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Estado de Minas

Veja a trajetória de dedicação ao Brasil do ex-vice-presidente José Alencar


postado em 30/03/2011 07:18 / atualizado em 06/09/2012 17:08

1931
Nasce o 11º filho de dolores

17 de outubro, nasce José Alencar, num povoado encravado na Zona da Mata mineira. Trata-se de Itamuri, no município de Muriaé. É o 11º dos 15 filhos de Dolores Peres Gomes da Silva, assistida por uma parteira leiga, com Antônio Gomes da Silva. Na pequena casa em que vive a família, não há água encanada nem esgotamento sanitário. Mas a comida é farta. Sobre a mesa, sempre a boa carne de sol. Esse será um dos gostos que José Alencar carregará pela vida.

1938
Trabalho começa cedo

Aos 7 anos começa a trabalhar na lojinha do pai. Pelos sete anos seguintes ajuda em todo tipo de serviço, mas, sobretudo, no atendimento aos clientes, como balconista. Estuda até a 5ª série.

1946
O primeiro voo rumo ao sucesso

Antes de completar 15 anos, deixa o lugarejo e se muda para a sede municipal. Em Muriaé, emprega-se como balconista na loja de tecidos A Sedutora. Alimenta um sonho: construir um “capitalzinho”, estudar e se mudar para o Rio de Janeiro. Ganha muito pouco. Não consegue pagar o quarto do hotel. Por dois anos dorme em um catre, no corredor.

1948
Melhor vendedor da casa Bonfim

Muda-se para Caratinga. No bolso, dois cruzeiros e 30 centavos. Na mão, a mesma malinha de madeira com a qual saiu de casa. Com a experiência em vendas adquirida, emprega-se na Casa Bonfim. É comissionado e segue os ensinamentos do pai: “Tinha que vender muito para ganhar muito. E, como não sabia o que iria vender, fazia economia”. Logo é escolhido o melhor vendedor.

1950
De empregado a patrão

O irmão mais velho, Geraldo Gomes da Silva, empresta-lhe 15 mil cruzeiros. Abre a sua primeira loja: A Queimadeira. Comercializava diversos artigos: chapéus, calçados, tecidos, guarda-chuvas, sombrinhas.

1957
O casamento com mariza

Os negócios em Caratinga se expandem: funda um atacado de cereais e indústria de massas alimentícias. Casa-se com Mariza Campos, natural de Caratinga.

1960
De caratinga para ubá

Transfere-se para Ubá com a família. Funda a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que mais tarde se chamaria Wembley Roupas S.A.

1967
Fundação da coteminas

Em sociedade com o deputado federal Luiz de Paula Ferreira, funda a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas). Alencar é apresentado ao governador Israel Pinheiro, para quem discursa expondo as metas do empreendimento com os incentivos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Também em sociedade com Luiz de Paula, adquire no município de Pedras de Maria da Cruz, à margem do Rio São Francisco, a Fazenda Cantagalo. Além do gado de corte, na fazenda é produzida a cachaça Maria da Cruz. Em 1968, muda-se para Belo Horizonte com a família.

1989
No comando da Fiemg

Assume a Presidência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para mandato de três anos. É reeleito. Entre 1989 e 1995 impõe gestão que enfatiza o atendimento social e a interiorização do desenvolvimento no estado. É responsável pela construção do complexo de obras do Serviço Social da Indústria (Sesi) em mais de 100 municípios mineiros. A rede de unidades é ampliada em 28 novos centros de atividades com implantação de conjuntos assistenciais e parques aquáticos, além dos programas de ação global e comunitária, que disponibilizam serviços de saúde, lazer e cidadania para comunidades carentes. Sob seu comando, a Fiemg mobiliza empresários, lideranças comunitárias e autoridades em campanhas pelo Imposto Único, pela duplicação das rodovias Fernão Dias e Rio-Bahia, por melhoramentos na malha viária do Triângulo e pela ampliação do aeroporto de Juiz de Fora.

1994
Começo da carreira política

Disputa o primeiro cargo eletivo: o governo de Minas, pelo PMDB. Obtém 641.887 votos, 10,71% dos válidos no primeiro turno, concorrendo contra Hélio Costa, então no PP, Eduardo Azeredo, do PSDB, Carlão (PT) e outros quatro candidatos de pequenas legendas.

1997
O início da luta contra o câncer

Internado por causa de um tumor no rim direito, José Alencar surpreende a equipe médica ao sugerir a realização de uma endoscopia, em que foi detectado outro tumor no estômago. Além do rim, dois terços do estômago são retirados.

1998
É eleito senador da república

Concorre ao Senado Federal pelo PMDB e participa ativamente da campanha de Itamar Franco ao governo de Minas. Elege-se com 2.902.158 votos, 48,19% dos válidos, derrotando a favorita Júnia Marise (PDT). A princípio candidato, o ex-governador Hélio Garcia (PTB) desiste da candidatura em setembro, quando ainda liderava as pesquisas de intenção de voto. Em 2000, retira um tumor
da próstata.

2001
Começa o namoro com o PT

Deixa o PMDB, insatisfeito com a postura do partido, que não respalda sua candidatura à Presidência do Senado. Filia-se ao PL. Inicia-se a aproximação com setores do PT. O empresário mineiro é percebido como o vice que, além de agregar à chapa presidencial de Lula o segundo maior colégio eleitoral do país, é capaz de vencer as resistências do setor industrial brasileiro em relação ao candidato petista. José Alencar é assediado para compor a chapa dos candidatos à sucessão presidencial Anthony Garotinho, Ciro Gomes e José Serra.

2002
Ao lado de Lula na presidência

A chapa trabalho-capital é homologada nas convenções do PL e do PT. Lula e o seu vice se elegem para o primeiro mandato de quatro anos. José Alencar firma-se como um vice discreto e leal, que não faz ingerências no governo. Sempre que pode, reitera : “Vice não manda. Pede com empenho”. Ao mesmo tempo, José Alencar não abre mão de seus valores e ideias de crescimento econômico, com ênfase na produção industrial e no mercado interno. Discorda abertamente da política econômica praticada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Torna-se crítico contumaz dos altos juros praticados no país como forma de conter a inflação.

2004
Voz forte no meio militar

Assume o Ministério da Defesa em 8 de novembro, em meio a uma crise institucional entre as Forças Armadas e o ministro José Viegas. A divulgação pelo Exército de uma nota à imprensa em que justifica mortes ocorridas nos porões da ditadura, sem conhecimento de Viegas, leva-o a redigir a sua carta de demissão a Lula, depois de ter tentado, sem sucesso, demitir o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque. O máximo que Viegas consegue é uma retratação pública. Ao nomear José Alencar para o cargo, Lula mostra aos militares que o seu vice não é demissível do governo, o que não possibilita que a sua autoridade seja contestada. Nesse ano é internado e extrai a vesícula.

2005
Mudança de partido

As denúncias de envolvimento do PL no escândalo do mensalão, particularmente do presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, levam Alencar a deixar a legenda. Ele ajuda a fundar o PRB. José Alencar implanta um stent cardíaco – válvula metálica usada para manter aberta uma artéria desentupida por meio de angioplastia.

2006
Entre eleição e cirurgias

Depois de um ano e meio à frente do Ministério da Defesa, José Alencar deixa o cargo para concorrer às eleições presidenciais de outubro. Ele recebe o convite de Lula para repetir a chapa vitoriosa em 2002. Durante a campanha, em julho, José Alencar é operado no Hospital Sírio-Libanês para extrair um tumor retroperitonial maligno, de 4 centímetros de diâmetro. Quatro dias depois da cirurgia, ainda com os pontos, participa ao lado de Marta Suplicy (PT) da inauguração do comitê de campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), derrotado por José Serra (PSDB) na disputa ao governo de São Paulo. Alencar puxa carreatas em mais de 40 cidades mineiras no segundo turno das eleições presidenciais e adia a realização dos exames de controle do pós-operatório. Um dia depois de reeleito, José Alencar recebe a notícia da recidiva. Em novembro ele é operado em Nova York pelo médico Murray F. Brennan, num dos maiores centros oncológicos do mundo.



2008
Sem perder a esperança

José Alencar inicia tratamento no começo de agosto com um novo medicamento, a Trabectedina, para combater as recidivas do tumor. Ele volta ao Hospital Sírio-Libanês a cada três semanas. Em setembro, é submetido à quarta cirurgia na mesma região, que dura seis horas, como parte do tratamento contra as recidivas do sarcoma. Em 2007, José Alencar já havia sido submetido a cirurgia pelo mesmo motivo.

2009
A doença não dá trégua

Em 25 de janeiro, José Alencar é conduzido ao centro cirúrgico do Hospital Sírio-Libanês para uma das mais longas e complexas cirurgias da medicina. A equipe médica é formada por quase 15 profissionais, entre oncologistas, cardiologistas, nefrologistas e anestesistas. A operação dura 17 horas. Durante a cirurgia, que alia o tratamento quimioterápico, é retirada uma porção do intestino delgado, uma parte do intestino grosso e dois terços do ureter. O ureter é substituído por uma parte do intestino delgado, com a mesma função de ligar o rim à bexiga. Em abril, são constatados novos focos de sarcoma na cavidade abdominal. A equipe médica considera não haver possibilidade de nova cirurgia, quatro meses depois da intervenção de janeiro. Em maio, Alencar viaja para tratamento nos EUA e passa a tomar, via oral, medicamento experimental. Em 8 de julho, ele é novamente hospitalizado no Sírio-Libanês.

2010
fora da disputa eleitoral

Em julho, Alencar tem crise de hipertensão que o deixou hospitalizado e o levou a outro cateterismo. Em setembro, nova internação para tratar de edema agudo de pulmão. Um mês depois, ao tratar de obstrução intestinal decorrente do crescimento do sarcoma, sofreu infarto agudo do miocárdio. Por conta da doença, o vice-presidente decide não disputar nenhuma cargo político em outubro por considerar uma injustiça com os eleitores. Mesmo debilitado, assumiu, em Minas, a coordenação da campanha de Dilma para a Presidência no segundo turno. Em 20 de novembro, passou por transfusão de sangue e recebeu a visita da presidente eleita. Dia 27, em cirurgia que durou cinco horas, foram extraídos dois nódulos e 20cm do intestino delgado. Em 22 de dezembro volta a ser internado por causa de sangramento intestinal, que interrompeu o tratamento.

2011
Últimos capítulos da luta

Proibido pelos médicos de ir à posse da presidente Dilma Rousseff, Alencar, já no quarto, veste terno para acompanhar a cerimônia pela TV. Em entrevista coletiva, o ex-vice-presidente afirmou: “Só não fui porque não me deixaram ir”. Em 4 de janeiro, tem nova hemorragia e volta para a UTI. Alencar melhora e se dá alta médica em 26 de janeiro depois de ser homenageado pela Prefeitura de São Paulo, no aniversário de 457 anos da capital paulista. Sente dores abdominais e volta a ser internado em 9 de fevereiro com nova perfuração intestinal. Em 15 de março tem alta depois de ficar internado desde de 9 de fevereiro devido a uma inflamação na região intestinal. Em 29 de março os médicos informam a morte do ex-vice-presidente José Alencar.

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