilitada por causa dos sintomas.” Depois que Luísa saiu do hospital, a mãe começou a investigar maneiras de impedir que o mosquito entrasse em sua casa. Na sala, um pequeno prato com limão e cravos-da-índia divide espaço com a decoração. “Vi a receita em uma rede social e decidi fazer. Dizem que o cheiro espanta o mosquito da dengue. Nem sei se funciona, mas acho que vale tudo para que ninguém da minha família fique doente de novo”, acredita. Além da receita caseira, Ana Teresa também comprou inseticida em aerosol e repelentes em creme, spray e pastilhas. “Fico correndo atrás da minha filha para passar repelente, mas ela se irrita comigo. Fiquei paranoica.”

Cardíaca e diabética, a aposentada Gessy Ayrola Soares, de 71, também tem medo de voltar a ser vítima do Aedes aegypti. Sem saber se realmente funciona, colocou alguns cravos-da-índia em um vidro de álcool e passa a mistura na pele. Elatambém usa uma raquete elétrica para matar o inseto transmissor. “À tarde, passo a raquete perto da janela e caem vários mosquitos.”

Prevenção

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e especialista em entomologia Ricardo Lourenço, esclarece que esse tipo de medida é válida como prevenção, mas não tem a capacidade de controlar uma epidemia. “São ações paliativas, que, em alguns casos, podem diminuir por instantes a chance de um indivíduo ou um grupo de pessoas ser picado. Mas o uso de receitas caseiras ou repelentes não é capaz de eliminar o mosquito”, explica. Ele alerta ainda que o uso exagerado de repelente pode causar alergias ou intoxicação e que a utilização de inseticida não é recomendada, já que pode tornar o mosquito resistente ao produto.

Para o infectologista da Faculdade de Medicina da UFMG José Carlos Serufo, a prevenção contra a picada do mosquito é importante, mas a população deve dar mais atenção à eliminação dos focos de proliferação do transmissor. “A gente só tem pensado em combater o mosquito que já está voando, mas é preciso atuar na eliminação dos criadouros para que o Aedes aegypti não se reproduza”, ressalta.

O que usar?

Especialista da Fiocruz Ricardo Lourenço explica o que vale e o
que é mito para evitar a doença

Funciona:
>> Repelente
- eficaz para evitar, temporariamente, a picada do mosquito. Indicado para pessoas que vão viajar para locais com alta incidência do transmissor. Deve ser usado com moderação
e pode causar alergia.

>> Citronela - Planta que é usada em sua forma natural ou em óleos, cremes e velas e tem função repelente. Pode diminuir, por alguns instantes, as chances de picada em ambientes onde esteja sendo usado.

Não funciona:
>> Misturas com cravo-da-índia
- Não há comprovação de que o aroma da especiaria espante o mosquito.

>> Raquete elétrica - Não reduz o risco de contaminação pelo vírus. O equipamento é capaz de matar o mosquito, mas atinge um número muito pequeno de transmissores.

Evite:
>> Inseticida aerosol: Não é aconselhável. Pode tornar o mosquito resistente à substância e em excesso pode provocar intoxicação.

Secretaria descarta morte

A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte descartou ontem a possibilidade de que a paciente L.M.B., de 26 anos, que estava grávida, tenha morrido em decorrência da dengue. Segundo o órgão, depois de realizados exames laboratoriais, a causa do óbito foi apontada como choque séptico devido a infecção bacteriana uterina. No entanto, a assessoria de comunicação da Santa Casa informou que ainda não é possível definir qual doença causou a morte de L. “A paciente apresentou quadro pré-existente de infecção uterina aliado ao diagnóstico de dengue, ambos confirmados por exames feitos no hospital. Não é possível afirmar que o óbito foi causado apenas por um desses fatores”, informou o hospital.


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